Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Balanço e perspectivas
>>>Relatório pífio do caso Vedoin

Balanço e perspectivas


Na Folha, o editor do caderno Dinheiro, Sérgio Malbergier, faz um balanço muito positivo do primeiro quadriênio de Lula. Em conclusão, afirma: “Não se está dizendo que Lula resolveu os problemas brasileiros nem que seu governo merece nota dez”. E, mais adiante: “O que Lula fez, com certeza, foi superar em muito a expectativa de que iria implodir o Brasil. Pelo contrário, avançamos”. No Valor, Cristiano Romero vê o aumento do salário mínimo acima da inflação como enfraquecimento do Ministério da Fazenda. E se preocupa: “Sem ministros fortes ao seu lado e sem assessores que lhe apontem os riscos de determinadas opções, Lula tem atuado de maneira errática. Reeleito há dois meses, não tem ministério nem projeto para o segundo mandato”.


Resta esperar que o presidente, mais uma vez, contrarie os prognósticos pessimistas e mantenha a seriedade na macroeconomia. Para o bem de todos e felicidade geral da nação.


Relatório pífio do caso Vedoin


Alberto Dines surpreende-se com o silêncio da imprensa a respeito das raquíticas conclusões do relatório da Polícia Federal sobre o caso Vedoin.


Dines:


– Que a nossa imprensa é monotemática, isso já sabíamos. Que as redações dos nossos grandes jornais estão cada vez menores e com menos repórteres, também sabemos. O que causa espanto é a ausência quase total de cobrança da Polícia Federal pelo pífio relatório do Dossiê Vedoin publicado no sábado. No domingo apareceu o protesto do senador Aloizio Mercadante, indiciado no caso. Na segunda-feira a Folha publicou uma entrevista com o diretor da PF, Paulo Lacerda, que atendia muito mais aos interesses corporativos da PF do que ao interesse público. Ontem, terça, silêncio. Mas esse assunto é de capital importância para o governo, para a própria mídia e sobretudo para a sociedade. Afinal, o Dossiê Vedoin foi a peça central da denúncia sobre o “complô da mídia” contra o governo, e essa questão precisa ser plenamente esclarecida, porque deixou intocada a origem do dinheiro e o papel da revista IstoÉ. Na verdade, estão em branco as duas pontas do caso e a mídia resigna-se com essa grave omissão. Enquanto não ficarmos sabendo quem pagou pelas informações e como se montou o esquema para divulgar essas informações através de um veículo da grande imprensa, o caso Vedoin permanece em aberto.



Caixa Dois


A Folha leu o relatório final da Polícia Federal. O dinheiro teria vindo de caixa dois da campanha de Aloizio Mercadante. A motivação primeira da operação teria sido política, não exatamente eleitoreira. A revista IstoÉ é citada em situação constrangedora. Mas a coisa fica por aí. E só na Folha.


Apesar da crise, lucros em alta


Se o parlamento e a imprensa tivessem acompanhado a tempo e de forma competente a operação do transporte aéreo de passageiros no Brasil, é possível que a situação não tivesse chegado ao ponto baixo em que se encontra.


O jornal Valor foge hoje do roteiro apenas descritivo da crise e conclui que a TAM foi pega de calças curtas porque se extremou em copiar os baixos custos da Gol. A nota curiosa é que as empresas aéreas, apesar de tudo, devem registrar forte crescimento em receitas e aumento de lucros no quatro trimestre do ano.


Deputado eleito


O ano termina sem se saber que destino terá o mandato do deputado estadual eleito e diplomado Álvaro Lins, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Hoje o Globo diz que ele era investigado pela Polícia Federal desde 2003.


Windows com falhas


Não é conversa de adeptos de software livre. Ontem foi o The New York Times, hoje é o Financial Times que relata falhas de segurança no Windows Vista, o novo sistema operacional da Microsoft. Como aconteceu com todos as versões anteriores do Windows.


Jornalismo e internet


O jornalista Luiz Weis, titular do blog vizinho Verbo Solto, aqui do Observatório, faz hoje no Estadão uma lúcida avaliação da emergência do chamado jornalismo cidadão na internet. Diz que a rede tende a eliminar a distinção entre produtores e consumidores de informação, e conclui: “Mas durante muito tempo ainda o melhor jornalismo disponível na internet será o que produzirem os jornalistas da velha escola”.


Destino de Saddam


O julgamento de Saddam Hussein, e sua eventual execução, são acontecimentos ciclópicos. Requerem da imprensa mais do que o registro do dia-a-dia no tribunal.