TV pública
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, recebe hoje a direção do PT para debater um projeto de TV pública de abrangência nacional. A informação é do Painel da Folha.
Ecologia pedestre
Alberto Dines constata uma incoerência entre as preocupações ambientalistas da mídia e cadernos de automóveis.
Dines:
– Se existisse imprensa quando o Todo Poderoso alertou Noé para o Dilúvio a reação não seria tão frenética como a da última sexta e sábado quando foi divulgado em Paris o relatório sobre os efeitos desastrosos do aquecimento global. As previsões são tão claras, tão transparentes e cientificamente tão comprovadas que não sobra outro caminho senão levá-las a sério. A certeza quase absoluta de que o homem é o grande responsável pela transformação do clima agrava-se ainda mais quando se constata que todos são igualmente culpados, diligentes parceiros na preparação da catástrofe. Inclusive nós, brasileiros. Estamos acabando com os pulmões da Amazônia, com o que sobrou da Mata Atlântica, estamos acabando com o Pantanal e estamos desertificando os pampas. E, no entanto, há mais de 30 anos o Brasil reinventou o álcool-combustível, uma revolução verde capaz de neutralizar os efeitos perniciosos da queima da gasolina. Os jornais e revistas de sábado e domingo, como sói acontecer no primeiro fim-de-semana do mês, estavam carregados de anúncios de carrões espetaculares. Os fabricantes ofereciam câmbio automático, motores possantes, um deles prometia um notebook como brinde e outro jurava que seria capaz de colocar uma loura ao lado do motorista. O sistema flex de combustível, bi-combustível, criação brasileira, não entusiasmou fabricantes e concessionárias, nem mesmo entusiasmou os jornalistas que preparam as informações dos cadernos de classificados. Como se estivéssemos no melhor dos mundos, engrenamos uma segunda e partimos velozmente em direção do apocalipse.
O povo entre três fogos
A população de favelas e conjuntos habitacionais pobres do Rio enfrenta três fogos: traficantes e dois braços da Polícia, o oficial e as milícias. Os assassinatos se sucedem. Ninguém na mídia pergunta o que poderia fazer a Força Nacional para evitar isso.
O preço da vida
O professor Andrelino Campos é autor do livro Do Quilombo à Favela – A Produção do ‘Espaço Criminalizado’ no Rio de Janeiro, lançado em 2005. Ele não acredita que o projeto de reurbanização da Rocinha, anunciado em janeiro, seja um caminho efetivo para integrar à cidade populações hoje marginalizadas. Propõe solução mais radical.
Andrelino:
– Em dois ou três meses vou começar a fazer um levantamento do número de pessoas que morrem em conflito com polícia, não importa o que seja, em favela. Avaliando isso ao longo do tempo, eu tenho para mim que o custo social disso é maior do que reestruturar toda a favela, não como favela-bairro, não como outra coisa, mas remontar como bairro.
Alguém pode pensar assim: isso é extremamente difícil, porque não se tem dinheiro. Será que não custa mais caro para toda a sociedade a perda de vidas ao longo de dez, vinte anos do que o custo de remontar toda essa estrutura?
Quem diz que gosta de morar em favela em geral é um intelectual que está vendo de fora. Porque quem mora lá, na verdade, pode até ter uma identidade, mas dificilmente vai gosta de subir 70, 80 metros em dia de chuva, carregando compras, pessoas doentes descendo, e também a falta do próprio controle espacial.
Chávez e a mídia
O professor Antonio Carlos Peixoto deu ao Observatório da Imprensa uma entrevista em que recupera a trajetória da Venezuela no século XX até o advento de Hugo Chávez. Ontem os chavistas comemoraram os 15 anos de tentativa de golpe de Estado encetada por Chávez. No noticiário brasileiro não se menciona o que antecedeu o coronel. Nesta passagem, Peixoto constata o antagonismo entre Chávez e a mídia venezuelana:
Peixoto:
– [Chávez] Tem verdadeiro pavor da imprensa. Ele é gato escaldado. Porque toda a imprensa da Venezuela é contra ele. Ele meteu na cabeça o seguinte: eu tenho que ter controle de mídia, porque senão a imprensa fica despejando uma série de coisas contra mim, deblaterando, latindo contra mim… Essa é a percepção que ele tem. Ele acha – eu não estou discutindo se isso é verdade ou é mentira – que ele precisa de uma imprensa sólida e forte ao lado dele. Se possível, ele cala a boca da imprensa na Venezuela.
Clique aqui para ler a entrevista de Antonio Carlos Peixoto sobre a Venezuela.
Herói de redações
Surge um herói de redações americanas. É Dean Baquet, demitido do Los Angeles Times por se recusar a fazer demissões. Voltou ao New York Times.