Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>O antipanfletarismo
>>Manchete com não-notícia

O antipanfletarismo


O PT vai levar ao Fórum Social de Caracas um panfleto em que denuncia uma conspiração da mídia e das elites contra o governo do presidente Lula. Razão a mais para a imprensa evitar partidarização do noticiário sobre a sucessão presidencial. Num mar de facciosismo, a mídia que se pretende séria precisa ser um refúgio de isenção jornalística. É difícil, mas é um esforço indispensável.



IstoÉ-Garotinho


Seria inacreditável, se não tivesse acontecido, que a Rede Globo e os jornais tenham caído numa esparrela montada pela revista IstoÉ com resultados do Ibope, na semana passada. A IstoÉ, para favorecer o ex-governador Anthony Garotinho, omitiu resultados de simulações de segundo turno para presidente. Não é a primeira vez que a revista funciona como instrumento de campanha de Garotinho, e não será a última.


Manchete com não-notícia


O Alberto Dines mostra como a Folha fabricou ontem uma manchete em torno de uma não-notícia.


Dines:


– A manchete de ontem, domingo, da Folha de S.Paulo é extremamente reveladora sobre os critérios que norteiam a preparação das primeiras páginas de nossos jornais. Disse a Folha num título de oito colunas: “Universidade Privada domina o ranking”. No antetítulo somos surpreendidos com a informação de que a USP, a maior universidade pública, desceu de 3º para 5º lugar. Meus Deus, o que aconteceu? Então lemos os cinco parágrafos do texto explicativo na primeira página e percebe-se que estamos diante de uma gigantesca não-notícia. O tal ranking é uma ficção, refere-se ao número de alunos. É óbvio que as universidades privadas que abusam o marketing, têm padrões de exigência muito brandos, qualidade mínima e quase não reprovam os matriculados, terão sempre um número maior de alunos. O leitor não é avisado na primeira página do jornal que este não é um ranking qualitativo, o único que importa para a qualificação profissional dos futuros cidadãos brasileiros. A manchete preocupante está na capa do terceiro caderno: “Universidades Privadas aumentam domínio”. E a manchete verdadeira, esta saiu escondida na página interna: “Desempenho das quatro maiores universidades privadas é muito inferior à USP”. É bom lembrar que as universidades privadas são grandes anunciantes de jornais e revistas.



Perseguição com dias fixos


O Jornal do Brasil está em campanha difamatória contra o repórter especial do Estado de S. Paulo Lourival Sant´Anna, que em dezembro assinou perfil empresarial desabonador do controlador do JB e da Gazeta Mercantil, Nelson Tanure. Foi na véspera de uma decisão que privou Tanure do controle da Varig.


O JB usa pretextos para atingir Lourival Sant´Anna. Ora é o fato de que continua em liberdade seu ex-chefe no Estadão, Pimenta Neves, assassino confesso da ex-namorada jornalista, Sandra Gomide. Ora é seu trabalho como correspondente internacional. Ora são denúncias ligadas à vida política de sua irmã, vereadora do PT de Goiânia, Marina Sant´Anna.


Pelo segundo domingo consecutivo, Pimenta Neves é o pretexto. Nesta segunda-feira, 23 de janeiro, como há uma semana, o trabalho internacional do repórter especial é o alvo.


A vereadora Marina condena esse tipo de jornalismo marrom.


Marina:


– O que mais me choca, como cidadã, como pessoa, como alguém atento ao que acontece no noticiário, é o fato de um jornal que sempre foi referência para nós, em momentos anteriores da vida pública nacional, se prestar a um trabalho de desqualificação de outros profissionais, de outros veículos, e não fazer o enfrentamento de quem ele quer fazer, diretamente. Utilizar a boa fé das pessoas quando abrem um jornal, ou quando vêem uma manchete de jornal, para fazer disputas comerciais, e fazê-lo de forma torpe, de forma mesquinha. Serve até para nós, como cidadãos, um certo nível de desconfiança, e, para quem é da área, provavelmente um grande desconforto.


Eu espero que esse tipo de procedimento seja duramente julgado pelos leitores, pela população, e também pelos outros profissionais, pelos outros veículos.


Varig, Varig, Varig


O que nem o Jornal do Brasil, nem o Estado de S. Paulo, nem veículo nenhum aborda claramente são as disputas empresariais pelo controle da Varig. Ao público são servidas apenas notícias sobre a superfície da briga.


E pode haver, quem sabe, outros conflitos empresariais que motivam o Jornal do Brasil a perseguir, de modo covarde, com subterfúgios, o repórter Lourival Sant´Anna.