Anunciado no início de 2005, o Observatório Nacional de Inclusão Digital (Onid) ainda não saiu do papel. O objetivo do observatório, que está sob a responsabilidade da secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do ministério do Planejamento, é agregar dados sobre iniciativas de inclusão digital em todo o país, tanto as do governo quanto de prefeituras, estados e organizações não governamentais.
A secretaria afirma que o atraso se deve a problemas com a programação do sistema de inclusão de informações, que está sendo desenvolvido pelo Banco do Brasil. ‘Ele ainda ele ainda está muito instável’, afirma Ana Carina Andrade, uma das integrantes da equipe do observatório.
Enquanto isso, a SLTI continua coletando dados sobre telecentros, mesmo que via email, forma mais trabalhosa de indexação. ‘Estamos em processo de cadastramento [de telecentros], ainda sem quantidade de registros suficiente para divulgar’, diz Cristina Mori, consultora do Programa de Inclusão Digital do governo. Até agora, já fazem parte do cadastro as 21 iniciativas do governo federal e algumas, ainda não contabilizadas de ONGs. A secretaria garante que assim que o sistema de coleta de informações estiver funcionando adequadamente, haverá uma campanha de divulgação do Onid para aumentar o número de cadastros. Não há, porém, certeza de quando isso vai acontecer. O secretário adjunto, Rodrigo Assumpção, diz que até o fim do ano os primeiros dados devem ser anunciados, mas que esse prazo pode ser menor ou maior.
A falta de informações sobre iniciativas de inclusão digital no Brasil é notória. Não há nenhuma pesquisa a nível nacional indicando quantos telecentros existem e a quantidade de pessoas que os utiliza, como mostra o texto da pesquisadora Rosa Maria Porcaro entitulado ‘Tecnologia da comunicação e informação e desenvolvimento: políticas e estratégias de inclusão digital no Brasil’.
O documento, feito a pedido do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que, apesar de haver informações sobre a penetração das tecnologias de informação e comunicação na sociedade brasileira, não é possível precisar o grau de inclusão digital da população brasileira. ‘Pode-se mesmo considerar a disponibilidade de informações TIC como um indicador do grau de inclusão de um país no âmbito da sociedade da informação. É, certamente, alta a correlação existente entre a escassez dessas informações, aí incluídos aspectos relacionados ao acirramento da desigualdade social, e o elevado índice de exclusão informacional do país’, escreve Porcaro.
Início
O Observatório Nacional de Inclusão Digital foi anunciado oficialmente em janeiro do ano passado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do ministério do Planejamento, mas já estava sendo preparado desde 2004. Ele começou a ser desenvolvido e, em outubro, durante a quarta Oficina de Inclusão Digital afirmou-se que em breve ele seria disponibilizado para o grande público.
Até agora, porém, nem a página de cadastro foi apresentada. A idéia original é de que ele se torne uma iniciativa independente do governo e passe a ser mantido por entidades de diferentes setores da sociedade, que produziriam estudos com base nos dados disponíveis.
O sistema pretende oferecer um panorama sobre a situação dos telecentros brasileiros, com informações sobre a quantidade de usuários, características de máquinas, velocidade de conexão, ferramentas utilizadas, cursos oferecidos etc.
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Jornalista