Doug Feaver é o novo representante dos leitores do Washington Post. Mas antes que se pense que ele é o novo ombudsman, Feaver assegura que não é este o caso. “Minha missão primordial é responder aos leitores”, resume ele. “Isso é diferente – eu não tenho a função de cobrar [responsabilidades] da redação”, explica. Mas Feaver diz que não hesitaria em levar dúvidas e preocupações dos leitores às pessoas responsáveis pela redação. Até agora, em sua opinião, não surgiu nada que parecesse importante ser revisado com algum repórter ou editor. “Mas eu certamente não teria problema em fazer isso”.
O Post anunciou, no início de março, que eliminaria o posto de ombudsman que mantinha há 43 anos. Na ocasião, a publisher Katharine Weymouth afirmou que o posto – que garantia a seu ocupante independência para criticar o trabalho do jornal e seus jornalistas – continuava relevante, mas suas funções precisavam ser modernizadas. Ela lembrou ainda que o Post é cobrado por qualidade não apenas dentro da redação, mas também por críticos externos e pelos próprios leitores.
Feaver passou seus 36 anos de carreira no Post, ocupando diversos cargos, entre eles editor-executivo do site do diário. Ele se aposentou em 2010, quando chegou ao fim o blog dot.comments, que dava destaque ao debate com os leitores. Recentemente, o jornalista recebeu uma ligação de Fred Hiatt, editor da página editorial do Post, perguntando se ele toparia assumir o posto de representante dos leitores.
Dúvidas dos leitores
Para o trabalho, Feaver conta com um assistente, que filtra mensagens de voz e eletrônicas para pinçar aquelas ligadas a questões jornalísticas. Segundo ele, é importante garantir que se dê uma resposta aos leitores. “Não há dúvidas de que devemos falar com as pessoas que olham o nosso site ou olham o nosso jornal impresso – precisamos nos comunicar com elas”, diz.
As respostas aparecem publicadas no blog “Ask the Post” (Pergunte ao Post). Na primeira delas, em abril, Feaver tratou do desaparecimento do botão para impressão nas páginas de artigos. Sydney Smith, do site Media Ethics, criticou a escolha: “Três semanas no cargo, e o novo representante dos leitores do Washington Post finalmente escreve no blog… sobre como imprimir a partir do site?”.
Feaver diz que escolheu o tema por se tratar de uma questão muito comum entre os leitores. “Eu recebi uma tonelada de ligações e emails dizendo, ‘Onde diabos foi parar o botão de imprimir?’. Então eu achei que valia a pena escrever sobre isso”. Pouco tempo depois, o botão voltou ao site. Feaver diz que a dinâmica de funcionamento do novo posto está apenas no começo, e ainda é cedo para saber como ela se consolidará mais à frente.
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