Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Humor dentro e fora do palco

Mesmo antes de Miguel Falabella, Marisa Orth, Aracy Balabanian, Luis Gustavo e Márcia Cabrita subirem ao palco para reviver o humorístico Sai de Baixo, já deu para se ter uma ideia de como será o clima dos quatro novos episódios que os atores gravarão – bastou ouvir as gargalhadas dos jornalistas e deles mesmos na entrevista coletiva que concederam anteontem, em São Paulo. Por ter uma das melhores audiências do canal Viva, que reprisa o humorístico exibido pela Globo entre 1996 e 2002, o canal pago decidiu fazer edições especiais do programa, que começaram a ser gravadas ontem (4/6), no Teatro Procópio Ferreira.

Onze anos depois, algumas rugas podem ter surgido, mas “o elenco mantém a silhueta” – é ao menos o que diz o kit distribuído à imprensa. “Não temos a mesma agilidade de 17 anos atrás, mas estar no palco com essas pessoas é uma honra. O grande barato é o nosso reencontro. É um palco onde fomos muito felizes. Vivemos tudo ali, foi uma montanha russa. Aprendemos a trabalhar uns com os outros”, relembra Falabella.

A história dos novos episódios, que serão exibidos semanalmente a partir da próxima terça, se passa nos exatos 11 anos depois da última aparição. Caco Antibes (Miguel Falabella), Magda (Marisa Orth), Cassandra (Aracy Balabanian) e Vavá (Luis Gustavo) recebem um convite anônimo para comparecer ao apartamento onde viveram – imóvel que Vavá perdeu por não pagar o condomínio. Ao chegarem lá, descobrem que quem os chamou foi Neide (Márcia Cabrita), a ex-empregada deles, que ficou rica. “Dou uma humilhada neles”, adianta Márcia. Na rebarba da PEC das domésticas, Artur Xexéo, autor do roteiro, criou uma trama em que Neide enriqueceu depois de processar uma ex-patroa que não pagava seu FGTS.

Fazíamos para as fileiras de amigos

Além do elenco, 90% da equipe técnica que trabalha nas novas gravações dava expediente no Sai de Baixo quando ele estava no ar. Profissionais que se mudaram para outras cidades retornarão a São Paulo somente para o programa. Do time de atores, apenas Tom Cavalcante, o porteiro Ribamar, e Claudia Jimenez, a primeira empregada, Edileuza, não participarão. A atriz não quis integrar os novos episódios. “Acho uma pena”, lamenta Falabella.

Assim como nos velhos tempos, os protagonistas garantem só ensaiar no dia de cada apresentação e afirmam não ter decorado o texto. “A gente não sabe o formato, só vai fazer amanhã”, disse Aracy, na segunda-feira. A atriz confessou que havia pedido para deixar o humorístico nos primeiros capítulos. “Não conseguia fazer, sou riso frouxo. Pedi ao Daniel (Filho, então diretor) para sair, expliquei a ele que não sabia fazer. Eles faziam tanta palhaçada e eu fazia um esforço”, revela a artista, que foi convencida a ficar.

Tanto o elenco quanto a plateia eram essenciais para a dinâmica da atração. “Nós víamos as fileiras de amigos, fazíamos para eles”, conta Falabella, que se incomodou certa vez com um grupo de mulheres que não reagiam às piadas como ele esperava. “Mandei tirar as velhas da frente. Aí, veio a Aracy e falou: ‘Cadê as minhas irmãs?’”, diverte-se. “Todas as minhas irmãs já morreram”, avisa a atriz.

“A Dilma me pediu convite”

Os convites para assistir às novas gravações foram o assunto mais comentado entre os atores, que afirmam ter recebido apenas seis cada um. Porém, a direção do Viva informou que foram distribuídos 80 para o elenco. “Eu tive de dar para o ortopedista, cardiologista, tenho uma equipe médica. Hoje, não fico mais de 20 minutos de pé. Acho que, lá, vou cair na coxia”, brinca Luis Gustavo, de 79 anos. “Tinha até ex-namorada do meu marido pedindo convite”, completa Marisa Orth.

Em tempos de ascensão da classe C, Caco Antibes, que tem horror aos menos abastados, deve surpreender. “Ele está apavorado. Imagine ele nos aeroportos. Caco virá da Dinamarca. A Magda está perdida em Cumbica desde então”, diz o ator. A personagem de Marisa Orth também deve aparecer da mesma maneira. “Roupas ousadas só do fêmur para baixo”, faz graça a atriz.

A declaração da presidente Dilma Rousseff, que diz gostar muito do programa, mexeu com o elenco do Sai de Baixo. “Acho carinhoso. Os presidentes não têm o hábito de se referir às manifestações artísticas. Acho que desde Getúlio (Vargas) os presidentes não vão ao teatro”, comenta Falabella. “A Dilma também me pediu convite”, brinca Luis Gustavo.

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João Fernando, do Estado de S.Paulo