Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 257
>>Palocci e o PT indiciados
>>Plenário ficcional


Palocci e o PT indiciados


O indiciamento do ex-prefeito e ex-ministro Antonio Palocci pela polícia civil é uma síntese da tragédia brasileira, na qual um capítulo específico é ocupado pela derrocada do PT.


Plenário ficcional


Alberto Dines afirma que o plenário da Câmara é uma espécie de ficção midiática.


Dines:


– A imprensa criou a figura mítica do “plenário” e a sociedade acreditou que o conjunto dos deputados federais é soberano no julgamento dos ilícitos praticados por seus pares. Uma maioria não se arma por acaso sobretudo em ambientes com grande número de participantes. O tal “plenário” tem interesses comuns e tem, sobretudo uma Mesa Diretora que atende a estes interesses. Isso ficou claro na quarta-feira quando a Mesa Diretora da Câmara fingiu. Fingiu que limitava os gastos dos parlamentares com combustível depois da grita que se seguiu à denúncia do Globo. A Mesa estabeleceu o teto de 4.500 reais para o reembolso de gastos com combustível mas manteve a verba total indenizatória de 15 mil por deputado. Quando o representante do povo percebe que alcançou os quatro e quinhentos, simplesmente usa o saldo para justificar outras despesas. Pura maquiagem estatística armada pela Mesa Diretora. Os gastos com combustível vão certamente despencar mas os gastos totais serão mantidos. Quem denunciou a manobra foi a Folha de S. Paulo na sua edição de ontem, p. 10 Acontece porém que o título da matéria é enganoso: “Câmara limita gastos com combustível”. O certo seria dizer “Câmara finge que limita os gastos com combustível”. Fica evidente que “plenário” é figura de retórica, quem manda e desmanda é a Mesa Diretora.


Caminhos escusos


Dora Kramer trata hoje no Estadão de um problema gravíssimo: o estímulo a irregularidades e crimes que vem de cima, em alguns casos de declarações do próprio presidente da República.


Outros fazem a mesma coisa mas não têm a ingenuidade, ou a “desfaçatez”, como escreve a colunista, de dizê-lo publicamente.


Há uma espécie de conformismo generalizado diante dos caminhos escusos da política.


Dinheiros escusos


No Brasil todo se usam entidades sem fins lucrativos para contratar pessoas que não receberiam salários do funcionalismo. E não é de hoje. Acontece no governo de Rosinha Matheus, aconteceu durante a passagem de Marta Suplicy pela prefeitura de São Paulo, acontece atualmente na prefeitura paulistana e em centenas de outros governos.


O que talvez seja novidade é a triangulação de dinheiro para campanhas eleitorais denunciada agora no Estado do Rio.


Elite manchada


Na mesma esfera do financiamento escuso da política se situam denúncias sobre a segurança pública no Estado do Rio. O Globo antecipa nesta sexta-feira, 28 de abril, o conteúdo do livro Elite da tropa, gravíssima denúncia feita em forma de ficção por dois oficiais da Polícia Militar, um já reformado, e pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares. A elite seria o Bope, Batalhão de Operações Especiais, criado há quase 30 anos com outro nome.


Cada vez se sabe mais sobre a politização e a corrupção da polícia no Estado do Rio. Em muitos casos, politização e corrupção inextricavelmente ligadas.


Festa de jornalistas


Jornalistas de diferentes gerações que passaram pelo Jornal do Brasil promoveram na noite de quarta-feira (26/4), no Rio de Janeiro, um reencontro. A iniciativa não teve nada a ver com a empresa. O antigo editorialista Wilson Figueiredo era o mais idoso, aos 82 anos, e também o que passou mais tempo no jornal: 47 anos. Ele fala da reunião.


Figueiredo:


– Jornalistas não são afeitos a esse tipo de encontro. Quase sempre o encontro é de trabalho, ou depois do trabalho, para se refazerem do dia. O pessoal do Jornal do Brasil se reuniu com outro espírito. Com apenas uma certa solidariedade em relação ao passado. O reencontro de gente que não se via ao longo do tempo. Foi realmente uma festa do coração, da afetividade. E é bom saber que o jornalista não é apenas um escandaloso, denuncista… (riso), ele tem também esse lado sentimental. Teve gente que saiu das páginas do jornal, gente que saiu do passado, gente que saiu de todo lugar.


Açúcar amargo


A Gazeta Mercantil denuncia hoje em reportagem as condições miseráveis de bóias-frias na cidade de Dois Córregos, região de Jaú, interior paulista. O título é “Na explosão dos canaviais, o açúcar pode ser amargo”.


À margem da democracia


Não são só os sem-terra e outros movimentos sociais que fazem manifestações sem pedir licença às leis do país. Agricultores usam métodos semelhantes, só que com muito mais dinheiro e apoio de prefeitos.


Vale repetir: o país cedo ou tarde terá de decidir como enfrentar esse tipo de situação, num contexto em que a representação política é frágil e está desmoralizada.


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