Um ataque cibernético desabilitou computadores de três grandes redes de televisão e três bancos na Coreia do Sul na quinta-feira (20/3). Já no começo da quinta-feira no país (fim de noite pelo horário de Brasília), autoridades de telecomunicações do governo sul-coreano informaram que o ataque partiu de um computador com endereço IP (número que identifica o equipamento dentro da internet) da China. No entanto, ainda não se sabe a identidade dos envolvidos, nem se a Coreia do Norte tem algum envolvimento no ocorrido.
Na semana retrasada, o regime norte-coreano havia acusado os Estados Unidos e a Coreia do Sul de realizarem ataques cibernéticos contra sites do país. Os dois aliados realizam, desde o começo do mês, exercícios militares no estreito da Coreia. Na sexta-feira (14/3), a agência estatal da Coreia do Norte disse que o país não ficaria passivo diante dos ciberataques.
Há cerca de um mês, o país comunista fez seu terceiro teste nuclear. Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções com apoio da China, principal aliado do regime norte-coreano. Pyongyang decidiu então declarar nulo o cessar-fogo assinado com Seul em 1953.
China oferece mediação na península
Em resposta aos ciberataques de ontem, governo e militares sul-coreanos aumentaram a vigilância contra possíveis novos vírus e invasões. “Nós não podemos descartar a possibilidade de um envolvimento norte-coreano. Tampouco queremos nos apressar na conclusão”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa. A Comissão Coreana de Comunicações pediu às agências governamentais e empresas que triplicassem sua capacidade de monitorar ataques virtuais. As duas televisões líderes de audiência no país, KBS e MBC, continuaram a transmitir suas programações, mas seus computadores ficaram paralisados, o que também ocorreu com o canal a cabo YTN. O site da KBS foi desligado.
O banco Shinhan, quarto maior credor do país, reportou que seus servidores de internet ficaram temporariamente bloqueados. Dois outros bancos, NongHyup e Jeju, disseram que as operações de algumas filiais foram afetadas por vírus. Um quarto banco afirmou também ter sido atacado, mas não ter sofrido danos.
Na televisão sul-coreana, especialistas levantavam a possibilidade de que se tratava de um ataque do Norte. Apesar de frequentes, as tensões entre os dois países parecem ganhar maior destaque na agenda diplomática chinesa. Ontem, o recém-empossado presidente chinês, Xi Jinping, declarou que está disposto a ajudar os países a retomar o diálogo: “A China está comprometida a manter a paz e a estabilidade da península, realizar a desnuclearização e defender a resolução do problema com diálogo. A China está disposta a prover a ajuda necessária para promover a reconciliação.”
O governo americano aproveitou o tema ontem para pressionar Rússia e China a se articularem para resolver a situação da Coreia do Norte. “Nossa esperança é que eles conversem sobre como melhor implementar as sanções, ao invés de acreditar que podem mudar o pensamento norte-coreano”, disse um porta-voz.