Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Crise dos dossiês
derruba assessor de Lula


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 19 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Tânia Monteiro, Bruno Winckler, Paulo Baraldi


Envolvimento com dossiê Vedoin derruba assessor especial de Lula


‘O assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República Freud Godoy, apontado como o petista que contratou os intermediários do dossiê Vedoin, caiu ontem. Freud acertou sua saída com o Planalto depois de conversar de manhã ao telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Oficialmente Freud deixa o governo por vontade própria.


Como informou o Estado ontem, o assessor da Presidência foi envolvido a partir de depoimento dado à PF por um dos presos no caso. Na sexta-feira, a PF deteve Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,75 milhão em um hotel de São Paulo. O dinheiro seria entregue a Luiz Antônio Vedoin, dono da empresa que atuava como pivô da máfia dos sanguessugas. Gedimar disse ao depor que a operação foi acertada com alguém chamado Froude ou Freud.


A PF suspeita que o dinheiro serviria para pagar Vedoin por dossiê destinado a ligar candidatos tucanos ao esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Outra possibilidade é que a quantia servisse para remunerar entrevista concedida por Vedoin à revista IstoÉ, na qual ele faz acusações contra José Serra, ex-ministro da Saúde, e seu sucessor, Barjas Negri.


Freud é muito próximo do presidente Lula, com quem trabalhou desde os anos 80. Ontem, foi Lula quem ligou para ele. O presidente tinha pressa em resolver o futuro do auxiliar porque, no fim da manhã, deveria embarcar para Nova York. Lula teria ficado irritado com o envolvimento no caso de alguém tão próximo dele.


‘Pode dormir tranqüilo que tenho como provar que não tenho nada com isso’, teria dito Freud ao presidente, segundo relatou mais tarde. No Planalto, colaboradores divulgaram a versão de que o presidente acreditou nele. Mesmo assim, disseram, Lula decidiu afastá-lo.


Decidido o desenlace, foi montada operação para concretizá-lo. Freud fez um pedido de demissão, encaminhado via e-mail para o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, a quem ele está subordinado. A saída de Freud também passou pela ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Com os procedimentos, o presidente Lula acabou embarcando para os EUA com mais de uma hora de atraso. No Diário Oficial da União de hoje, a saída deve aparecer como ‘a pedido’.


No início da tarde, Freud se apresentou à PF em São Paulo. Segundo seu advogado, Augusto Botelho, houve acareação com Gedimar, que preferiu se manter em silêncio. Botelho considerou a acusação contra Freud ‘inverídica, absurda e fantasiosa’. O advogado disse acreditar que Freud foi apontado como contratante por ter nome ‘quase cinematográfico’ e ‘muito fácil de falar’.


O procurador da República Mário Lúcio Avelar cogitava ontem pedir a prisão preventiva de Freud.’


Lisandra Paraguassú, Expedito Filho


Suspeitos de comprar dossiê atuam no comitê de Lula


‘As investigações iniciais da Polícia Federal e do Ministério Público sobre o dossiê Vedoin envolvem diretamente um grupo de dirigentes do comitê da campanha à reeleição do presidente Lula. Além das suspeitas sobre o comitê, a queda do assessor presidencial Freud Godoy revelou uma ponte entre o Planalto e os operadores da campanha.


Gedimar Passos é o personagem central da ligação do comitê de campanha com o escândalo do dossiê Vedoin. Tanto Freud como o presidente do PT, Ricardo Berzoini, confirmaram ontem que Gedimar, advogado e ex-agente da PF lotado no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), é funcionário do Diretório Nacional do PT, trabalhava na campanha de reeleição de Lula e integrava um núcleo conhecido como ‘dispositivo de tratamento de informações’, que vem a ser a área de inteligência do comitê.


Gedimar foi preso em flagrante, em um hotel de São Paulo, ao lado de Valdebran Padilha, petista, ex-tesoureiro da campanha municipal de Alexandre César (PT) à prefeitura de Cuiabá, em 2004.


Os dois estavam com R$ 1,75 milhão no quarto do hotel, mas não souberam justificar a origem do dinheiro que, segundo a PF, serviria para comprar um dossiê encomendado ao empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam e chefe da máfia dos sanguessugas, desbaratada em operação policial.


O dossiê seria usado para tentar relacionar candidatos tucanos ao esquema de venda de ambulâncias superfaturadas.


