Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 7
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Combate à censura

 

Em Paris, Fernando Morais concedeu entrevista coletiva para criticar a interdição de seu livro Na Toca dos Leões. Está nos jornais desta quinta-feira, doze de maio. A sentença de um juiz de Goiás, em ação movida pelo deputado Ronaldo Caiado, do PFL, mandou recolher o livro e estabeleceu que o escritor e a editora pagariam multa de cinco mil reais caso se manifestassem.

 

‘Se eu não falasse e me submetesse em silêncio à determinação do juiz, estaria contribuindo para um precedente perigosíssimo para todos nós’, disse Morais. O escritor e sua editora, a Planeta, vão processar o deputado Caiado. Muito bem, Fernando Morais. Com censura não se pode relaxar.

 

Uma pesquisa feita em sete sites que vendem livros mostra que a obra de Fernando Morais ainda está à venda em cinco deles. Dois já o removeram do catálogo. Livrarias situadas na Avenida Paulista também não estão com pressa de retirar o livro das prateleiras.

 

Ronaldo e Cicarelli

 

Quanto espaço, quanto tempo gastos para trombetear uma relação que não durou as quatro estações do ano.

 

Agora se gastará mais espaço e mais tempo para dissecar o cadáver do casamento de Ronaldinho com a modelo Cicarelli.

 

Serve para um estudo de caso perfeito sobre como os meios de comunicação gostam de frivolidades. Claro, vão dizer que quem gosta é o público.

 

Dines:

 

− Mauro: jornais adoram uma briguinha sobretudo quando se trata de nuestros hermanos, os argentinos. A ‘onda’ que os jornais fizeram ontem a respeito da súbita retirada de Néstor Kirchner do Cúpula Árabe-Sul- Americana foi evidentemente manipulada por nossos diplomatas. Prova disso é o noticiário das rádios na terça-feira pela manhã, que já admitia abertamente o regresso do presidente argentino naquela noite.

 

Portanto, a ‘surpresa’ com a decisão de Kirchner é uma jogada do Itamaraty amplificada pela grande mídia. Kirchner havia declarado que o jantar com Lula e Chávez na segunda-feira havia esgotado a pauta política. Por outro lado, é sabido que Kirchner não apreciou a minuta da declaração final no tocante ao terrorismo preparada pelo Itamaraty. O presidente argentino opõe-se a qualquer ato terrorista contra civis inocentes, sob qualquer pretexto.

 

Tudo indica que ao Itamaraty não interessava divulgar esta discordância. Por isso preferiu estimular a versão da nova descortesia entre aspas. A mídia mais uma vez embarcou na canoa furada do noticiário chapa-branca.

 

Mauro:

 

A colônia de Sonia Racy, no Estado de S. Paulo de hoje, afirma que a saída de Kirchner já estava prevista. O ex-embaixador do Brasil em Buenos Aires, Sebastião do Rego Barros, confirmou essa informação.

 

Um fato a que se deu pouca atenção, e Sonia Racy noticia, é que os ministros da Economia do Brasil e da Argentina, Antonio Palocci e Roberto Lavagna, conversaram longamente, ontem, em Brasília, sobre a maneira de reduzir os contenciosos comerciais entre os dois países.

 

Brasília e Washington

 

A mídia, que tanto gosta de repercutir, não repercutiu a reunião de Brasília no lugar onde ela pode ter feito mais estragos, Washington.

 

O que a imprensa brasileira está desconhecendo é que a boa relação entre os governos americano e brasileiro parece se deteriorar com preocupante intensidade. Em sua coluna no jornal O Globo, Merval Pereira aborda o problema, principalmente na esfera política.

 

Mas os conflitos comerciais são muito sérios no momento. Há uma pressão grande de congressistas conservadores americanos para que sejam questionados, entre outros itens, o que lá chamam de abusos do governo brasileiro na área do respeito aos direitos de propriedade intelectual.