Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Alianças cínicas
>>Depois da Copa

Alianças cínicas


Alianças cínicas do PT e do PSDB com partidos ditos mensaleiros repetem uma situação que limitou a contundência das denúncias sobre corrupção na política pela mídia em 2005.


Depois da Copa


Alberto Dines pede que o fim da Copa seja o início de coberturas jornalísticas capazes de encarar os maiores problemas do país.


Dines:


– Enfim acabou e agora, o resto. Só que o resto é tudo. Nossa mídia é monotemática, só agüenta um assunto, não tem fôlego para mais. E neste mês de Copa muita coisa aconteceu fora dos gramados. Coisas muito graves que não conseguiram maior repercussão porque tudo era Copa, Copa e Caneco. Exemplo: a segunda onda terrorista do PCC é muito mais grave do que a primeira (de maio passado) porque ela é constante e crescente. Alem disso, a campanha eleitoral já está adiantada e ninguém está interessado em tomar providências drásticas, agora só interessam as declarações bombásticas. Nem o governo federal, nem o governo paulista têm condições de montar uma operação conjunta. As famílias dos presidiários também votam, já começaram a articular-se politicamente e nenhum candidato arrisca-se a perder votos. A mídia cobre tudo corretamente mas a esta altura a sociedade quer algo mais do que apenas uma cobertura correta. Acabada a guerra da Copa está na hora de prestar atenção às outras guerras. Guerras que não têm limites, não têm regras, não têm prazo para acabar.


Podres poderes


O repórter Josias de Souza dá hoje na Folha mais detalhes – e que detalhes – da negociação entre o governo de São Paulo e o PCC antes e depois dos atentados de maio. São trechos do depoimento do chefão Marcola a integrantes da CPI do Tráfico de Armas. No Estadão, prossegue o desvendamento dos métodos de controle exercidos pelo crime organizado. Lei do cão. Quem deve e não paga é executado.


Periferia ignorada


Segue a matança de policiais e agentes do sistema prisional. O repórter da Folha de S. Paulo André Caramente reconhece o esforço dos jornalistas que cobrem o conflito entre o PCC e o Estado, mas não se dá por satisfeito.


Caramente:


– Fazer com que a reportagem seja o carro-chefe seria uma boa contribuição. Infelizmente, por tudo o que a gente sabe que acontece dentro das redações hoje, o volume de trabalho, as equipes mais enxutas, impedem que os repórteres fiquem algum tempo num mesmo assunto, esmiuçando, confiando, desconfiando, cruzando informações recebidas de diversas fontes.


Mauro:


– Caramante lamenta que a periferia tenha sido abandonada pelos jornais.


Caramante:


– Eu tive a honra de trabalhar no Notícias Populares. E hoje eu percebo a importância do Notícias Populares. Porque mesmo que fosse uma notinha de cinco linhas, mas o Notícias Populares demarcava: Olha, na noite de ontem uma pessoa foi morta em tal lugar da periferia de São Paulo. Estava lá registrado. Hoje em dia não tem mais isso. Não existe. Parece que não tem morte em Parelheiros, no Capão Redondo, no Filhos da Terra, que é um dos lugares mais pobres da Zona Norte. E tem, continua acontecendo, tem muita violência na periferia de São Paulo, ainda.


Mauro:


André Caramante diz que uma das situações mais graves é a de um grupo de extermínio que há anos age em Guarulhos, na Grande São Paulo.



Pinochet e drogas


As revelações sobre suposta ligação do ex-ditador chileno Augusto Pinochet com tráfico de cocaína abrem uma janela para fenômeno que a mídia nunca abordou: as relações entre drogas e poder na América Latina.


Democracia expõe desigualdade


A mais grave dificuldade no continente latino-americano talvez seja a convivência difícil de regimes democráticos com extrema desigualdade social. Mas há fatores específicos que complicam o quadro. Entre eles, ainda subestimados na mídia, mas com fortíssimas repercussões na política externa brasileira, a militarização acelerada do regime venezuelano e a conquista de superpoderes por Néstor Kirchner, na Argentina, com o enfraquecimento do Congresso. E a mídia argentina está sendo emasculada por meio de verbas de propaganda oficial.


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