No depoimento à Polícia Federal, Gedimar disse que foi ele quem recebeu R$ 1 milhão, do R$ 1,75 milhão apreendido, das mãos de um homem chamado ‘André’, que chegou num táxi, na manhã de quinta-feira passada, ao estacionamento do Hotel Íbis, em frente ao aeroporto de Congonhas.


NEGATIVA


Nas entrevistas concedidas ontem, Berzoini e Freud revelaram outro elo da campanha com o escândalo do dossiê. O presidente do PT confirmou que Gedimar era subordinado ao petista Jorge Lorenzetti (leia reportagem abaixo) no comitê eleitoral.


Freud disse que foi apresentado por Lorezentti a Gedimar e que os dois se encontraram quatro vezes, mas negou qualquer envolvimento com a compra do dossiê.


Por conta do envolvimento direto desses personagens, o Ministério Público e a PF estão direcionando as investigações para a suspeita de que houve uma operação envolvendo representantes do PT, do governo e do comitê de reeleição na compra das informações do chefe da máfia dos sanguessugas.


Além de Freud, Gedimar e Lorenzetti, a PF também investiga o ex-subsecretário da Casa Civil Marcelo Barbieri. Segundo revelou o dono da Planam, ele teria sido um do elos entre PT e Vedoin. Barbieri é coordenador da campanha de Orestes Quércia (PMDB) ao governo.’


Fatima Pacheco Jordão


Segundo turno, tão longe e tão perto


‘As chances de ocorrer um segundo turno ainda estão em perspectiva, mas são menores hoje do que há quatro semanas atrás, no início da propaganda de rádio e TV. Não porque os números, neste período, tenham melhorado para Lula, ou piorado para Alckmin. Ao contrário, houve até pequenos deslocamentos, que mostram o fôlego do candidato tucano, que passou de 26% dos votos válidos, no início de agosto, para 32%, enquanto Lula oscilou de 57% para 55% . Até a propaganda tucana foi percebida pelos eleitores como a melhor, como mostrou a pesquisa CNI-Ibope, publicada na última sexta-feira.


No entanto, as mudanças favoráveis ao tucano foram mais lentas do que o processo de consolidação de Lula, que está com 60% dos votos válidos, entre eleitores que declaram voto sem ajuda de lista de candidatos. Além do mais, cresceu onde parecia impossível, no Nordeste. Segundo o Ibope, em agosto Lula tinha 75% dos votos válidos na sua região de origem, em setembro chega a 78% (voto estimulado).


Um fator importante nessa arquitetura de Lula foi a construção de uma percepção positiva do seu desempenho de governo junto ao eleitorado. Hoje as pesquisas mostram como foi eficaz a estratégia do candidato de não se desvincular do governo. A superposição de papéis propiciou a formatação da agenda de presidente em moldes de campanha de um candidato. Nem a legislação, nem a vigilância da mídia conseguiram contrapor a astúcia dessa estratégia. Em junho os indicadores de avaliação positiva de governo superaram o patamar de 40%. Na propaganda de TV, a partir de 15 de agosto, o discurso de Lula foi o de enfatizar, para o eleitorado, feitos de seu governo e que estes estavam em sintonia com as demandas, sobretudo as dos mais pobres.


Os números da pesquisa CNI-Ibope são claros e contundentes. Entre junho e setembro, cresce de 34% para 49% a percepção de que o governo Lula vem obtendo melhores resultados no combate à fome e à pobreza. Da mesma maneira cai de 41% para 21% a crítica sobre ações governamentais para reduzir o desemprego. Os alvos foram acertados com precisão e sintonia fina.


As condições de qualidade de vida dos mais pobres certamente não melhoram nessas proporções, como também, as taxas de desemprego. Mudou para melhor, isto sim, acesso a bens de consumo, através de estratégias de crédito e de barateamento de componentes da cesta básica. Não é pouco, sobretudo para os mais pobres. Mas essa melhora não ocorreu nestes poucos meses.


Além do mais, a pesquisa CNI-Ibope aponta que o atributo ‘honestidade’ é ainda o mais demandado (57%) para o próximo presidente. Característica que Lula não tem como incorporar integralmente, a não ser pela a deliberada omissão da campanha tucana ou cálculo de parte do eleitorado, na linha do ‘rouba, mas faz um pouco para os mais pobres’ ou ainda: ‘todos os políticos roubam’.


