Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>O esquecido Patriota
>>Jornais procuram leitores

O esquecido Patriota


A Rede Globo mostrou ontem reportagem com grave denúncia contra o irmão do ministro Antônio Palocci, Ademar Palocci, e a direção do PT de Goiás. Cinco partidos foram festivamente ao Conselho de Ética contra o deputado Severino Cavalcanti. A deputada estadual Cidinha Campos, do Rio, disse que o ex-deputado Bispo Rodrigues mandou matar um deputado. E o operístico Roberto Jefferson promete cantar hoje na Câmara.


Esse atropelo faz com que fatos importantes acabam sendo esquecidos, como destacou ontem à noite no programa de televisão do Observatório da Imprensa o jornalista e ex-deputado Milton Temer ao comentar que, durante a entrevista coletiva dada pelo presidente da Câmara, ninguém se lembrou da confessada participação, no episódio Sebastião Buani, do deputado Gonzaga Patriota, do PSB de Pernambuco.


Falta de decoro


No domingo, a maneira como o deputado Severino Cavalcanti se referiu ao deputado Fernando Gabeira e a outros cidadãos, e, ontem, a encenação do deputado revanchista Jair Bolsonaro são episódios que ensejariam processos por quebra do decoro parlamentar.


Bastidores da crise


A reportagem de Cristiano Romero que o jornal Valor publica nesta quarta-feira, 14 de setembro, sobre a briga interna do governo dentro da briga no setor de telecomunicações, leia-se banqueiro Daniel Dantas, leva a um novo patamar a explicação das origens da crise do “mensalão”. É hora de se voltar a investigar como chegou à Veja a famosa fita que mostrou Maurício Marinho recebendo propina nos Correios.


Nas entrelinhas da reportagem se pode entender também como é difícil desfazer a trama dos dinheiros escusos quando o assunto pode indiretamente envolver, na qualidade de líder histórico e de fato do PT, o presidente da República. Isso explica o comportamento de José Genoíno ontem. Pior ainda é enfrentar um sistema de forças constituído pelos chefes dos dois poderes mais importantes da República, ambos respaldados por mandatos obtidos em eleições.


Essas circunstâncias só fazem crescer a necessidade de que a imprensa apure com competência e exponha com serenidade todos os fatos relevantes.


Jornais procuram leitores


O editor do Observatório da Imprensa online, Luiz Egypto, fala do desafio de atrair leitores colocado para a mídia impressa.


Egypto:


– A partir de domingo que vem, e até o dia 21, ocorrerá em Buenos Aires a Sexta Conferência Mundial de Jovens Leitores, convocada pela Associação Mundial de Jornais. O encontro deve reunir editores, educadores, gerentes de marketing e coordenadores de projetos de educação bancados por empresas de mídia.


Esse pessoal terá muito o que fazer nessa conferência. Está claro que o desafio crucial para o futuro da mídia impressa é atrair leitores jovens. Sabe-se que as tiragens estão em queda, mas há algo pior: pesquisas demonstram que o envelhecimento do público consumidor de jornais ameaça transformar o hábito de leitura em atividade típica da terceira idade.


Então, como reverter essa tendência? Conquistando leitores, claro. Sobretudo os leitores jovens, cada mais formados na internet e mais distantes do papel. Uma das formas para conseguir isso é a promoção de programas de leitura junto a escolas, principalmente as do ensino básico, utilizando o jornal como ferramenta de alfabetização. As empresas jornalísticas precisam acordar para isso. Antes que seja tarde.



Algemas polêmicas


O Jornal Nacional saiu pela tangente ontem, diante das críticas à façanha do repórter César Tralli durante a prisão, no sábado, de Flávio Maluf. Tralli se disfarçou de policial para filmar a colocação de algemas em Flávio. Na segunda-feira, a Rede Globo havia informado que a Polícia Federal abrira sindicância para apurar se o repórter havia sido favorecido. E tome editorial em defesa da liberdade de imprensa e da competência de Tralli para obter furos jornalísticos, quando não se tratava nem de uma coisa, nem de outra, mas de puro sensacionalismo. Ontem, a emissora se fez de tonta e Fátima Bernardes disse com ar compenetrado que a Polícia Federal retificou a informação: a sindicância tem outra finalidade, a de averiguar se o repórter Tralli correu risco ao participar da operação. Parecia um quadro humorístico.


Hoje tem Copom


No tempo em que os bichos não falavam, reunião do Copom, como a de hoje, costumava atrair muita atenção. Agora, porém, não mereceu primeira página nem dos jornais de economia. A idéia de uma economia imune à crise política é ilusão. Mas o fato de ter resistido a tantos escândalos políticos desde a última reunião do Copom mostra como o país, apesar dos pesares, já reforçou suas instituições.