Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia quebra pacto de silêncio

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


É justo esquecer a tragédia de Alcântara e seus 21 mortos quando se fala no feito do astronauta Marcos Pontes? É correto esquecer que antes do brasileiro cinco outros latino-americanos já haviam participado de missões espaciais? A mídia precisa fabricar heróis, este é o seu negócio, mas ela não pode fabricar inverdades. Não existe nenhum, nenhum termo de comparação entre a vida e as façanhas de Santos Dumont com o passeio brasileiro a bordo da nave russa. Voltaremos ao assunto.


Jogador campeão do mundo tem código de ética? Pelo menos deveria ter um manual de decoro ou compostura pelo qual seria proibido fazer propaganda de bebidas alcoólicas e promover esportes violentos. Pois Ronaldo Fenômeno conseguiu o milagre de cometer duas faltas numa única jogada. O seu mais recente comercial é patrocinado por uma cerveja e tenta equiparar o futebol às touradas. Os protestos começaram há mais de uma semana, mas o Conar ainda não se mexeu.


A quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo vai entrar para a nossa história política. Já derrubou o ministro mais forte do governo Lula, ameaça outro, jogou uma sombra sobre a Caixa Econômica Federal com seus 145 anos de existência e conseguiu escancarar um debate que este Observatório começou a provocar nas suas primeiras edições, ainda em 1998.


É correta a divulgação pela mídia de informações que ela não investigou e lhe foram ‘sopradas’ por interesses escusos? Mais especificamente: a revista Época agiu de forma apropriada ao revelar as informações que lhe foram passadas pelo governo sobre a movimentação bancária do caseiro Francenildo?


Difícil chegar a um consenso, mais fácil e mais auspiciosa é a constatação de que esta discussão tornou-se pública porque pela primeira vez um veículo concorrente – no caso a Veja – resolveu questionar com veemência os procedimentos de outro. Quando a imprensa esquece os pactos de silêncio e põe a boca no trombone para contestar os métodos do concorrente, quem ganha é a sociedade.