Um país continental como o Brasil só pode ter um carnaval diversificado. Infelizmente pouca gente percebe isso, pois a principal rede de televisão do país insiste em vender aos telespectadores as escolas de samba em escala cavalar, e em doses homeopáticas o carnaval dos trios elétricos da Bahia e do frevo pernambucano.
Aliás, isso acontece porque a maior rede de televisão do país não integra a nação como deveria. Tem um telejornal denominado nacional, mas que é ancorado no Rio de Janeiro, com algumas matérias regionais, desde que ocorram fatos trágicos em todos os sentidos.
O carnaval é um exemplo típico da diversidade cultural brasileira. Em Manaus, por exemplo, a festa gira em torno do boi-bumbá. Uma multidão incalculável toma conta de todas as dependências do antigo sambódromo, transformado por exigência popular em um bumbódromo. É um evento inesquecível.
Diversidade
Em Recife e Olinda a diversidade carnavalesca é total. Tem de tudo. Caboclinhos, frevo, ranchos, maracatu e cordões carnavalescos de tirar o fôlego dos foliões, que se fantasiam mantendo uma tradição pouco lembrada em outras cidades. Recife e Olinda fazem o mais democrático carnaval do país, pois inexistem as cordas baianas ou as passarelas dos sambódromos. Na Bahia é uma mistura total de ritmos nos trios elétricos fundidos com samba reggae, axé, frevo e até techno. Mas tem, ainda, os tradicionais blocos afros exaltando a negritude baiana. Uma festa de dois milhões de brincantes em total harmonia com o céu e o mar da Bahia.
No reino das escolas de samba temos, além do Rio e São Paulo, desfiles em várias capitais brasileiras, como no majestoso sambódromo de Macapá, em São Luís, Brasília, Florianópolis, Belém, entre outros. Temos os belos maracatus de Fortaleza e o tradicional mela-mela em Caucaia. Enfim temos um carnaval continental, mas que infelizmente não é divulgado com a magnitude merecida pela mídia nacional.
Está na hora de o Brasil conhecer o carnaval do Brasil, com toda a sua diversidade.
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Jornalista