Caça aos disparates
A Folha de S. Paulo e o Estadão exploram hoje a trilha aberta ontem pelo Globo: assumem-se como ombudsmans de patranhas e disparates cometidos no horário eleitoral. Não vai faltar material. Mas se os jornais seguirem apenas a lógica específica das campanhas, o leitorado do país, que influi na opinião do eleitorado, perderá mas uma oportunidade de debate.
Serra e migrantes
A dianteira no campeonato de lambança retórica eleitoral está por enquanto com José Serra, do PSDB, que atribuiu às migrações as dificuldades no ensino do estado de São Paulo. A avaliação da escola pública paulista não é nada brilhante, principalmente em matemática.
Manifesto pífio
O Alberto Dines diz que o manifesto das entidades empresariais de comunicação contra a violência saiu atrasado e chocho. Fala, Dines.
Dines:
– Demorou e saiu pífio. O manifesto das cinco entidades empresariais de comunicação conclamando as autoridades a um pacto político para enfrentar o terror saiu com atraso de três meses e não causou nenhum impacto. O texto rolou na terça à noite nas telinhas da TV, os jornais repetiram ontem na primeira página e não aconteceu nada. Não animou uma alma. Ao contrário, frustrou os poucos que leram ou ouviram a nota. E por quê? Porque foi uma manifestação burocrática, apresentada de forma convencional e sem qualquer vibração. O cidadão revoltado com a inação das autoridades frente ao PCC nem percebeu que ali estava uma proposta inédita: a mídia assumia-se como um poder moral para forçar os governos, os partidos e os políticos a tirar o combate ao narcoterrorismo dos palanques eleitorais. Ficou claro que os empresários de comunicação não entendem de comunicação e ficou claro também que não se revoltaram suficientemente com o seqüestro de dois profissionais. A resposta à violência de sábado mostrou na quarta-feira um poder sem poder. Uma imprensa que diz basta sem convicção e ainda o diz de forma imprópria tem muito a aprender.
A decisão é não ceder novamente
No título do manifesto quiseram dizer “Um basta à violência” ou “basta de violência”. Não deixa de ser sintomático que tenha saído com um erro de redação, diversas falhas estilísticas, mentiras sobre o passado da mídia e posições reacionárias.
A Rede Bandeirantes não divulgou o texto por discordar da decisão da Globo de atender a exigência dos seqüestradores.
Mas daqui para a frente não existe tal divergência. As empresas decidiram não ceder novamente. Leia-se nas entrelinhas do texto: caso aconteça alguma tragédia, a responsabilidade será atribuída às autoridades. Isso não é explicitado por motivos óbvios, e por outros nem tanto. Por exemplo: subirá o preço dos seguros de vida e patrimônio pagos pelas empresas de mídia, como mostrou ontem Elio Gaspari historiando o problema nos Estados Unidos.
Polícia espetacular
A Polícia Federal continua a ser usada para passar o sentimento de que o governo age com eficácia contra o crime. Operações montadas para a televisão se repetem infindavelmente e acabarão se tornando tão chatas quanto os programas do horário obrigatório. O problema é a banalização e a perda do que ainda resta de credibilidade. Na polícia e na mídia.
Delegados candidatos
Estatística do Rio de Janeiro: há 27 candidatos ligados à segurança pública. Treze concorrem a deputado federal. Os nomes mais conhecidos são o de Marcelo Itagiba, delegado da Polícia Federal que foi secretário de Segurança no governo de Rosinha Matheus, e Álvaro Lins, delegado que foi chefe da Polícia Civil. Itagiba concorre a federal e Lins a estadual.
Mapa do Rio
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Firjan, divulgou ontem um Mapa do Desenvolvimento do Rio. A TV Globo deu destaque. Os candidatos a governador bateram ponto no Teatro Municipal, local do evento. Denise Frossard chegou a declarar que a receita para salvar o Rio está pronta e é tudo muito simples. É só seguir o mapa. Ou não entende de mapa, ou não conhece a história da Firjan. O Globo de hoje mostra mais juízo e dá a notícia do tal Mapa do Rio quase escondida.
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