Tecnologia é o investimento estratégico
É possível que o maior interesse na discussão em torno do álcool combustível esteja no futuro da tecnologia que o Brasil desenvolveu nessa área. Ao longo da semana, alguns especialistas, entre eles o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, tocaram no assunto, abordado hoje em artigo na Gazeta Mercantil pelo diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique Brito Cruz. Não se trata de bater no peito para comemorar os avanços já obtidos, mas de entender que, sem investimentos, eles tendem a ser superados por concorrentes do Brasil. Terra sobrando, sol, chuva na hora certa e mão-de-obra barata são atributos para um grande produtor de commodities. Mas exportar tecnologia rende muito mais.
Cartéis
A Secretaria de Direito Econômico instaurou processo administrativo para investigar suposto cartel de fabricantes de cimento. Cartéis, no passado e no presente, são um ângulo importante para se entender o pré-capitalismo brasileiro.
Álcool virou etanol
Alberto Dines faz duas perguntas relacionadas à cobertura jornalística da visita do presidente George W. Bush.
Dines:
– Duas perguntinhas relacionadas com a visita do presidente Bush ao Brasil:
1) Por que nossa mídia está usando a palavra etanol em vez de álcool? Se os dois nomes referem-se ao mesmo produto e se usamos o álcool nos carros desde 1975, quando começou o Pro-Álcool por que, de repente, nossa mídia adotou o modismo do etanol, oriundo do inglês? Para ficar mais chique? Experimentem ir a um posto de gasolina e pedir ao atendente para encher o tanque com… etanol. Justo no momento em que os Estados Unidos se curvam diante de nossa tecnologia e da nossa inventividade, a nossa mídia volta ao antigo “entreguismo” e entrega-se à velha fantasia de imaginar-se americana. Pelo menos ainda não estão escrevendo etanol com o “h” depois do “t”.
2) A outra pergunta: “visita de trabalho” só pode realizar-se em São Paulo? Por acaso não se trabalha em Brasília? Todas as visitas de chefes de estado são encontros de trabalho para firmar acordos negociados com muita antecedência. A verdade que a mídia não revelou é que o Itamaraty não queria receber Bush na Capital Federal para desobrigar-se das inevitáveis pompas protocolares. Pretendia assumir uma certa superioridade diante do poderoso chefão, mas quem está pagando o pato desde ontem é o paulistano torturado pelo caos no trânsito. Para não parecerem “entreguistas” nossos diplomatas entregaram São Paulo à prefeitura de Bagdá.
Sumiu a Força Nacional
Ontem, no programa de televisão do PMDB, onde, para variar, aparecia um Brasil cenográfico maravilhoso, o governador Sérgio Cabral Filho mencionou a presença no Rio de Janeiro da Força Nacional de Segurança, que anteontem esteve absolutamente ausente da tomada de um paiol no chamado Complexo do Alemão. Ausência que a mídia não registrou. A mídia só esporadicamente se lembra da presença da Força Nacional no Rio. No final de janeiro, o jornalista Carlos Amorim, autor do livro CV_PCC – A Irmandade do Crime, explicou neste programa por que a Força Nacional foi mandada ao Rio para não fazer nada de importante:
Amorim:
– O governo quer a presença da Federação. E o estado não pode admitir a presença da Federação, a não ser de uma maneira negociada, como essa aí que o Sérgio Cabral negociou: OK, pode mandar vir a força de segurança, eu quero. Mas bota num lugar onde ela não é útil.
Mauro:
– A mídia se apressou em badalar a chegada da tal Força Nacional, mostrou-a garbosa, em desfiles onde até efeitos especiais de fumaça foram produzidos, depois noticiou uma incompreensível fiscalização de estradas em pontos anunciados ao distinto público, e pouco mais. Explicação: a mídia é viciada em pautas fabricadas pelos governantes.
As contas do tribunal
O deputado Paulo Maluf reagiu ontem, com uma nota, ao indiciamento dele, de seu filho Flávio e de outros três acusados de roubalheira em obras públicas durante sua passagem pela prefeitura paulistana na década passada. Destacou que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município. Nesse e em outros casos, quem merece ser objeto de investigação jornalística é o Tribunal de Contas.
Lula convida Franklin Martins
O repórter Kennedy Alencar noticia hoje na Folha que Franklin Martins foi convidado pelo presidente Lula para ser seu próximo secretário de imprensa. André Singer colocou o cargo à disposição no final de 2006. Franklin ainda não deu resposta definitiva.