Os € 60 milhões (R$ 161 milhões) que o Google concordou em pagar para continuar indexando conteúdo da imprensa francesa em seu serviço de notícias serão distribuídos em três anos.
Os primeiros desembolsos deverão começar ainda neste semestre, segundo integrantes da negociação ouvidos pela Folha.
“Serão € 20 milhões por ano. É um bom acordo, não é perfeito, mas é bem melhor que uma guerra de muitos anos”, disse Nathalie Collin, presidente da IPG (Associação da Imprensa de Informação Política e Geral).
As 160 publicações abrangidas pela entidade faturam € 70 milhões ao ano com publicidade digital.
Na prática, o dinheiro do Google deve aliviar o caixa das empresas no que se refere a investimento em inovação em sites e aplicativos.
“Os investimentos da imprensa com o digital foram de € 100 milhões desde 2009
(€ 25 milhões por ano). O valor do acordo é muito significativo”, disse Marc Schwartz, advogado nomeado pelo governo para mediar o acordo.
O buscador não vai remunerar diretamente as empresas jornalísticas francesas, mas bancar um fundo para o desenvolvimento de soluções tecnológicas dos veículos de comunicação do país.
Para a imprensa, o inédito acordo é importante porque o gigante da web obtém receita publicitária com o Google News, seu portal que indica as principais notícias do dia, sem pagar pelo conteúdo.
Para o Google, o entendimento com os publishers evitou que o governo enviasse projeto de lei para estabelecer a remuneração das notícias veiculadas em buscadores. O Google se opõe a esse tipo de regulação.
Ainda serão necessários dois meses para definir todas as regras do fundo e critérios de distribuição do dinheiro.
Críticas
Como o dinheiro do Google será distribuído e quem terá direito ao financiamento suscitam incertezas.
Analistas apontam que o acordo deixou de fora empresas jornalísticas que também produzem conteúdo indexado pelo Google News, como a imprensa esportiva ou sites de canais de TV.
“Com o acordo, o Google não terá de pagar diretamente aos produtores de conteúdo por lei e evitou ter de enfrentar uma onda de regulação”, disse Frédéric Dupuis, diretor da Escola Superior de Jornalismo de Paris.
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[Graciliano Rocha, colaboração para a Folha de S.Paulo, em Paris]