Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Privacidade agora ajuda a vender tecnologia

A privacidade não é mais uma dor de cabeça regulatória apenas. Companhias de internet estão se digladiando para provar aos consumidores que seus dados estão mais seguros e controlados.

Em alguns casos, empresas estabelecidas estão tentando ganhar vantagem de mercado lançando-se como amigas da privacidade. Por exemplo, o Mozilla, um azarão no mercado de navegadores, sugeriu na semana passada que permitiria que seus usuários desativassem completamente softwares de rastreamento da concorrência.

Ao mesmo tempo, empresas de plataforma de internet estão estabelecendo limites a outras empresas com as quais fazem negócio. No ano passado, por exemplo, a Apple começou a requerer que aplicativos em seu sistema operacional obtivessem permissão de usuários antes de rastrear seu local ou espiar calendários e contatos armazenados num iPhone. Ademais, várias grandes e pequenas empresas estão oferecendo diversas ferramentas relacionadas à privacidade, desde formas de proteger dados armazenados na nuvem até códigos para mensagens no Facebook.

Na semana passada [retrasada], Brendon Lynch, diretor de assuntos de privacidade da Microsoft, declarou que empresas como a sua começaram a considerar as “forças de mercado em jogo na privacidade”. “Não se trata apenas de defensores da privacidade e reguladores pressionando. As pessoas estão mais preocupadas com a privacidade porque a tecnologia se entrelaça com suas vidas.”

Essa declaração pode soar um tanto divertida para os que se recordam dos problemas da Microsoft com reguladores europeus há dez anos. Naquela época, ela foi obrigada a fazer mudanças substanciais sobre como seu sistema de login online .Net Passport armazenava endereços, idades e outros detalhes pessoais.

No começo do ano, a companhia sinalizou sua sensibilidade à privacidade ativando um sinal antirrastreamento em seu navegador Internet Explorer mais recente. A Microsoft também visou ao seu rival Google com uma campanha de marketing declarando que os consumidores estavam sendo direcionados a anúncios conforme seu histórico de buscas e conteúdos de e-mails.

Joel R. Reidenberg, professor na Escola de Direito Fordham, disse que a Microsoft havia feito um giro de 180 graus para enfatizar a proteção de dados do consumidor. “Estamos vendo mais companhias tentando fazer isso – desenvolver serviços de proteção à privacidade”, disse Reidenberg, cujo Centro de Política de Informação Legal recebeu doações tanto da Microsoft quanto do Google.

Outras iniciativas

Além de requerer que aplicativos busquem permissão do usuário antes de rastrear localizações, a Apple incluiu em seu sistema operacional móvel uma maneira de os usuários desativarem ou reajustarem uma série de dígitos que identificam um aparelho para fins de rastreamento.

O Facebook exige que aplicativos no seu APP Center ofereçam aos consumidores uma política de privacidade e introduziu, em 2012, controles de privacidade para permitir que seus usuários façam um ajuste fino sobre quem vê quais postagens e fotos.

Em 2011, o Google tentou diferenciar sua rede social, o Google+, como sensível à privacidade. Introduziu a ideia de “círculos” para permitir que certas informações fossem omitidas de determinadas pessoas.

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Somini Sengupta, do New York Times, em San Francisco