Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 6
>> Transposição das águas do São Francisco
>> Agressões à liberdade de expressão
>> Nova reserva de mercado?

 

Transposição das águas do São Francisco

 

Não esperem encontrar nos jornais desta quarta-feira, 11 de maio,algum material relevante sobre o projeto de transposição das águas do São Francisco. O aviso de edital para a licitação da obra já foi publicado.

 

É mais um mega-assunto que a mídia brasileira prima em abordar de modo insatisfatório. E olha que a proposta foi feita pela primeira vez há um século e meio.

 

Agressões à liberdade de expressão

 

Dines:

 

– Mauro: ontem à noite, pouco antes de iniciarmos a edição do Observatório pela televisão, fomos informados de que Jorge Kajuru foi novamente condenado pela Justiça goiana em outro processo que lhe move o dono do jornal O Popular. Somando-se as condenações, Kajuru ficará preso três anos e dois meses.

 

Mas, como a empresa jornalística entrou com um total de cinco ações, e ainda faltam três, que certamente serão acolhidas pelo magânimo magistrado, Kajuru pode passar meia dúzia de anos em prisão domiciliar. Domiciliar, diga-se, fora do seu domicílio, já que há muito tempo mora em São Paulo.

 

O caso era inédito, e agora vai entrar para o livro dos recordes.

 

Os governantes que ora visitam Brasília vão adorar… desde que a grande imprensa não esconda essa informação.

 

Mauro:

 

– Dines: infelizmente, os jornais não dão uma palavra hoje sobre o caso Kajuru. E também não dizem nada sobre a interdição do livro de Fernando Morais.

 

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, jornalista Maurício Azedo, fez ontem à noite, no Observatório da Imprensa na televisão, um comentário muito preciso. Azedo disse que uma defesa mais firme da liberdade de expressão não depende dos donos de jornais, mas sim dos jornalistas que estão no comando das redações.

 

Dou meu depoimento pessoal a respeito da cobertura do grande comício pelas Diretas-Já no Centro de São Paulo, em 25 de janeiro de 1984. Quando aquela edição do Globo foi programada, havia uma ordem, atribuída ao dono do jornal, Roberto Marinho, para que o assunto fosse tratado ‘abaixo da dobra’, em duas colunas de 75 linhas de texto, sem foto. Abaixo da dobra quer dizer: na metade inferior do jornal. E um texto de duas colunas não poderia ser um título forte da página. Com 75 linhas, não poderia ser comprido.

 

Ao longo do dia, o editor de Política, Luiz Alberto Bettencourt, entrou e saiu dezenas de vezes da sala do editor chefe, Evandro Carlos de Andrade, reivindicando mais espaço para aquele fato da maior relevância. Evidentemente, 200 mil pessoas no Centro de São Paulo, na Praça da Sé, contituíam um acontecimento político relevante. E LuizAlberto acabou conseguindo. O comício pelas Diretas ganhou manchete de página e foto.

 

Isso para não falar da antológica capa do Jornal do Brasil sobre a derrubada do presidente do Chile, Salvador Allende, em setembro de 1973. Você, Dines, fez em plena ditadura militar essa capa, que virou item de antologia de jornalismo, sem pedir licença ao dono do jornal.

 

Nova reserva de mercado?

 

Solitário, o Estado de S. Paulo aborda em reportagem no caderno de Economia um projeto de lei que pode criar uma reserva de mercado para internet e tevê por assinatura. O jornal diz que a nova legislação protegeria grandes grupos de comunicação, como a Globo, da competição internacional.

 

É um assunto da maior importância, porque diz respeito à produção de conteúdos. Poderia haver uma redução de opções oferecidas ao público brasileiro na internet e na TV paga.