Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Lacerda vs. Samuel Wainer

[do release da editora]

O livro joga luz sobre o conflito entre os jornalistas Carlos Lacerda, fundador da Tribuna da Imprensa e Samuel Wainer, criador da Última Hora. O que parecia apenas uma briga entre jornalistas concorrentes se transformou em uma crise política nacional.

A principal matéria da edição da Tribuna da Imprensa de 20 maio de 1953 acusava Samuel Wainer de ter fundado o jornal Última Hora com empréstimos irregulares obtidos no Banco do Brasil. A reportagem tinha como base as declarações do interventor do instituto oficial de crédito, que fiscalizava o vespertino de Wainer. A função dele era garantir o pagamento dos recursos emprestados. A manobra financeira teria sido possível, conforme especulou o vespertino de Carlos Lacerda, em razão dos vínculos de amizade entre Wainer e o presidente Getúlio Vargas. A equipe da Última Hora procurou desmentir a denúncia.

Em uma reviravolta, Natalício Norberto, repórter da Tribuna da Imprensa, foi até a redação do jornal de Samuel Wainer declarar não ter certeza se havia, de fato, entrevistado o interventor do Banco do Brasil na Última Hora. Como o contato havia sido feito por telefone, Norberto tinha dúvidas. Mesmo assim, a matéria acabou publicada.

Diante do revés, Carlos Lacerda resolveu atacar. Iniciou uma campanha para provar que Samuel Wainer só havia fundado o jornal Última Hora após ter obtido indevidamente uma série de empréstimos no Banco do Brasil. Era o início da crise. Com o passar dos dias, o conflito ganhou novos personagens e acontecimentos. O deputado federal Armando Falcão propôs a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para investigar as empresas de Wainer.

Pesquisa detalhada

Assis Chateaubriand, o poderoso dono dos Diários Associados, preocupado com a concorrência do jornal Última Hora, abriu espaço na TV Tupi, revista O Cruzeiro e seus diversos jornais para a campanha movida por Carlos Lacerda. Contaminada pelas denúncias, a oposição elevou o tom das críticas ao presidente da República. A crescente tensão política teve o conhecido desfecho trágico em 24 de agosto de 1954. Os desdobramentos do Caso Última Hora se estenderam até os primeiros meses do governo de Juscelino Kubitschek.

O livro Caso Última Hora– A crise que mudou o curso da história é fruto de um trabalho de cinco anos. A ideia surgiu em 2005 quando Maikio Guimarães, autor da obra, ainda cursava a faculdade de Jornalismo. Após entrevistar o repórter Joel Silveira, conhecido como o “víbora”, Guimarães percebeu que o episódio merecia uma pesquisa aprofundada. O autor recupera os principais acontecimentos da crise através do que Carlos Lacerda e Samuel Wainer escreveram nos seus respectivos jornais. É o resgate de um fato importante, mas pouco conhecido da nossa História.