As autoridades brasileiras devem levar à justiça os envolvidos no assassinato de um fotojornalista da editoria de polícia na noite de domingo (14/4), disse o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Walgney Assis Carvalho era um repórter fotográfico freelance que colaborava com o jornal Vale do Aço noestado de Minas Gerais, região sudeste do país.
Um agressor não identificado encaminhou-se até Carvalho, 43, atirou nele ao menos três vezes e fugiu em uma motocicleta, segundo as informações da imprensa. O jornalista estava lanchando em um pesque-pague na cidade de Coronel Fabriciano, segundo reportagens.
O deputado estadual Durval Ângelo, presidente da comissão de direitos humanos da Assembleia Legislativa estadual, postou no Twitter que as autoridades devem investigar uma possível ligação entre o homicídio de Carvalho e o do também jornalista do Vale do Aço Rodrigo Neto em 8 de março, segundo as informações da imprensa. O congressista disse que Carvalho aparentemente teria comentado que sabia quem havia assassinado Neto, mas não forneceu nenhum detalhe.
Fernando Benedito Jr., jornalista local e amigo de Neto, disse ao CPJ por e-mail que “Como Rodrigo, ele [Carvalho] sabia demais”.
Lista macabra
Neto cobriu corrupção policial durante a sua carreira, e havia recebido ameaças frequentes, especialmente por sua cobertura de casos nos quais policiais eram suspeitos de estar envolvidos em homicídios. Jornalistas mineiros disseram ao CPJ que membros da imprensa local formaram o “Comitê Rodrigo Neto” para investigar o assassinato e pressionar as autoridades para resolver o caso.
O Vale do Aço informou que Carvalho também fazia trabalhos fotográficos para a polícia civil.
A polícia informou que estava investigando o assassinato, mas que era muito cedo para ligar as duas mortes, segundo reportagens da imprensa.
“Estamos tristes pelo homicídio de Walgney Assis Carvalho e enviamos nossas condolências para a sua família e colegas”, disse o vice-diretor do CPJ, Robert Mahoney. “As autoridades devem investigar completamente este homicídio, inclusive qualquer possível vínculo com o assassinato de Rodrigo Neto. O fracasso em levar os responsáveis à justiça em ambos os casos seria um símbolo da inaceitável taxa de impunidade para homicídios de jornalistas no Brasil. As autoridades devem agir agora”.
Um acentuado aumento da violência letal transformou o Brasil em um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas, segundo o relatório do CPJ Ataques à Imprensa. Em 2012, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil apareceu no Índice de Impunidade do CPJ, que destaca países onde jornalistas são mortos com frequência e os assassinos ficam livres. O país também está na lista de Países em Risco do CPJ, que identifica os 10 países onde ocorreram retrocessos em matéria de liberdade de imprensa em 2012.
Para mais informações sobre o Brasil, veja Ataques à Imprensa do CPJ.
******
CPJ é uma organização independente sem fins lucrativos, sediada em Nova York, e dedica-se a defender a liberdade de imprensa No mundo