Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Pressa da internet alimenta ciclo contínuo de notícias

Para repórteres e editores da seção policial, a exigência por notícias de última hora é algo cada vez mais presente. O jornalismo de internet e as pressões financeiras que diminuíram redações forçaram uma transformação nas notícias locais. “O ciclo de notícias agora é de 24 horas, sete dias por semana, devido à internet”, resume Amanda Lamb, repórter que cobre crimes há 20 anos para a estação de TV WRAL, na Carolina do Norte. “Não trabalhamos mais para o próximo programa. Trabalhamos para os próximos cinco minutos na web”.

John Strang, editor da WFLA-TV, na Flórida, chama esse ciclo constante de notícias de “alimentar a besta”.

“Nos últimos 10 anos, acho que o apetite pelas notícias policiais de última hora ganhou ainda mais urgência – nada muda tanto um site de notícias estático como uma nova matéria sobre um crime”, diz Andrew Smith, repórter que cobre tribunais para o Newsday. “Ao mesmo tempo, acho que cresceu também a tolerância por matérias incompletas, para acomodar este apetite”.

Atualmente, o trabalho dos jornalistas inclui ficar de olho nas redes sociais. Muitos atualizam blogs e mídias sociais sem uma revisão do editor. Na pressa, os profissionais economizam nas fontes e acabam deixando passar erros. “Isso mata nossa credibilidade”, queixa-se Graham Rayman, repórter investigativo do Village Voice. “O desafio é equilibrar a pressão da competitividade e a necessidade de divulgar a informação”, diz Caroline Lowe, da KSBY-TV, na Califórnia, que passou 35 anos escrevendo matérias policiais para a WCCO em Minneapolis.

Multimeios para ter mais agilidade

A pressão para ser o primeiro a dar a notícia é cada vez maior. “A emissora nos comprou iPhones há um ano. Assim que chegamos ao local da notícia, tiramos fotos e colocamos no site. Se não formos ao vivo para a TV, vamos na web. O fluxo constante da informação começa quando chegamos no local”, explica Mark Becker, repórter da WSOC-TV, na Carolina do Norte. “O problema é que algumas vezes divulgamos algo que pode não estar correto”.

Esse clima de pressa é ainda maior hoje porque cada cidadão com um celular na mão é um competidor em potencial. Jornalistas de veículos primariamente impressos sofrem a pressão para enviar material em texto e vídeo rapidamente. “Como um editor, minhas tarefas são substancialmente diferentes das de alguém com um cargo semelhante há cinco anos”, diz Andy Rosen, do Baltimore Sun, que é responsável pela migração de matérias impressas para a web.

Alguns reclamam que a corrida para ser o primeiro na cena diminui a motivação para matérias posteriores. Por outro lado, muitos veículos acabam publicando menos matérias sobre crimes. “Na indústria de modo geral, acredito que o futuro da cobertura da justiça criminal está no fluxo. Temos ainda que descobrir o equilíbrio entre as últimas notícias e como explicá-las de modo mais profundo”, afirma Andrew Smith, do Newsday.