Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

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O pacto republicano

Os jornais noticiam hoje, mas não transmitem muito entusiasmo com o pacto assinado ontem entre os representantes dos três poderes da República.

O chamado “pacto republicano”, anunciado como uma série de medidas legislativas criadas em consenso entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, tem como objetivo principal conter os chamados abusos de autoridade.

Nenhum jornal estranhou a ausência de outras metas a serem perseguidas no esforço de conciliação entre os poderes.

Não há citação, por exemplo, à avalancha de denúncias de irregularidades que vem minando a reputação do Congresso Nacional desde a reabertura dos trabalhos legislativos.

Os proponentes do acordo restringem seu alcance aos efeitos das ações policiais escandalosas mas, ao discutir os casos de abuso de autoridade, também anunciam restrições à atuação das Comissões Parlamentares de Inquérito, usadas rotineiramente como arma de pressão política e instrumento de disputas eleitorais.

Como todas as propostas deverão ser submetidas a votação na Câmara e no Senado, no final das contas quem vai decidir o que passa e o que será rejeitado serão os parlamentares, que são parte do problema.

Por exemplo, uma das medidas em discussão está resumida num projeto de lei do deputado Raul Jungmann, do PPS de Pernambuco, que prevê pena de até oito anos de prisão para autoridades que cometerem abusos.

Entre esses supostos abusos estariam a exposição de presos à imprensa, o uso de algemas de forma indevida e o vazamento de informações sigilosas por parte de investigadores e procuradores.

O jornal O Estado de S.Paulo observa que medidas como essa podem inibir a ação policial e fragilizar as autoridades no combate ao crime.

Não há como escapar de certa interpretação maliciosa sobre determinadas medidas propostas no pacto.

Nas mesma edição em que anunciam o acordo entre os três poderes, os jornais noticiam o afastamento do delegado Protógenes Queiroz, por tempo indeterminado, de qualquer função na Polícia Federal.

Protógenes é aquele delegado federal que prendeu e exibiu algemado, para a imprensa, o banqueiro Daniel Dantas, tido como homem de excelentes relações nos três poderes da República.

A nova classe média

A revista Exame/i> colocou nas bancas uma edição especial sobre oportunidades de negócios com a nova classe média brasileira.

São cerca de 80 milhões de pessoas, a maioria delas recentemente promovida a um novo patamar de cidadania por conta da economia estável e em crescimento nos últimos anos e impulsionada por políticas sociais de transferência direta de renda.

A imprensa também se beneficia do surgimento dessa nova classe média, que, em sua ascensão social, precisa de informações sobre tudo.

É em cima dessa ampla fatia de mercado que crescem os jornais de distribuição gratuita nas grandes cidades e especialmente os chamados jornais populares.

Sem deixar de lado a lembrança de que a maioria dos jornais criticou constantemente essas políticas sociais, convém observar que as grandes empresas de comunicação vêm se beneficiando do surgimento dessa nova classe média.

A maioria dos jornais destinados a esse público pertence às mesmas empresas de comunicação que são donas dos principais jornais do País.

De certa forma, os bons resultados com os jornais populares ajudam essas empresas a enfrentar a crise da queda de leitores nos seus títulos principais.

Mas nem tudo é consenso. Será que os chamados jornais populares estão cumprindo sua missão de bem informar esse novo público?

Alberto Dines:

– É ruim para o bom jornalismo a explosão dos jornais populares? A grande imprensa deve temer o crescimento da imprensa popular? As duas imprensas competem ou complementam-se?

Você não precisa ser jornalista para discutir o que se passa no mundo do jornalismo, basta ser leitor. O Observatório da Imprensa é um projeto destinado àqueles que lêem jornal de outro jeito.

Hoje, na TV-Brasil, ao vivo, em rede nacional, às 22:40. Em S.Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TV-A.