“‘A imprensa é livre somente para o partido poderoso e dominante.’ – Marquês de Maricá, político brasileiro
Aproveito este 31 de março, que para muitos ainda suscita debates os mais acalorados sobre a recente história política brasileira – há exatos 49 anos, dava-se o golpe militar -, para lançar a seguinte pergunta: a imprensa deveria explicitar para o público suas preferências ou, de alguma forma, declarar posições sobre fatos relevantes? A opinião deste ombudsman é afirmativa. Não que isso viesse a se tornar uma regra banal, levando os veículos a mostrarem de que lado estão em qualquer discussão ou disputa pouco relevante. Mas dizerem o que pensam em embates definidores dos rumos da sociedade.
Refiro-me não tão somente a grandes temas, como defender os princípios democráticos e os direitos das minorias ou ser contra a pedofilia e fila em bancos. Levantar tais bandeiras é moleza. Difícil é fazer o mesmo em grandes polêmicas, como o aborto, maioridade penal e, principalmente, questões político-partidárias. Na última semana, aconteceu um bom exemplo nesta seara. O Globo, do Rio de Janeiro, concedeu o Prêmio Faz Diferença de 2012 ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. No ano passado, o magistrado relatou e conduziu a condenação de duas dezenas e meia de figurões da República, no histórico julgamento do mensalão.
Em outras palavras, o jornal carioca condecorou o homem que terá mandado para o xilindró alguns dos mais conhecidos gangsters à brasileira, segundo ficou provado. O que é isso?
Simples: o jornal posicionou-se. Mostrou a cara. Preferiu isso ao duvidoso conceito de imparcialidade. Um veículo pode tomar a iniciativa sem que tenha sua credibilidade afetada. Dizer o que pensa não mexe com a isenção ou a responsabilidade da imprensa. Essa discussão é outra. Atenção: quando digo tomar posição não é fazer das redações extensões de comitês eleitorais nem dos donos dos veículos mensageiros dos próprios interesses, como já aconteceu em décadas passadas.
Por uma manutenção exclusivamente privada
São vários os motivos que me levam a fazer a provocação. O principal deles é a possibilidade de, com isso, haver amadurecimento editorial e comercial dos veículos, com fortes repercussões no caixa das empresas de comunicação. Como reagiriam os governantes na hora de distribuir seus famigerados informes publicitários entre apoiadores e detratores? Não existe uma fórmula pronta. Um dos caminhos possíveis poderia ser o fim dessa prática. Nesse hipotético cenário, ficaríamos totalmente expostos ao mercado. Os veículos de imprensa passariam a se manter, exclusivamente, com assinaturas e anúncios privados. Aqui, não posso deixar de registrar a satisfação que tenho quando folheio jornal, escuto rádio, navego na Internet ou ligo a TV e lá está a briga de concorrentes para vender produtos, serviços e ideias, no lugar da lábia dos governantes. De quebra, ainda cortaríamos, definitivamente, o cordão umbilical com o Estado, a quem coube implantar a imprensa entre nós, por decreto. A mídia, sem dever favores ou sob insinuações de que tem o rabo preso, daria um grande salto de qualidade. É assim em quase todo o mundo dito desenvolvido que, ironicamente, a imprensa brasileira admira e copia. Naquilo que lhe convém.
Cobertura da seca, o reparo
Na coluna do domingo passado, ao comentar a cobertura da seca no O POVO, disse que o jornal não tinha se deslocado a nenhum município do Interior do Estado, para praticar o jornalismo in loco. Clique http://bit.ly/ZZpNqt para ler a íntegra. Um reparo: a Redação enviou uma repórter a Canindé e à Pindoretama, onde visitou comunidades e entrevistou agricultores. Peço aos leitores da coluna que considerem a informação. Todo o restante do texto fica reafirmado.
FOMOS BEM
SEGURANÇA PÚBLICA
Entrevista de Cid Gomes reconhecendo o desafio de combater os altos índices de homicídios no Estado
FOMOS MAL
ADMINISTRAÇÃO CARCERÁRIA
Nova CPPL foi inaugurada e está funcionando, mas não demos a transferência dos presos.”