Essa postura é um dos cabos de sustentação da possível vitória de Lula no primeiro turno. Mas, por incômodo ou por inconsistência (a grande maioria quer um presidente honesto, mais do qualquer outra característica) o cabo pode se tornar apenas um fio de apoio, que esticado, acabe por mexer com as probabilidades das pesquisas publicadas até o momento.


Aliás, a candidatura Lula não está delineada pela divisória entre ricos e pobres de maneira uniforme em todo o Brasil. No Nordeste, lendo-se as pesquisas por Estado (Bahia, Ceará e Pernambuco), 60% a 70% dos eleitores com escolaridade média ou superior votam em Lula, assim como os que têm apenas educação fundamental, mais pobres. Já em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, por exemplo, o eleitorado com ensino básico (e portanto de mais baixa renda) tende a levar a eleição para segundo turno. Há mais complexidade neste final de campanha do que os números e os fatos aparentam.


Em tempo, a pesquisa CNI-Ibope mostra que a definição de segundo turno tem um tamanho. Mantidos 9% de indecisos, votos nulos e em branco, os candidatos de oposição têm de tirar de Lula 5 pontos porcentuais. Lula precisaria recuar de 50% para 45% de intenção de voto estimulado e os candidatos de oposição, que na pesquisa CNI Ibope têm 41%, subiriam para 46%. Parece fácil, mas em duas semanas, não é. Só não é impossível.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Sai um, entra outro


‘A Record vai emendar um reality show em outro. A emissora estréia no dia 28, às 22h30, o Troca de Família, versão nacional do americano Troca de Esposas (Trading Spouses) da Fox. O programa entra no ar no lugar de O Aprendiz 3, que termina no dia 26.


Na atração, duas esposas trocam de casa, marido e filhos e devem se adaptar à rotina de outra família, participando de atividades domésticas, lazer e do dia-a-dia dessa nova trupe.


Depois de uma semana, as mães voltam para a sua família original.


O objetivo do programa é mostrar o que acontece durante a curiosa experiência. Cada troca é exibida em dois episódios, de aproximadamente 45 minutos cada um.


Na primeira temporada do reality show serão 9 trocas divididas em 18 episódios.


A graça do programa é realizar trocas entre famílias totalmente diferentes. As gravações foram realizadas em cidades como São Paulo, Águas de Lindóia, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro.


A única dúvida da Record é quanto aos dias de exibição: domingos e quintas-feiras, ou às terças e quintas.


entre-linhas


O autor Manoel Carlos garantiu que Nanda (Fernanda Vasconcellos) não ficaria perambulando em Páginas da Vida ao estilo Ghost. Mas, após aparecer para o pai (Marcos Caruso), ela dará um susto na mãe-megera (Lília Cabral).


Na quinta-feira, às 23 horas, o Universal Channel exibe o final da segunda temporada da série House. No Brasil, segundo dados do Ibope, House é a série de maior audiência do canal e a segunda mais assistida da TV paga.


Aliás, constata-se que o Universal tomou o lugar do Sony no papel de maior concorrente do Warner, o foco preferencial dos seriemaníacos atualmente.


Lost – Identidade Secreta é o segundo livro de Lost, que chega ao Brasil pela Prestígio Editorial. A autora, Cathy Hapka, é uma das roteiristas da série.


O Animal Planet transmite amanhã, às 21 h, cerimônia em tributo a Steve Irwin, apresentador australiano que morreu enquanto tentava dominar uma arraia.


Paraíso Tropical, sucessora de Páginas da Vida, reuniu ontem, pela primeira vez, seu elenco no Projac, na Globo. Os atores começam na próxima semana os workshops da novela.


Um vídeo ‘caliente’ de Daniella Cicarelli com o namorado na Espanha foi o sucesso do site YouTube ontem, mas por pouco tempo. O próprio site removeu o vídeo – que chegou a mais de 14 mil acessos – no início da tarde, alegando que ele violava suas normas de serviço.


