Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Telejornais engalfinhados

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


É positiva a intervenção do Exército nas favelas cariocas? A mídia baseada no Rio foi majoritariamente favorável porque acompanha a opinião dos cariocas. Mas acontece que a mídia nacional baseada em São Paulo é maior e preferiu o caminho ‘politicamente correto’ contra a ocupação. Será que um editor confortavelmente instalado a 400 quilômetros de distância consegue ser objetivo nesta questão? Voltaremos a ela.


O Jornal Nacional e o Jornal da Record estão engalfinhados há mais de um mês. Pergunta você: os telejornais estão brigando em termos de telejornalismo? Não, estão brigando por causa da telenovela Prova de amor, que está avançando no ibope da Rede Globo. Trata-se de um vale-tudo jamais visto que coloca não apenas os concorrentes mas todo o nosso jornalismo num paradigma lamentável.


Os telejornais deixaram de ter horários fixos e duração determinada. Começam e acabam em função do que está acontecendo no outro canal. A predominância de assuntos policiais e sensacionalistas é acintosa. O desrespeito ao telespectador nunca ficou tão flagrante, e o descaso com o cidadão, tão evidenciado.


Além dessa agressão ao bom gosto e à função da informação numa sociedade democrática, esta concorrência desvairada desvenda a absoluta impotência do poder público em defesa do interesse público. Estas redes são concessões federais, têm compromissos constitucionais a cumprir.


Onde se meteu o Poder Executivo que não consegue enxergar esta degradação do telejornalismo? Será que nesta temporada eleitoral as autoridades esqueceram que têm o dever de zelar pela qualidade do que é exibido na TV aberta? Estão com medo de interferir e assim desagradar às poderosas redes de comunicação? E onde se meteu o Conselho de Comunicação Social, criado justamente para servir de anteparo aos abusos?


Na última edição deste Observatório mostramos um episódio da fase de ouro do telejornalismo americano. Uma semana depois vamos mostrar quão distanciados estamos da façanha de Ed Murrow no início dos anos 50.