Desde moço, quando já rabiscava poemas e contos, Edson Flosi queria viver da escrita. Virou jornalista em 1960.
Após trabalhar numa publicação do PCB e em dois veículos dos Diários Associados, entrou para a Folha de S.Paulo. Ficaria no jornal por cerca de 15 anos, divididos em duas passagens entre os anos 60 e 80.
Nesse meio tempo, passou pelo Jornal da Tarde e O Globo e teve uma agência de publicidade, que não engrenou, como conta o filho Edson.
Em seu blog, Flosi conta ter participado “da última geração do jornalismo romântico, praticado por intelectuais e autodidatas”. Um “jornalismo de rua”, como escreveu.
Era repórter de polícia. Aos 46 anos, porém, formou-se em direito –entrara na faculdade no mesmo ano que a filha Nancy, defensora pública– e virou advogado criminalista. Continuou como jornalista até 1990, quando encerrou a carreira no Notícias Populares.
A partir de 1996, o autor de livros como Por Trás da Notícia (2012), em que comenta suas reportagens, ensinou legislação e práticas judiciárias a estudantes de jornalismo da Cásper Líbero, onde também foi assessor da diretoria. O filho diz lamentar que o pai não tenha escrito um livro sobre a luta armada no Brasil, tema que dominava.
No ano passado, em tratamento contra um câncer, foi demitido da faculdade, o que gerou protesto dos alunos. A Cásper Líbero convidou-o a voltar, mas Flosi recusou.
Tratava um câncer de próstata há sete anos, sem largar o cigarro. Morreu ontem, aos 73, em decorrência da doença. Teve três filhos e quatro netos. A cremação está prevista para hoje [6/6], em São Paulo.
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Estêvão Bertoni, da Folha de S.Paulo