Dormindo Legal


Imitar Silvio Santos, ele não pode mais, mas seus subalternos… No Show do Tom de hoje, na Record, Tom Cavalcante faz uma sátira do Domingo Legal, de Gugu, o Dormindo Legal. A atração recebe convidados que participarão da Banheira do Gluglu.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 19 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Rogério Pagnan, Eduardo Scolese e Pedro Dias Leite


Crise do dossiê derruba assessor especial de Lula


‘A 13 dias das eleições, o suposto envolvimento de Freud Godoy, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na compra do dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin, trouxe a crise para dentro do Palácio do Planalto. Freud teve o nome citado pelo ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, que trabalhava com ‘tratamento de informações’ na campanha de Lula e foi preso na sexta-feira em um hotel em São Paulo com o petista Valdebran Padilha, ambos flagrados com R$ 1,7 milhão para a compra do dossiê que ligava os tucanos à máfia dos sanguessugas. Em depoimento à Polícia Federal ontem, em São Paulo, Freud, que trabalhava com Lula desde sua primeira campanha presidencial, negou ter intermediado a compra de dossiê preparado pela família Vedoin (donos da Planam, principal empresa do esquema). Exonerado do cargo ontem, ele disse que Lula lhe telefonou. Freud disse ter aconselhado o presidente a ‘dormir tranqüilo’. A empresa de segurança do assessor possui vínculos comerciais com o PT. A oposição já comemora o impacto do caso na eleição. Alckmin solicitou ontem que o Tribunal Superior Eleitoral investigue o caso. Em São Paulo, o candidato do PT, Aloizio Mercadante, pediu que o tema fique fora dos palanques.


Acusado de ter negociado um dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, Freud Godoy pediu exoneração ontem do cargo de assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República. A exoneração será publicada no ‘Diário Oficial’ de hoje.


Freud foi citado no depoimento do advogado Gedimar Passos, preso na sexta-feira pela PF num hotel em São Paulo com o petista Valdebran Padilha. Os dois tinham cerca de R$ 1,7 milhão, supostamente destinado à compra do dossiê.


No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Freud ocupava o chamado DAS 5, cargo de confiança cuja escala vai de um a seis. O salário é de R$ 6.300 mais benefícios. Freud ocupava uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, próxima ao gabinete de Lula.


Ontem pela manhã, Freud recebeu um telefonema de Lula, no qual foi negociada sua exoneração do cargo. A seguir, enviou sua carta de demissão ao chefe-de-gabinete do presidente, Gilberto Carvalho. O pedido foi aceito. Carvalho não comentou o caso.


Freud se apresentou espontaneamente ontem à Polícia Federal de São Paulo para negar seu envolvimento na compra do dossiê.


De acordo com o seu advogado, Augusto Arruda Botelho, Freud negou qualquer envolvimento no episódio, mas admitiu conhecer Gedimar por conta da contratação da empresa de segurança da sua mulher pelo comitê do PT em Brasília.


‘As acusações feitas pelo senhor Gedimar são absolutamente inverídicas, absurdas e inverossímeis. Muito mais se assemelham a declarações de uma pessoa desesperada, que está presa, numa situação difícil’, disse Botelho.


O advogado não soube informar se o contrato intermediado por Gedimar chegou a ser assinado. Disse que Freud e o acusador se encontraram duas ou três vezes. ‘O último encontro do sr. Freud com o sr. Gedimar foi casual, de os dois se cumprimentarem na sede do partido, há cerca de 30 dias.’


Ele não soube informar também que papel o advogado desempenhava no PT de Brasília.


‘Pela informação que a gente tem, ele trabalhava no comitê. [O contato dele com Freud] foi absolutamente pontual, para tratar desses assuntos [contratação da segurança].’


Botelho disse ainda que o seu cliente e Gedimar chegaram a ser submetidos a uma acareação, mas Gedimar ficou em silêncio, sob o argumento de que seus advogados não tiveram acesso à investigação da PF.


Alencar


O presidente da República interino, José Alencar, afirmou ontem em Brasília ter ‘absoluta segurança’ de que o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy, acusado de envolvimento no dossiê contra candidatas tucanos, ‘é uma pessoa correta’.


Alencar disse considerar ‘gravíssima’ a acusação de uma pessoa tão próxima a Lula, mas não acredita na participação de Freud. ‘Considero gravíssimo [o caso], só que isso não significa que seja um fato. Significa que é uma informação, por isso temos de examinar. Eu conheço o rapaz, tenho absoluta segurança de que ele é uma pessoa correta, eu não acredito que ele tenha perfil para fazer uma coisa dessas, sinceramente’, disse o vice-presidente, que ocupa o cargo de presidente porque Lula está em Nova York, para uma conferência da ONU.


