‘Judith Miller, a repórter do ‘New York Times’ presa no dia 6 de julho por recusar-se a testemunhar num caso de espionagem de vazamento de informações da CIA, foi libertada ontem de uma prisão na Virgínia depois que seus advogados chegaram a um acordo com a promotoria para que ela testemunhe diante de um grande júri que investiga o assunto.
Miller foi libertada após 12 semanas na prisão. Sua decisão de testemunhar só ocorreu após o que descreveu como uma liberação — ‘obtida de forma voluntária e pessoal’ — por parte de sua fonte de qualquer promessa de confidencialidade feita a ele. Segundo ela, sua fonte — o chefe de Gabinete do vice-presidente Dick Cheney, I. Lewis Libby, segundo pessoas oficialmente informadas do caso — lhe disse que genuinamente desejava seu depoimento. Miller encontrou-se com Libby em 8 de julho de 2003, e conversou com ele por telefone um pouco depois.
O dono do ‘New York Times’, Arthur Sulzberger Jr., disse que o jornal apoiava a decisão de Miller de testemunhar. A jornalista deveria ser libertada somente em 28 de outubro.
Ela foi implicada numa investigação sobre se o governo Bush tinha ilegalmente revelado à imprensa a identidade de uma agente da Agência Central de Inteligência (CIA), Valerie Wilson, cujo nome foi publicado pela primeira vez em julho de 2003 numa coluna de Robert Novak. O marido de Valerie, Joseph Wilson, criticara o presidente George W. Bush em julho de 2003. Ele viajara ao Níger por conta da CIA para investigar a acusação do governo de que o Iraque tentara obter urânio naquele país africano. Quando ele desmentiu isso, as autoridades tentaram desacreditá-lo. A coluna de Novak disse que a mulher de Wilson, Valerie, que trabalhava para a CIA, tinha sugerido a viagem. Sabe-se que o estrategista de Bush, Karl Rove, e Libby mencionaram Valerie a repórteres, mas não se tem certeza se eles a identificaram pelo nome ou se mencionaram seu status de agente da CIA.
Miller, no entanto, nunca escreveu qualquer artigo sobre Valerie e boa parte de sua participação na história permanece ainda sem esclarecimento.
— O acordo satisfaz minha obrigação como repórter de manter a fé de minhas fontes — disse Miller. — Fui para a cadeia para preservar o princípio há muito honrado de que um jornalista deve respeitar a promessa de não revelar a identidade de uma fonte confidencial. Eu escolhi sofrer as conseqüências em vez de violar a minha promessa. O princípio é mais importante do que minha liberdade pessoal.’
O Estado de S. Paulo
‘Repórter do ´NYT´ é solta após concordar em depor’, copyright O Estado de São Paulo, 30/9/05
‘Depois de quase três meses de prisão, a jornalista americana Judith Miller, do New York Times, foi libertada ontem, após concordar em testemunhar no caso do vazamento do nome de uma agente secreta da CIA. Judith deixou o centro federal de detenção em Alexandria, na Virgínia, e comparecerá hoje ante o júri de instrução que investiga quem, no governo americano, vazou à imprensa a identidade da agente Valerie Plame. Revelar a identidade de um agente secreto é crime nos EUA.
Judith disse que concordou em testemunhar depois que obteve uma autorização incondicional de sua fonte, I. Lewis Scooter Libby, para falar com os investigadores sobre as conversas de ambos envolvendo Valerie. Libby é o chefe do gabinete do vice-presidente Dick Cheney. O fato de Libby ter liberado a repórter para falar indica a probabilidade de que funcionários do governo estejam para ser indiciados pelo vazamento.
Com isso, o caso pode virar mais uma dor de cabeça para o presidente George W. Bush, cuja popularidade está no nível mais baixo desde que chegou ao poder.
Judith foi presa em 6 de julho por recusar-se a cooperar com o promotor especial Patrick J.
