Quase um terço dos americanos abandonaram alguma fonte de notícias no ano passado por considerar que sua qualidade havia caído. O dado é do estudo O Estado da Mídia (The State of the News Media), do Projeto em Excelência em Jornalismo do Centro de Pesquisa Pew. A deterioração da situação financeira das organizações de notícias nos EUA em 2012 é clara: as redações foram reduzidas em até 30% desde seu auge, em 1989, e hoje os jornais empregam menos de 40 mil profissionais em tempo integral, o menor número desde o fim dos anos 70.
A cobertura, é claro, foi prejudicada. Nos telejornais locais, 40% do tempo é preenchido por informações de trânsito, previsão do tempo e esportes. O tempo das matérias também diminuiu: apenas 20% delas na TV local excederam um minuto, e metade teve menos de 30 segundos.
Nos canais de notícias a cabo, reportagens ao vivo, que exigem o deslocamento de equipes com jornalistas e cinegrafistas, caíram um terço na programação diurna nos últimos cinco anos. Enquanto isso, aumentou o número de entrevistas gravadas. O público também parece preferir mais opinião do que notícia, o que pode ser notado pelo aumento da popularidade do canal conservador Fox News e de seu rival, o liberal MSNBC – ambos com bastante opinião política em seus programas. A CNN, que tende a adotar uma posição mais neutra, continua a lutar pelo aumento dos índices de audiência.
Mas também há boas notícias no relatório. No ano passado, emissoras de TV locais, principalmente em estados determinantes para a disputa presidencial, como Flórida e Ohio, receberam uma boa injeção de publicidade durante a eleição – os anunciantes gastaram três bilhões de dólares em publicidade para TV.
Conteúdo pago
Muitos jornais, por sua vez, passaram a cobrar por conteúdo na internet. Pelas contas do Pew, cerca de um terço dos 1.380 diários americanos começaram – ou lançarão em breve – as chamadas paywalls. O sucesso do modelo de pagamento do site do New York Times, que hoje conta com 640 mil assinantes, serviu de motivação.
Com a cobrança, a receita com circulação ultrapassa a receita publicitária – o que é bastante significativo, porque já ficou claro que a publicidade digital não será suficiente para salvar os jornais. Para cada 16 dólares perdidos em anúncios impressos no ano passado, os anúncios em sites e aplicativos de jornais fizeram apenas 1 dólar. Grande parte dos 37,3 bilhões de dólares gastos em 2012 em publicidade digital foi para cinco empresas: Google, Yahoo, Facebook, Microsoft e AOL.
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