Na chegada aos Estados Unidos, Lula não quis comentar as suspeitas sobre seu assessor.’


Janio de Freitas


Investigações normais


‘NEM INTERVALO há mais entre um escândalo e o seguinte. Vão se sobrepondo e sufocando uns aos outros, na impaciência de revelar suas peculiaridades. Vampiros, suborno de Severino Cavalcanti, Correios, mensalão, caixa dois, absolvição de mensaleiros e congêneres, turma do chefe Palocci, violação de sigilo bancário, sanguessugas, e agora chega-se a dois de uma vez só: grampos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral e o pacote negociado entre os Vedoin, que se mostram em novas habilidades, petistas e outros.


Contínuos, os escândalos deixam de ser escandalosos e se tornam a normalidade. Dizer o quê, sobre um ou dois que surjam na fieira de fatos normais de dias normais? Mas é da obrigação. Então, vamos lá.


Não pode ser dispensado, nas investigações, o envolvimento de gente graúda do PT e do governo na transação com os Vedoin, para montagem e venda de material a ser dado como incriminatório de Serra e Alckmin. Integrante subalterno do dispositivo da Presidência da República não se meteria em jogo tão alto senão por ordem ou autorização superior. O citado até agora na trama, Freud Godoy, é um dos agentes de segurança de Lula. Em tal condição, seus reconhecidos encontros com o implicado Gedimar Passos, advogado de interesses do PT e de petistas graduados, evidencia um desencontro de representatividades funcionais que não se explica com a facilidade pretendida por Godoy.


Os valores financeiros em que se desenvolveu a negociação são próprios dos que podem manipular somas elevadas. Note-se que a negociação continuou apesar do pedido inicial dos Vedoin, de R$ 20 milhões. A propósito, pode-se deduzir, considerada a insatisfação referida por Gedimar Passos com o material apresentado, que os Vedoin reduziram não só o preço pedido, para R$ 2 milhões, mas também o pacote que se dispunham a vender. Já está comprovada, aliás, a veracidade da frase publicada aqui há quase um mês: ‘Há indícios, não aproveitados pelas investigações, de que [Luiz Antônio Vedoin] tem, escondidos, mais documentos da corrupção do que entregou aos inquéritos’ (em ‘Provas ambulantes’, de 29 de agosto).


‘Uma revista’ completou o pagamento afinal acertado com os Vedoin, mas, seja qual for o total restante, o primeiro suspeito de proporcioná-la é algum cofre de arrecadações controlado por petistas. Petistas de escalão partidário proporcional ao montante negociado. A velha regra de ‘quem é o maior interessado’ continua atual.


Em sua ação preliminar, a Polícia Federal deixou uma decisão incomum e inexplicada. É própria das ações policiais a busca do flagrante, mas, desta vez, a PF preferiu evitá-lo, fazendo as prisões antes do ato de entrega e pagamento do material, que sabia onde, quando e com quem ocorreria. Decisão incompreensível. Compreensível é que examine, como informa, as liberações de verbas do Ministério da Saúde por ex-ministros citados pelos Vedoin. Mas tudo indica que investigações prioritárias têm que ser levadas à alta hierarquia do PT e entrar nos gabinetes da Presidência da República.’


Matheus Pichonelli


‘Vamos tirar esse dossiê do palanque’, pede Mercadante


‘Em meio à acusação de que um assessor especial da Presidência da República tentou comprar um dossiê ‘anti-Serra’, o candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Aloizio Mercadante, pediu ontem que o assunto seja retirado do palanque para não prejudicar as eleições.


Dizendo-se enojado com a possível compra de material contra rivais tucanos, o senador afirmou que, ‘em política, os fins não justificam os meios, nunca’. ‘Temos que tirar isso do palanque. Vamos fazer campanha como estávamos fazendo, discutindo propostas.’


Ontem, o assessor especial da Presidência Freud Godoy pediu demissão após ser apontado por Gedimar Pereira Passos -preso na última sexta-feira com R$ 1,7 milhão que seriam dados para obter o dossiê- como negociador da compra dos documentos que mostrariam envolvimento de José Serra com a máfia dos sanguessugas.


