O jornalismo no Brasil tem passado por diversas mudanças nos últimos anos, não só devido à concorrência inexperiente, mas à atitude dos próprios jornalistas e veículos de comunicação, que têm feito melhor o papel de publicitários do que de profissionais do jornalismo. Que as informações transmitidas pela imprensa sempre foram selecionadas, não é segredo para quase ninguém, entretanto essa seleção tinha razões mais dignas em outros tempos. O jornalismo do futuro tem a responsabilidade de diferenciar fatos noticiáveis de assuntos que não possuem cunho social.
Sim, os veículos de comunicação são, antes de tudo, empresas que necessitam de capital para permanecer no mercado, mas o que acontece muito é que as empresas se preocupam mais com o lucro do que com o ofício, que deveria ser em prol da sociedade, antes um serviço comunitário do que empresarial. Como futura jornalista é decepcionante perceber, por exemplo, que o sensacionalismo já não é mais motivo de falta de qualidade nos meios de comunicação. Pelo contrário, tem sido bem aceito no jornalismo atual. O que me desestimula é constatar que, mesmo com a grande quantidade de assuntos de interesse público, noticiários e jornalistas têm dado atenção extrema a temas de puro entretenimento que, muitas vezes, apresentam um mundo irreal de possibilidades.
Além de ter de aprender a lidar com o excesso de informações desnecessárias, com a concorrência de leigos – que, embora possuam liberdade e meios para produzir notícias, não adquiriram a teoria jornalística, sumamente importante –, com o sensacionalismo e com a autorregulamentação inexistente, os jornalistas e as empresas de comunicação ainda terão de lidar com falta de exigência do diploma para os profissionais da área. E essa última questão é indispensável porque um jornalista que não possui uma carga teórica carrega consigo uma grande responsabilidade, pois qualquer erro que cometa trará dificuldades para toda uma classe que não tem sequer amparo legal para se defender. Por isso, a autorregulamentação se torna ainda mais necessária.
A esperança do conhecimento
Apesar da pouca idade, tenho saudade de quando o jornalismo era uma profissão distinta. Obviamente, sempre houve profissionais censuráveis, notícias mal dadas, mas há vinte anos um jornalista era apaixonado por seu encargo, os que erravam, faziam-no por falta de experiência. Agora, o limite entre o certo e o errado é uma linha tênue, que muda de acordo com os interesses. Os meios de comunicação não têm mais o ideal de informar a sociedade. O que restou é a busca constante pelos lucros da audiência, permitindo a distorção de valores.
Desse modo, o sensacionalismo, a falta de ética, de ideologia e o interesse constante pelo lucro ou autopromoção tornaram-se ferramentas quase indispensáveis no newjornalismo. Mas há de se lembrar que os consumidores dessas informações são os mais prejudicados por esse jornalismo banalizado, embora, infelizmente, a maior parcela da sociedade não está preparada para discernir o real do sensacional. E, embora saibamos que essa situação será modificada no futuro, resta a esperança de que esse jornalismo seja mais ancorado em conhecimento, ao invés de se inclinar para o lado menos digno da profissão.
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Andreza Galiego é jornalista, Andradina, SP