Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Franklin quer dialogar
>>Nossos comerciais, por favor!

Estilos de negociação


O Globo tem hoje bom material sobre o que denomina, citando especialistas, apagão gerencial do governo federal. Analisa características, estilo e circunstâncias políticas da trajetória do presidente Lula e a compara com as de outros presidentes. Faltou dizer que Lula, embora tenha tido um mandato de deputado federal, que cumpriu a contragosto, não acumulou experiência na negociação parlamentar, apenas na negociação sindical, que tem características bem diferentes.


Ministério indefeso


Também no Globo, Merval Pereira coloca numa chave abrangente de análise a questão dos militares no Brasil. Mostra como Fernando Henrique, que o criou, não tinha para o Ministério da Defesa um projeto claro, que continua ausente no governo Lula.


Franklin quer dialogar


Alberto Dines saúda a disposição do ministro Franklin Martins ao diálogo, evidenciada em sua participação no programa de televisão do Observatório da Imprensa de terça-feira.


Dines:


– A primeira entrevista televisiva do ministro Franklin Martins, no Observatório da Imprensa da ultima terça-feira, gerou algumas discussões nos meios jornalísticos e também políticos. Mas durante a entrevista delinearam-se algumas divergências. Mesmo sem dispor ainda do formato da futura Rede Pública de TV (o que levará pelo menos 90 dias), Franklin Martins passou a impressão de que o núcleo central da nova rede será novo em folha. As redes culturais-educativas, embora já constituam uma razoável alternativa à TV comercial, serão complementares. O novo ministro deixou claro que elas não serão abandonadas – ainda bem! – mas ficou a impressão de que o governo prefere um motor zero quilometro. Outra divergência relaciona-se com a campanha de anúncios para lançar o PAC, iniciada nesta semana. Franklin Martins concorda que, em tese, o governo não deveria desperdiçar recursos com propaganda, mas ao mesmo tempo enfatiza a importância estratégica do PAC – mesmo que o noticiário neste momento seja dominado pela crise na aviação civil, que o PAC contempla de forma tangencial. A importância da entrevista de Franklin Martins ao “Observatório da Imprensa” é que ela revelou um profissional comprometido com a transparência e atento às divergências. No caso de um ministro da Comunicação Social esses atributos são essenciais.


Leia resumo do programa em ‘Franklin Martins, de estilingue a vidraça‘.


Nossos comerciais, por favor!


O ministro Hélio Costa disse que o financiamento da nova TV pública federal poderia contar com anúncios comerciais, num regime de renúncia fiscal parecido com o da Lei Rouanet. Não foi essa a posição manifestada por Franklin Martins. E também está longe de ser a posição do presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, que provavelmente liderará a estruturação da nova rede pública. Ontem, em São Paulo, Bucci participou, com a psicanalista Maria Rita Kehl, de um debate promovido pelo projeto Sempre um Papo. Foram conversar sobre o livro Videologias, escrito por eles a quatro mãos e lançado em 2004. Ambos têm uma posição muito clara a respeito dos problemas criados pela publicidade e pela busca da audiência a qualquer preço, que é a outra face da mesma moeda. Seria cogitável, talvez, um apoio simplesmente institucional, sem a exibição de anúncios comerciais dessas empresas. A TV Cultura de São Paulo começou assim e hoje exibe os mesmos anúncios feitos para as emissoras comerciais. Mas será que as empresas aceitariam esse esquema? E o fariam sem pedir algo mais em troca, além da renúncia fiscal do governo?


Markun assume Cultura


Por falar em TV Cultura, a Folha informa que o jornalista Paulo Markun assumirá em junho o comando da Fundação Padre Anchieta, gestora da Cultura.


Crime hediondo


Uma engenheira atropelou em Jaú, interior paulista, seis pessoas, das quais duas morreram. Ela não passou mal ao volante. Teria tentado fugir da responsabilidade por ter batido na traseira de uma Kombi. A Polícia vai apurar o que houve. Caso a mulher seja culpada, ela não terá cometido, segundo a lei brasileira atual, um crime hediondo.


Fidel e a cana


Fidel Castro não deixa de ter razão quando diz que obsessão com álcool combustível causará problemas. É claro que suas motivações são imediatistas, ficar bem com o magnata estatal do petróleo Hugo Chávez, mas o oba-oba do etanol tem dado pouca margem a uma visão crítica da nova fronteira agrícola.