Durante visita à zona leste de São Paulo, o candidato petista tentou isentar o presidente Lula de participação no episódio, dizendo que ele ‘estava com a eleição ganha’. Depois, corrigiu: ‘Está com a eleição ganha. Como é que ele ia permitir uma atitude que ele nunca fez nem quando perdia eleições?’.


Na tentativa de despistar a desconfiança que pesa sobre ele -de que seria beneficiado com a divulgação desse dossiê-, Mercadante admitiu, pela primeira vez desde o início da campanha, que pode ocupar um ministério em um eventual segundo governo Lula, caso seja derrotado em São Paulo. ‘Participaria disso a troco de quê? Sou senador, posso ser ministro, tenho uma vida pública pela frente.’


‘Se tiver alguém do PT no episódio, participando de uma coisa tão irresponsável, que tenha pelo menos a coragem de vir a público e assumir o que fez’, cobrou o senador, que evitou, entretanto, desclassificar as acusações contidas nos documentos apreendidos. ‘Há cheques que foram depositados, número de conta, vídeo, indícios. Agora, eu não faço pré-julgamento. Isso é muito sério e não vou levar ao palanque. A honra das pessoas está acima de uma disputa política. Popularidade você perde ou ganha, mas credibilidade só tem uma. Vou preservar a minha.’


Mercadante disse que torce para que a Polícia Federal apure o caso antes das eleições.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘JN’ ronda o palácio


‘O dia foi de expectativa, na rede, com o que faria o ‘Jornal Nacional’. O amontoado de manchetes, em vaivém com Fátima Bernardes e William Bonner:


– Escândalo dos dossiês ronda Palácio do Planalto. Um assessor da secretaria particular do presidente Lula é o principal suspeito de ter encomendado a compra. O nome dele surgiu no depoimento de um homem preso que iria pagar a encomenda com R$ 1,8 milhão. E que agora o PT admite: é contratado pelo comitê eleitoral de Lula. A coligação PSDB-PFL quer que a Justiça Eleitoral assuma a investigação. Veja também os grampos no TSE e a classificação do Brasil para as quartas-de-final do Mundial de basquete.


Começa o primeiro bloco e ‘um assessor especial do presidente e um homem contratado pelo PT para a campanha estão no centro do escândalo dos dossiês’.


O CHURRASQUEIRO


Até o ‘JN’, foram outras Globos que concentraram a atenção. O assessor de Lula Freud Godoy deu entrevista ao G1, site global que estreou ontem, e ao jornal ‘Hoje’.


A análise das entrevistas ocupou a blogosfera -com Fernando Rodrigues, por exemplo, sublinhando que Freud foi levado ao vendedor do dossiê pelo ‘churrasqueiro de Lula’, Jorge Lorenzetti. Aqui e ali citavam Zé Dirceu, noutros sites, não no próprio.


NOME NORMAL


Na piada da manchete do ‘SBT Brasil’, de Ana Paula Padrão, ‘Freud não explica: assessor de Lula acusado de comprar dossiê contra José Serra é afastado do cargo’.


Na piada de Tutty Vasques no Nomínimo, ‘Valdebran, Gedimar: francamente, Freud é o único nome normal neste escândalo político da vez’. Em outras partes, lembravam que um outro segurança de Lula em campanhas passadas levava o nome de Spinoza.


‘CENAS QUENTES’


Ao longo do dia, não foram Freud e dossiê que atraíram os internautas brasileiros. Nos ‘+ lidos’ da Folha Online e na home dos portais, ‘Vídeo com ‘cenas quentes’ cai na web’. Com pouco mais de quatro minutos, surgiu antes no You Tube, foi retirado e voltou em outros sites. Até o blog Kibe Loco cuidou de falar em ‘supostas imagens de Daniela Cicarelli’ e linkar sites como El Semanal Digital, com a informação de que o paparazzo que gravou as cenas foi Miguel Temprano, que as vendeu à TV espanhola.


Fim do dia e vieram as avaliações de ‘especialistas em imagem’, de que as cenas poderiam ‘arruinar a carreira’. O que não ocorreu, pelo contrário, em casos parecidos nos EUA, como vêm noticiando ‘New York Times’ e outros.


BRUNA, THE SURFER GIRL


Em pleno ‘The Observer’, entre os jornais de mais prestígio na Europa, em meio a reportagens sérias sobre o PCC e o etanol, uma entrevista com Bruna Surfistinha, personagem nascida na blogosfera, que virou livro -e que é agora lançada com estardalhaço no Reino Unido. É ‘Bruna, the Surfer Girl’, na tradução do vetusto jornalão.


