José Sarney, um brasileiro consagrado pelo então presidente Lula como cidadão acima de seus compatriotas, mandou montar na Biblioteca do Senado, sob sua presidência pela quarta vez, 76 painéis que glorificam suas passagens pelo comando da câmara alta (já foi mais alta). É manchete de política da Folha de S. Paulo de sábado (12/1, "Senado patrocina exposição para exaltar feitos de Sarney").
Não se sabe quantas pessoas terão frequentado o local entre a inauguração, em 18 de dezembro, e o encerramento da exposição, em 25 de janeiro. Sabe-se que a edição do jornal onde se denuncia o abuso de poder saiu com 320 mil exemplares, número infinitamente maior do que o de frequentadores da Biblioteca. Sem contar a repercussão em outros meios jornalísticos, como televisão e rádio, e a divulgação na internet – aqui, estamos falando de dezenas de milhões de pessoas.
Eis uma singela, mas expressiva, demonstração da importância da liberdade de imprensa. A bem pensar, o senador e ex-presidente da República deu um tiro no pé. Terá imaginado que nenhum jornalista tomaria conhecimento do coronelístico empreendimento?