Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>O tom da campanha
>>Cercando o terreno virtual

O tom da campanha


Os jornais desta quarta-feira apresentam suas versões para a sabatina a que os principais candidatos à Presidência da República se submeteram em Brasília, em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria.


O Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo deram prioridade à mudança de estilo do candidato José Serra, destacando suas críticas ao governo e registrando que ele se apresentou mais agressivo do que em suas manifestações anteriores.


O Globo preferiu observar que tanto Serra como as ex-ministras Dilma Rousseff e Marina Silva repetiram promessas que vêm sendo feitas há quinze anos, como a da reforma tributária.


Em comum, os três diários de maior influência nacional registram o que deve ser o tom da campanha, quando as duas candidatas e o candidato se apresentarem ao vivo: muita cautela e pouca profundidade em assuntos polêmicos.


Talvez se devesse acrescentar à análise do desempenho das candidaturas uma observação do papel da imprensa durante a campanha.


Se os protagonistas da disputa eleitoral, condicionados ou não por seus assessores de comunicação, se negam a penetrar mais profundamente no debate sobre os grandes temas nacionais, como parecer ser a tendência, cabe à imprensa enriquecer o noticiário a respeito da campanha com informações complementares que ajudem o eleitor em sua escolha.


Existe aqui, porém, o risco de uma armadilha: pode-se confiar numa cobertura equilibrada por parte da imprensa?


A história recente mostra que a maioria dos grandes jornais preparou minuciosos projetos para o acompanhamento das últimas eleições presidenciais, prometendo distanciamento das preferências políticas de seus controladores, mas em nenhuma dessas ocasiões a imprensa sequer chegou perto de proporcionar ao público uma cobertura equilibrada.


Neste ano, observa-se uma novidade curiosa: a candidata Marina Silva, cujo discurso ambientalista foi solenemente ignorado pela imprensa durante todo o período em que ela foi ministra, de repente começa a despertar simpatias na imprensa.


Ainda assim, os jornais passam longe dos temas que ela costuma levantar.


No debate desta semana, por exemplo, a senadora ofereceu a oportunidade de uma discussão sobre a sustentabilidade do desenvolvimento econômico, mas os jornais passaram ao largo do assunto.


A imprensa gosta de sangue. Prefere a briga de faca entre governo e oposição, que promete render declarações agressivas, dossiês e muita desinformação. 


Cercando o terreno virtual


Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:


– Foi prorrogado até a meia-noite do próximo domingo, dia 30, o prazo aberto pelo Ministério da Justiça para a consulta pública sobre o projeto do Marco Civil regulatório da internet no Brasil. O documento submetido a exame no site do Fórum de Cultura Digital é resultado de uma primeira bateria de consultas realizada no ano passado, e que recebeu 822 contribuições.


Depois de sistematizados pelo Ministério da Justiça – que trabalhou em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas do Rio – esses comentários ao texto-base resultaram num esboço de anteprojeto de lei que foi novamente levado ao debate público. Uma nova versão do texto deve incorporar sugestões dessa segunda rodada e a previsão é que até o fim de junho o anteprojeto de lei seja encaminhado à apreciação do Congresso Nacional.


O prazo inicialmente acordado para o recebimento de comentários e contribuições para essa consulta expirava-se no domingo, 23 de maio. Mas já quarta-feira passada (19/5), o blog “Radar”, do jornalista Lauro Jardim, informava que a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) havia solicitado ao Ministério da Justiça a prorrogação por três semanas do prazo para recebimento de sugestões.


Nota publicada no site do Fórum de Cultura Digital na sexta-feira (21/5) informava que Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça decidiria prorrogar a segunda fase da discussão por mais uma semana, em nome do “compromisso do Marco Civil da Internet com a participação popular”.


Valerá a pena acompanhar esse debate em razão do protagonismo que a internet tem assumido no mundo da informação e também nas relações sociais. E cumpre cuidar para que esse espaço democrático e libertário não se transforme numa terra de ninguém.