Aula de política contemporânea
Os jornais de hoje trazem uma aula prática sobre o sistema político brasileiro. No Globo, Gerson Camarotti narra como está sendo enterrada a CPI da Navalha. Muito pouca gente no Congresso quer mexer com métodos de empreiteiras para fazer amigos e influenciar pessoas.
O Estadão condena em editorial o loteamento entre PMDB e PT de cargos no Banco do Brasil, já encaminhado, e na Caixa Econômica Federal, posto no horizonte.
No Painel da Folha, duas notas informam que a máfia do jogo era bem relacionada com Zeca do PT, duas vezes governador de Mato Grosso do Sul, mas depois da eleição do ano passado se aproximou do atual governador, André Pucinelli, e do prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, ambos do PMDB.
Dever de informar
Alberto Dines diz que compreende a irritação do presidente Lula ao ser perguntado sobre acusações a seu irmão Vavá, mas afirma que a mídia tem o dever de perguntar para poder informar.
Dines:
– O presidente Lula teve razão ao irritar-se em Berlim com a pergunta de jornalistas brasileiros sobre as trapalhadas do seu irmão, Vavá, envolvido na Operação Xeque-Mate? O presidente tem toda a razão, a sua irritação é compreensível, mas o jornalista que fez a pergunta não poderia omitir-se, a mídia tem obrigação de manter a sociedade informada. Pelo menos nos países democráticos. O presidente poderia ter dito a mesmíssima coisa sem a ponta de irritação que deixou escapar, ele é um craque da comunicação. Se ontem ficasse mais à vontade ao ouvir a pergunta, hoje a sua resposta não causaria nenhuma estranheza. É preciso não esquecer que o aplauso do PT a Hugo Chávez no caso do fim da concessão da RCTV, deixou muitos jornalistas preocupados. A decisão do PT foi apressada e impensada, pode esquentar novamente as relações governo-imprensa e até respingar na base aliada já que José Sarney foi quem comandou no Senado a reação contra o ato de Chávez. O caso Vavá é indigesto, o presidente não tem culpa pelo que faz o seu irmão mais velho, mas com esta Operação Xeque-Mate em curso, este não é um bom momento para dar um pito num repórter que cumpre com a sua obrigação. Nem é hora de colocar a imprensa em cheque.
RCTV na internet
A RCTV não aceita a retirada pelo governo Hugo Chávez de sua concessão de televisão aberta. A mais popular emissora venezuelana terá seus programas transmitidos pela concorrente Globovisión, também ameaçada pelo governo da Venezuela. E passou a usar todos os meios a seu alcance para chegar ao público. Um deles é a internet, de onde gravamos a abertura de um noticiário.
Locutor em “off”:
l El Observador.
Apresentadora:
l Olá, como estão, amigos? Bem-vindos à emissão de meio-dia de El Observador. Firme na defesa da liberdade e expressão, Rádio Caracas Televisión transmite esta emissão de meio-dia de El Observador enviando uma saudação aos amigos que neste momento nos ouvem através dos distintos canais do Hemisfério, assim como emissoras radiofônicas, em nossa página Web, internet em geral, e meios alternativos. A medida inconstitucional e ilegal que privou a RCTV de suas estações e transmissores dificulta mas não impede o cumprimento de nosso dever de informar.
l Mauro:
– O endereço é www.rctv.net. Pelo que se pode ver numa navegação rápida, o forte da programação da RCTV são novelas. Mais populares, ou popularescas, do que as da Globo.
Em meio ao conflito político na Venezuela emerge uma experiência muito interessante e imprevista da chamada convergência de meios. O Observatório da Imprensa foi pioneiro no caminho inverso: começou na internet em 1996. Em 1998 chegou à televisão e em 2005 ao rádio. Sem qualquer censura do governo. Ao contrário: o programa de televisão é produzido pela TV E, emissora do governo federal, e o programa de rádio pela Rádio Cultura FM de São Paulo, emissora pública paulista.
Lula chancela Chávez
Em entrevista a Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo, o presidente Lula disse que Chávez agiu democraticamente, porque concessão pode ser renovada ou não. Mas praticamente mandou um recado ao dizer que ficou mais difícil aprovar no Senado a entrada da Venezuela no Mercosul.
Mídia e disputa na Polícia Federal
O repórter Caio Junqueira informa hoje no Valor que o delegado Renato Porciúncula é o candidato mais forte para a sucessão de Paulo Lacerda no comando da Polícia Federal. A reportagem mostra como, tendo se tornado importante para a mídia, a Polícia Federal também resolve suas disputas com o uso da mídia.