Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A comoção, a realidade e o teatro da política
>>Capacitar as redações

A comoção, a realidade e o teatro da política


Concentrar o debate sobre a violência na mudança de leis é uma maneira de iludir a opinião pública. A comoção atual deveria ser canalizada para o questionamento da situação real da criminalidade, que envolve educação, emprego, saneamento, transporte, lazer, sobretudo desigualdade. Envolve desde discutir a proibição do consumo de determinadas drogas até enfrentar o tráfico de armas, passando pela participação da Polícia em todas as instâncias das atividades ilícitas. Por exemplo: policiais, como se sabe, vendem armas a bandidos em muitas cidades brasileiras. Alguns cobram uma taxa de devolução quando as armas são apreendidas – e sempre exibidas à mídia.


Ontem o Jornal Nacional refletiu a posição prudente do governo, presidente Lula à frente, e fez uma edição lúcida. Apontou o estado das prisões e mostrou o absurdo que é deixar crianças perambulando nas ruas.


Hoje, as manchetes do Estadão e da Folha procuram politizar da maneira mais simplória o debate sobre a violência. O Globo ecoa propostas de governadores que tentam dar uma satisfação à opinião pública, enquanto são incapazes de controlar suas próprias polícias e presídios.


Capacitar as redações


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, informa que a circulação dos jornais impressos aumenta, mas isso não resolve os problemas deles.


Egypto:


– Diante do crescimento avassalador da informação digital multimídia, o jornal impresso está com os dias contados? A resposta é um sonoro não, a julgar pelos números divulgados semana passada, em Paris, pela Associação Mundial de Jornais. De acordo com a entidade, a circulação de jornais no mundo aumentou 10 por cento nos últimos cinco anos, e 2,36 por cento nos últimos doze meses.


No Brasil, a Associação Nacional de Jornais informa que a circulação cresceu seis e meio por cento em 2006, o que resulta algo como 7,2 milhões de exemplares vendidos diariamente no país.


Boas notícias? Em termos. Depois de uma década de crise brava, com cortes na própria carne e sério comprometimento da qualidade editorial, os jornais estão preparados para aproveitar essa maré favorável? Pode ser. Mas sem investimentos na capacitação das redações, nada feito. O marketing é outro departamento.


Mauro:


– Não é só a informação multimídia que cresce. São os sistemas de distribuição de conteúdo que se diversificam. Hoje noticiam-se no jornal Valor novos movimentos de telefônicas para entrar no mercado de televisão.


Mais falhas no Metrô


A denúncia sobre falha grave na obra da estação Fradique Coutinho do Metrô paulista, feita ontem em reportagem de César Tralli no Jornal Nacional, recomenda colocar em debate os métodos atualmente em uso pelas empreiteiras no Brasil e a relação dos governos com as empresas.



Ministério fala sobre classificação indicativa


O responsável do Ministério da Justiça pela classificação indicativa de programas de televisão, José Eduardo Romão, diz que o debate sobre o assunto chegou a um novo patamar.


Romão:


– Eu tenho certeza de que mesmo lançando a discussão para o Supremo a gente não vai perder de vista que o que está em jogo quando se debate fuso horário é a proteção da criança do Acre, o que está em jogo quando se discute “especialmente recomendados” são as novidades, é exigência de padrões de qualidade para a tevê. Tenho certeza de que a consistência democrática desse processo não vai permitir retrocessos, seja qual for o ministro, seja qual for o governo, pensando nos próximos anos. Eu tenho a impressão de que a mobilização que se tem na imprensa e nos diferentes órgãos e atores sociais não permitirá que essa questão seja mais uma vez reduzida a liberdade de imprensa ou de empresa, essa reedição de um debate que já foi superado.


Mauro:


– Segundo José Eduardo Romão, a TV digital tornará superados, em poucos anos, alguns dos dilemas enfrentados hoje.


Romão:


– Depende das emissoras, agora, produzir uma nova tecnologia que derrube a vinculação entre faixa etária e faixa horária, que coloque dispositivos sonoros de auxílio à informação. Nós criamos uma portaria que está em sintonia com esses avanços tecnológicos, que quer classificar e informar seja qual for o meio, seja qual for o expediente utilizado. Nós garantimos, neste momento, a qualidade da informação produzida. A qualidade da programação não dá para garantir. O que nós podemos agora sustentar é que esse modelo, a nova classificação, melhora a informação sobre o produto e ajuda os pais a fazerem essa escolha com mais consistência.


Mauro:


Clique aqui para ler a entrevista completa de José Eduardo Romão. Hoje, no Estadão, o diretor da MTV Brasil, Zico Góes, defende a classificação indicativa.