Os agentes da ordem prometem a desordem: além de deflagrar a mais absurda e mais ilegítima greve da última década, o comando da parede na Polícia Federal promete uma marcha sobre Brasília na quinta-feira (18/3) e ‘se a polícia do Distrito Federal atrapalhar a coisa vai esquentar’. Além disso, está sendo decidida a ampliação da ‘operação padrão’ para os vôos domésticos.
A paranóia tem muito a ver com o corporativismo daqueles que, segundo a Constituição, são obrigados a zelar pela segurança pública em todo o território nacional. Tem a ver também com a inação do governo que, embora se negue a negociar com os grevistas, não consegue tomar qualquer providência dissuasória.
A irresponsabilidade dos policiais com os braços cruzados tem a ver, sobretudo, com a tibieza e covardia da mídia que não consegue vocalizar a reação de uma sociedade desamparada e traída.
Toda a energia e destemor da nossa imprensa parece concentrar-se no esforço para derrubar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Não sobra vitalidade nem galhardia para colocar-se a serviço daqueles que confiam nos meios de comunicação como defensores de seus interesses e necessidades.
Seria noticia diária na primeira página, em qualquer país do mundo, uma greve deste porte num órgão federal encarregado de defender os cidadãos e o Estado. Editoriais rigorosos poderiam levar um pouco de ponderação e espírito público aos grevistas e, ao mesmo tempo, reforçar a autoridade do governo. Para isto é preciso um pouco mais de coragem.