Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Erivaldo Carvalho

“‘Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data’ Luis Fernando Veríssimo, escritor brasileiro

Olá, leitores e internautas. Foram três contestações às manchetes do O POVO, em um intervalo de quatro dias. Edição do último dia 24, sobre execução orçamentária no Ceará: ‘Estado gasta apenas 23% da verba para a seca’. A base do índice foi o Tribunal de Contas do Estado (TCE). No dia seguinte, o secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, rebateu a informação, no próprio jornal. Na segunda-feira, 27, manchetamos a Copa das Confederações. ‘Relatório aponta os riscos de segurança em Fortaleza’. A origem da informação foi um estudo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Mais uma vez, houve ‘divergência’, termo usado pelo jornal para o que a Abin chamou de manchete ‘imprudente e capaz de levar a conclusão equivocada’. Mas o pior estaria por vir. No mesmo dia 28, quando o jornal publicava a contestação da manchete anterior, o destaque da edição, que abordou o acesso à internet gratuita no Ceará, era o seguinte: ‘Cinturão digital beneficia apenas sete municípios’. A fonte foi a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice). Na edição posterior (quarta, 29), uma grande chamada de capa resumia a situação: ‘O POVO errou: 48 cidades possuem conexão do cinturão digital’.

Alguns pontos chamaram a atenção deste ombudsman. Vale registrar, de início, que todas as manchetes adotaram o tom de cobrança ou crítica na respectiva área de cobertura. Um desses sinais é o termo ‘apenas’ em duas das três manchetes. Por isso, é até previsível que as autoridades em questão revidem dos dados apresentados. Mas não se trata disso, já que todos os conteúdos publicados foram geradas a partir de informações oficiais, fornecidas ou disponibilizadas pelos órgãos públicos.

Redação: o problema é do governo

As manchetes sobre os gastos com a seca e o relatório da Abin foram produzidas pela editoria de Política. Vejamos o que diz o jornalista Gualter George, editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, que abrange a área: ‘Sob o meu ponto de vista, se há ‘problemas’ nas matérias eles dizem respeito ao governo do Estado, não ao nosso noticiário. Nos dois casos observamos todos os cuidados que as abordagens requeriam, fomos ao limite do que era possível dizer e trabalhamos relatórios oficiais produzidos, respectivamente, pelo TCE e pela Abin. A versão oficial do governo nunca deixou de se fazer ouvida. No caso dos gastos da seca, mantivemos os 23% porque este foi o índice votado no parecer que os conselheiros aprovaram.

Não nos cabia, portanto, ‘inventar’ um outro número, embora deva informá-lo de que desde então fizemos vários contatos com a secretaria do Desenvolvimento Agrário, para que nos fosse fornecido o índice que o governo considera correto. O que sabemos é que até hoje os técnicos não conseguiram fechar a conta’.

Sem comparação

Segue o editor-executivo de Conjuntura: ‘Quanto ao relatório da Abin e a Copa das Confederações, nada tenho a acrescentar em relação ao que está exposto na Nota de Redação publicada na edição de 28/5. O resumo é que o material que publicamos não traça comparativo entre as cidades e não diz que tivemos acesso ao tal relatório, principais pontos de contestação da agência’.

O erro e a aprendizagem

O ombudsman também pediu retorno ao Núcleo de Negócios, responsável pela manchete sobre o cinturão digital. O editor-executivo da área, jornalista Jocélio Leal, enviou a seguinte declaração: ‘Houve erro do jornal ao confundir município com prefeitura. Em verdade, havia seis prefeituras usufruindo da Internet oferecida pelo Cinturão Digital e compartilhando o acesso em áreas públicas por meio de wifi, mas não seis municípios. Considerando o acesso oferecido em diversas unidades do Governo, são, conforme retificação publicada no dia seguinte, 48 municípios atendidos. O POVO errou e foi direto ao admitir o erro. O episódio motivou discussão interna no Núcleo sobre procedimentos de apuração e edição’.

Até domingo.

FOMOS BEM

OPERAÇÃO VIL METAL.

Mostramos abrangência na cobertura da ação do Ministério Público Estadual

FOMOS MAL

INGRESSOS PARA A COPA.

Bagunça no 1º dia de entrega merecia posição muito mais firme do jornal”