EM SÃO BERNARDO


Antes de o petista Aloizio Mercadante dizer que Lula ‘estava’ eleito até estourar a nova crise, ontem no ‘JN’, o correspondente do ‘Financial Times’ baixou ontem em São Bernardo do Campo, ‘cidade natal de Lula’ ou, ainda, onde ‘ele reside há muito tempo’.


Lá, sua recepção é ‘morna’, afirma o correspondente -acrescentando porém que ‘é um reflexo da campanha sem brilho de Alckmin que tão poucos expressem apoio’.


EM MANARI


Da mesma forma, no final de semana o correspondente da também britânica BBC, Steve Kingstone, foi parar em ‘Manari, no Nordeste, cidade natal do presidente Lula’.


Lá, porém, retratou outra situação, de que ‘pobres do Brasil sentem os benefícios das políticas de Lula’. Ouviu, de uma mãe, que ‘Lula está fazendo mais por nós do que outros presidentes’. De outra, que ‘Lula é tudo para mim, é como um anjo da guarda’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Novo’ ‘Lost’ estréia no Brasil em janeiro


‘Uma das mais aguardadas séries que estão estreando nos EUA, ‘Heroes’ começa a ser exibida no Brasil, pelo Universal Channel, em janeiro. ‘Heroes’ está sendo considerado o ‘novo’ ‘Lost’, por conter teorias apocalípticas, um certo grau de suspense e por um de seus produtores ser egresso da série sobre a ilha misteriosa. Outro ‘charme’ de ‘Heroes’ é a linguagem de história em quadrinhos.


Os personagens de ‘Heroes’ são pessoas comuns que descobrem que têm superpoderes e que podem salvar a humanidade, como um escriturário japonês que se teletransporta, um artista drogado de Nova York que pinta o futuro, ou um policial de Los Angeles que ouve os pensamentos dos outros.


‘Heroes’, segundo especialistas, deve chamar a atenção para um ‘boom’ de seriados sobre a paranormalidade _no Brasil, a Globo desenvolve um projeto, ‘Dom’, que será testado no final do ano, em que um rapaz, provavelmente a ser interpretado por Bruno Gagliasso, tem essa habilidade.


Produção da Universal Studios, ‘Heroes’ estréia nos EUA na próxima segunda-feira, no horário mais nobre da rede NBC. Já é o programa mais procurado na internet antes de sua estréia. Em agosto, era responsável por 26% das buscas sobre produtos televisivos dos EUA. No Brasil, a série já conta com um blog desde junho, quando foi anunciada nos EUA.


ASPIRADOR GERAL 1 Próxima minissérie da Globo, ‘Amazônia’ está sendo chamada na emissora de ‘Anaconda’. A exótica produção _que mistura história com lendas e dramalhão_ terá cerca de 200 atores (ou metade da Globo).


ASPIRADOR GERAL 2 ‘Amazônia’ virou ‘Anaconda’ porque engole todo ator que passa perto. Isso está dificultando a escalação de outros programas. A próxima novela das sete, ‘Pé na Jaca’, que estréia em novembro, ainda não tem dois dos seis protagonistas.


ÚLTIMA CHANCE Fernanda Lima está fora definitivamente do próximo ‘Dança no Gelo’. Mas ainda não está confirmada em ‘Pé na Jaca’, que lhe reserva o papel de uma modelo mimada, algo que, acredita-se, ela faria bem.


URSINHO BLAUBLAU O SBT está dando tratamento de novela a ‘Supernanny’, cuja segunda temporada estréia dia 8. A atração terá direito a uma festa de lançamento, em um bufê infantil em São Paulo. Os filhos de Gugu Liberato, que adora o programa, são aguardados no evento.


FRASE DO DIA De Carlos Lombardi, craque em novelas das sete cômicas, sobre as trapalhadas dos personagens envolvidos com o dossiê que comprometeria o tucano José Serra com a máfia dos sanguessugas: ‘Acho isso ruim para o meu negócio. A concorrência estatal está desumana, ficou difícil fazer comédia. Nunca vi vilões tão desastrados’.


TURNÊ A segunda edição de ‘Ídolos’ (SBT) estréia após o Carnaval.’


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