Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

2005 foi um ano ruim, diz estudo de Colúmbia

Se o ano de 2004 foi ruim para a indústria americana de jornais, com queda na circulação e no lucro com publicidade, ‘2005 foi três vezes pior’. É o que revela o relatório anual The State of the News Media, do Project for Excellence in Journalism, ligado à Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia.


O documento, divulgado na segunda-feira (13/3), indica que 1.500 jornalistas perderam o emprego nos EUA no ano passado, o que representa um corte de 3.800 cargos na indústria de mídia desde 2000. A circulação dos jornais também enfrentou tempos difíceis. Desde 1990, a tiragem caiu 15%, o que equivale a mais de nove milhões de exemplares, nos dias de semana.


Longe da extinção


Mesmo assim, o estudo conclui que ‘qualquer idéia de que os jornais estão em uma rápida trajetória de extinção parece exagerada. E se forem combinados o índice de leitores da versão impressa com o da online, a audiência que os jornais atingem é a mais alta já observada’. Curiosamente, o estudo indica que o crescimento da audiência online se refere não ao número de pessoas que acessam as notícias na rede, mas à freqüência com que elas o fazem.


A pesquisa também analisou mídias como televisão, internet, rádio e TV a cabo. ‘A variedade de fontes de notícias disponíveis hoje faz com que a idéia de contar com apenas um veículo para se informar fique ultrapassada’, afirma o jornalista Tom Rosenstiel, coordenador do projeto. ‘Mas os consumidores têm de tomar cuidado com o veículo que usam e quando o fazem. As notícias são tão dinâmicas que ter uma compreensão aprofundada do fato pode ser algo difícil’.


Este ano, o estudo também incluiu o relatório ‘A Day in the Life of the News’ (Um dia na vida das notícias), que analisou a cobertura de eventos ocorridos durante um dia nos jornais, rádio, internet e revistas, de alcance nacional e local, em três cidades dos EUA.


As tendências da mídia


Foram levantadas seis tendências tendo como base o relatório deste ano e seus antecedentes.


– O novo paradoxo do jornalismo é que há mais veículos de comunicação cobrindo cada vez menos notícias. Uma simples pesquisa no Google News comprova este dado: apenas 24 assuntos diferentes foram temas de 14.000 matérias localizadas no serviço de busca de notícias. ‘No último ano, as mudanças na mídia se intensificaram e os problemas na mídia impressa aumentaram. Ainda assim, é provavelmente superficial e até inocente dizer simplesmente que mais plataformas equivalem a mais escolhas’, ressalta Rosenstiel. ‘O conteúdo tem de vir de algum lugar e, na medida em que as mídias tradicionais decaem, algumas de suas forças em fornecer uma cobertura aprofundada e precisa podem também estar se enfraquecendo’.


– Os jornais mais ameaçados com queda em tiragem e publicidade são os das grandes cidades.


– Em muitas empresas de mídia tradicional, ‘a longa batalha entre os idealistas e os contadores chegou ao fim. Os idealistas perderam. Os problemas de 2005, especialmente na mídia impressa, dão um golpe final na luta do jornalismo em nome do interesse público’.


– Finalmente as mídias tradicionais estão reconhecendo que o importante no negócio é o conteúdo, e não o meio, passando a usufruir mais das tecnologias digitais.


– Os sítios de busca de notícias, como o Google e o Yahoo!, têm vida curta como rivais das mídias tradicionais, pois não passam de ferramentas tecnológicas que reproduzem o trabalho de outros veículos. Para resolver este problema, eles devem começar a produzir conteúdo próprio, ou as mídias tradicionais devem cobrar para ter seu conteúdo reproduzido.


– A questão central no jornalismo continua a ser quanto tempo vai demorar para o jornalismo online se tornar o principal meio de se obter lucro, e se ele conseguirá ultrapassar o jornalismo impresso e televisivo.


O estudo integral está disponível no sítio The State of the News Media 2006. Informações da Editor & Publisher [12/3/06].