Fitzgerald no caso Valerie Plame. O nome da agente veio a público em julho de 2003, numa coluna do jornalista Robert Novak. Fitzgerald investiga quem, na administração Bush, revelou o nome à imprensa. O vazamento teria sido uma retaliação às críticas do marido de Valerie, o ex-embaixador Joseph C. Wilson IV, contra o governo Bush. Judith fez levantamentos sobre as alegações de Wilson de que o governo, no afã de ir à guerra contra o Iraque, distorceu informações secretas sobre a tentativa do regime de Saddam Hussein de obter armas de destruição em massa, mas nunca escreveu uma matéria sobre o assunto.
Fitzgerald já inquiriu outros jornalistas, que deram depoimentos limitados com o consentimento de suas fontes, e sustenta que conversar com Judith é crucial.’
Folha de S. Paulo
‘Repórter do ‘NYT’ é solta após 80 dias presa’, copyright Folha de S. Paulo, 30/9/05
‘A repórter do jornal ‘The New York Times’ Judith Miller, que estava detida desde o dia 6 de julho em uma prisão federal, foi solta ontem após concordar em dar seu testemunho como parte de uma investigação sobre o vazamento da identidade de uma agente da CIA.
Após 80 dias detida em um centro de detenção de Alexandria, no Estado da Virgínia, Miller é a jornalista que mais tempo ficou presa por proteger uma fonte nos Estados Unidos.
A repórter do ‘New York Times’ não quis depor em um júri de instrução que poderia revelar qual membro do governo George W. Bush revelou a identidade da agente da CIA Valerie Plame.
Segundo a agência Associated Press, a jornalista chegou a um acordo com o promotor especial Patrick Fitzgerald e deve se apresentar à Justiça na manhã de hoje.
Em uma nota divulgada pelo ‘NYT’, Miller diz que foi libertada após sua fonte ‘ter voluntariamente e pessoalmente me liberado da promessa de confidencialidade a respeito de nossas conversas’. O jornal disse que a fonte de Judith Miller foi Lewis Libby, chefe do gabinete do vice-presidente norte-americano, Dick Cheney.
O publisher do ‘New York Times’, Arthur Ochs Sulzberger Jr., disse que o jornal apoiava a decisão de Miller, assim como deu apoio à repórter quando ela se recusou a cooperar com a Justiça.
A jornalista nunca publicou uma linha sequer sobre o caso, que surgiu quando o colunista político Robert Novak escreveu em 2003 que Valerie Plame era uma agente secreta.
O marido da espiã, o ex-embaixador Joe Wilson, disse que a revelação era uma resposta por ele ter denunciado que eram falsos os documentos que diziam que o ex-ditador Saddam Hussein tinha comprado urânio do Níger, uma das justificativas usadas pelos EUA para invadir o Iraque.
O Departamento de Justiça abriu inquérito para descobrir o responsável pelo vazamento da informação e intimou o repórter da revista ‘Time’ Matthew Cooper e Miller, por terem tido acesso à fonte. Cooper resolveu dizer; Miller se negou a revelar a procedência do dado e foi presa.’
TIM LOPES
‘Começa júri do sexto acusado de matar Tim Lopes’, copyright O Estado de São Paulo, 30/9/05
‘Acusado de participação no assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002, Claudino dos Santos Coelho, de 24 anos, o Xuxa, começou ontem a ser julgado no 1º Tribunal do Júri, no Rio. Ele é a sexta pessoa julgada pelo assassinato – as outras cinco foram condenadas a mais de 23 anos de prisão cada uma. Xuxa é acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Condenado anteriormente a 12 anos de reclusão por tráfico, formação de quadrilha e porte ilegal de armas, ele disse ontem ao juiz que vendia iogurte na Favela da Fazendinha na época do crime.’
O Globo
‘Começa a ser julgado acusado da morte de Tim’, copyright O Globo, 30/9/05
‘Começou ontem à tarde o julgamento do sexto acusado de participar, em 2002, do assassinato do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo. Claudino dos Santos Coelho, de 24 anos, está sendo julgado por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.
