Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Em Barcelona, o futuro da mobilidade

O Congresso Mundial de Mobilidade deste ano não foi igual àquele que passou. Embora numerosos, os lançamentos de smartphones e tablets eram todos esperados pelos analistas – Xperia Tablet Z da Sony, Galaxy Note 8.0 da Samsung, Lumias 720 e 520 da Nokia, Ascend P2 da Huawei, Grand S LTE da ZTE, Optimus G Pro da LG e Slate 7 da HP. O que chamou mesmo a atenção nos quatro dias de evento de Barcelona, na semana passada, não foram as máquinas de última geração, mas a chegada do sistema operacional Firefox OS, da Mozilla, que recebeu grande apoio das operadoras e foi percebido por todos como uma maneira de as teles (e os desenvolvedores, possivelmente) retomarem um pouco do poder, que hoje está nas mãos de intermediários como Apple e Google.

– É realmente difícil inovar se a sua inovação tem de se adaptar a plataformas de grandes players que só seguem seu próprio ritmo – resumiu Mark Shuttleworth, fundador da Ubuntu, que também aposta num sistema operacional para telefones celulares.

Os sistemas móveis alternativos foram um caminho apontado pelas operadoras para oferecer serviços mais personalizados aos assinantes e criar uma relação mais próxima com os programadores de aplicativos.

Outra tendência marcante no evento foi a necessidade premente de otimizar não só os aparelhos para o 4G (especialmente o TD-LTE, mais adequado a dados e à internet móvel), mas também as redes e infraestruturas por trás desses dispositivos. Gigantes como a Huawei, que decidiram mergulhar de cabeça no mercado de smartphones, também estão reformando suas redes para combiná-las com a atual tendência de all in the cloud (tudo na nuvem web), de modo a obter sinal e serviços mais estáveis, face ao tráfego de dados que avança quase que em progressão geométrica.

– Até o final da década veremos o tráfego nas redes aumentar 500 vezes, e é preciso prepará-las para esse crescimento exponencial – reconhece Sérgio Toscano Battaglia, diretor de Marketing e Soluções da Huawei.

De resto, embora os smartphones pareçam estar em todos os lugares, eles ainda têm um longo caminho a percorrer, e as operadoras percebem a oportunidade à sua frente. Segundo Vittorio Colao, diretor-executivo da operadora Vodafone, por isso mesmo são necessárias melhores políticas de regulamentação de espectro, de modo a fazer o 4G florescer e os aparelhos ganharem mais escala no mundo.

– Na Europa, os smartphones têm penetração de apenas 33%. E em mercados emergentes no mundo, só de 6% – disse Colao. – As redes de nova geração e o LTE precisam de mais atenção dos governos, com melhores regras.

Preços do roaming na mira

Por outro lado, os governos também estão de olho na sanha das operadoras em ganhar dinheiro. Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, um caminho é tornar mais transparentes os preços do roaming internacional de serviços de celulares, resolução que é apoiada pela GSM Association.

– Não é possível você chegar a um país, navegar no celular e pagar R$ 500 por isso. Algumas operadoras estão avançando nessa questão e oferecendo pacotes a uma taxa razoável – afirmou o ministro.

No mais, para além do virtual, a feira de mobilidade de Barcelona também não foi igual ao do ano passado. Estava de casa nova: a sede na Fira Gran Via era enorme, com esteiras rolantes como as de aeroportos entre os salões de exibição e halls de conferências. Moderno e bem localizado – com espaços enormes para a imprensa (que não deixaram de ficar lotados) e recursos da tecnologia de comunicação por aproximação de celulares NFC – o novo espaço, no entanto, não conseguiu escapar dos engarrafamentos nem das filas quilométricas de táxi, em que se passava por vezes mais de uma hora esperando. Tecnologia não resolve tudo, afinal…

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[André Machado, do Globo]