Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 299
>>Entendimento limitado
>>Kirchner manipula mídia

Entendimento limitado


Volta-se a falar de um entendimento amplo em torno de uma reforma política que já foi muitas vezes dada como inadiável. A melhor janela de observação será a campanha eleitoral deste ano. A maneira como os eleitores vão dizer sua palavra é a principal baliza da discussão que se seguirá. Mas o quadro de opções, tanto partidárias quanto programáticas, é limitado. O próprio método de formular propostas a partir de pesquisas de opinião é uma limitação.


Radiodifusão caótica


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, chama a atenção para a monumental confusão em que está imersa a política de radiodifusão no Brasil.


Egypto:


– O governo brasileiro optou pelo padrão japonês de TV digital e comemora o feito como um grande avanço tecnológico na radiodifusão. É, de fato, pode ser. Mas ainda não se definiu um modelo de negócios consistente e nem se conhece movimento algum no sentido da discussão – mais que necessária – de uma lei geral de comunicação de massa.


Um levantamento recente do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação revelou que cento e quarenta e cinco emissoras de televisão do país – que são concessões públicas – operam com outorgas vencidas, algumas há mais de quinze anos.


E depois que a Folha de S. Paulo publicou, no domingo retrasado, reportagem em que revelava a persistência do antigo hábito de beneficiar políticos com concessões de rádio e TV, a Câmara dos Deputados decidiu criar uma subcomissão para rever as normas de concessão vigentes no país. Isso num ano de eleições, no meio de uma Copa do Mundo…


Resultado: a ausência de controles públicos e a falta de um marco regulatório indicam que a política de radiodifusão no Brasil está à beira do caos. O que é ruim, muito ruim para o país.



Campeã de oba-oba


De todos os telejornais, o que mais dá espaço para o noticiário da Copa é o Jornal Nacional. Em prejuízo de outros assuntos, se não mais, já que se trata do Brasil, ao menos igualmente relevantes. O mais dramático é que a cobertura é muito ruim. Ontem, só Parreira falou com realismo do desempenho medíocre da Seleção no jogo contra Gana. O resto foi um festival de confetes. Parece que pega mal falar a verdade.


Kirchner manipula mídia


A correspondente do Globo em Buenos Aires, Janaína Figueiredo, traça um quadro preocupante das pressões contra a liberdade de imprensa na Argentina.


Janaína:


– O jornal Perfil, um dos principais veículos da imprensa que são opositores do presidente Néstor Kirchner, decidiu entrar com uma ação na Justiça contra o governo por não receber dinheiro da publicidade oficial. A revista do mesmo grupo, que se chama Notícias, que tem a maior tiragem aqui na Argentina, também não recebe. Os meios mais pró-governo, por exemplo o jornal Clarín, que é o principal jornal da Argentina, recebem uma grande quantidade de recursos da publicidade oficial e, obviamente, isso condiciona a publicação de informações. O Clarín tem uma atitude mais favorável ao governo, tem uma opinião muito positiva, em geral, em relação às ações do governo. Outros jornais, como o La Nación, que é um jornal opositor ao governo Kirchner, estaria numa posição menos privilegiada nesse sistema de distribuição dos recursos da publicidade oficial. E está-se discutindo muito aqui na Argentina é o grau de manipulação que o governo Kirchner está exercendo sobre a imprensa. Dizem que os jornalistas, os chefes de redação recebem telefonemas diários de funcionários do governo, sobretudo do braço direito do presidente, que é o chefe de gabinete, Alberto Fernandes, dizendo o que pode e o que não pode ser publicado. É uma discussão que neste momento está esquentando.


Mauro:


– Janaína Figueiredo diz que esses métodos não são novidade na carreira política de Néstor Kirchner.


Janaína:


– Quando Kirchner foi governador da província de Santa Cruz, uma província de 200 mil habitantes, no sul da Argentina, durante 12 anos, ele exerceu um controle rigorosíssimo da imprensa em Santa Cruz , isso todo mundo concorda. Ele continua controlando os meios de comunicação, os jornais, as rádios, é quase impossível encontrar um meio de comunicação importante em Santa Cruz que seja opositor.