Perguntado pelo juiz sobre sua participação no crime, Claudino dos Santos ficou em silêncio. O réu já foi condenado a 12 anos de reclusão, em regime fechado, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e porte ilegal de armas, na 25Vara Criminal. A previsão é de que o julgamento de Claudino só termine amanhã. Outros cinco acusados da morte do jornalista já foram condenados e o último vai a julgamento em outubro. Tim Lopes foi morto quando fazia uma reportagem sobre a venda de drogas no baile funk da favela Vila Cruzeiro, na Penha.’
MÁFIA DO APITO
‘Juiz cobra R$ 15 mil para dar entrevista’, copyright Folha de S. Paulo, 30/9/05
‘No dia em que deixou a carceragem da Polícia Federal, Edilson Pereira de Carvalho tentou emplacar uma nova fonte de renda.
De sua casa em Jacareí (75 km a leste de São Paulo) e por intermédio de um amigo, Daniel de Oliveira, ele colocou em leilão sua primeira entrevista exclusiva. O valor do lance inicial, R$ 15 mil, ou uma vez e meia o que ele confessou cobrar para arranjar resultados de partidas de futebol.
Motorista do Golf prateado placas CQE-9936, de Jacareí, que levou o juiz e sua família de São Paulo para a cidade do Vale do Paraíba, na madrugada, Oliveira atuou como contato com a imprensa, ontem à tarde. Ele era a única pessoa a transitar da casa de Carvalho, que fica nos fundos do condomínio Residencial San Marino, até o portão de entrada.
Em uma dessas idas e vindas, foi questionado pela equipe da TV Vanguarda, afiliada da Globo na região, sobre a possibilidade de uma entrevista exclusiva. A resposta não tardou e veio acompanhada de uma cifra: segundo Oliveira, a Record teria feito proposta de R$ 15 mil pela reportagem.
A Record negou qualquer oferta para entrevistar o juiz, afirmando que essa não é a política da empresa. ‘Não é nossa prática pagar por entrevistas. Este suposto amigo dele usou indevidamente o nome da emissora. Ele não tem autoridade para falar em nome da Record’, informou a emissora, que confirmou que Carvalho foi procurado pela produção do programa ‘Domingo Espetacular’.
A afiliada da Globo na região descartou entrar no leilão, dizendo que sua ‘conduta básica exclui qualquer possibilidade de pagar por entrevista’.
Por telefone, Marcelo Jacob, advogado do juiz, afirmou estar ciente da tentativa de negociação. ‘Já fui informado de que isso aconteceu, mas até o momento não sei de nenhum outro detalhe’, declarou, no fim da tarde.
Ele disse acreditar na possibilidade de o árbitro ser condenado a uma pena ‘mais branda’, já que houve confissão à Polícia Federal.
Sua estratégia será desqualificar o crime de formação de quadrilha, imputado pela PF e pelo Ministério Público a Carvalho, ao também árbitro Paulo José Danelon e ao empresário Nagib Fayad.
‘Por enquanto, acredito que as provas colhidas ainda não configuram o crime de formação de quadrilha. Para qualificação como quadrilha são necessárias pelo menos quatro pessoas reunidas.’
Além de repórteres, o portão do condomínio do juiz, na periferia da cidade, concentrava ontem curiosos. De tempos em tempos, ônibus fretados transportando funcionários da Embraer quebravam o silêncio. Debruçados para fora das janelinhas, eles entoavam o coro ‘ladrão, ladrão, ladrão’.’
Mário Magalhães
‘Profissão Repórter’, copyright Folha de S. Paulo, 30/9/05
‘A reportagem de Thaís Oyama e André Rizek na ‘Veja’, expondo o esquema mafioso na arbitragem, é um daqueles trabalhos com que sonham os jornalistas que recusam o papel de divulgadores de eventos e que compreendem ser sua a função de fiscalizar o poder, também no esporte.’