DIPLOMA EM DEBATE
Folha de S. Paulo
Juízes apóiam decisão do STF sobre diploma de jornalista
‘A decisão do ministro do STF Gilmar Mendes de suspender a exigência do diploma de curso superior de jornalismo para exercer a profissão foi apoiada ontem por outros magistrados.
Para o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Rodrigo Collaço, foi uma decisão acertada. ‘Por experiência, entendo que muitas pessoas que escrevem, mesmo sem ter o diploma, exercem uma função vital para o acesso à informação. E, por isso, não podem ser proibidas de exercer o jornalismo’, afirmou.
O ministro do Supremo Ricardo Lewandowski também concordou com a decisão do colega, que ainda tem caráter liminar (provisório).
‘Entendo que jornalista é um generalista. Não precisa ter diploma, mas precisa ter um conhecimento amplo’, afirmou.
Em sua decisão, Gilmar Mendes entendeu que a demora em decidir sobre a necessidade do diploma poderia acarretar problemas para os interessados, no caso, a demissão.
A liminar foi pedida pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e valerá até que o STF julgue o recurso em caráter definitivo.
Em 2001, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal de São Paulo. Pediu o fim do registro profissional de jornalistas. Para isso, a União deixaria de registrar até mesmo jornalistas diplomados. A 16ª Vara Cível de São Paulo deu então sentença, válida para todo o país, determinando que o Ministério do Trabalho deixasse de exigir o diploma para fornecer o registro profissional.
Ao pedir a concessão de liminar, o procurador-geral argumentou que as pessoas que obtiveram registro profissional enquanto vigorou a decisão da 16ª Vara poderiam agora ser demitidas. Para Antonio Fernando, elas estavam expostas ao risco de ‘graves prejuízos’.
Essa decisão foi cassada pelo Tribunal Regional da 3ª Região, órgão da segunda instância. O STF irá julgar um recurso contra a sentença do TRF, decidindo a causa em definitivo.’
FELTRINELLI, EDITOR…
Feltrinelli, o vermelho
‘UM JOVEM aristocrata que adere ao Partido Comunista sugere má consciência ou um ‘intelectual orgânico’ (Gramsci).
Um bilionário que amadurece na militância e morre na clandestinidade, porém, se transforma em lenda.
‘Só acredito em histórias cujas testemunhas se fariam degolar’, escreveu Pascal. Giangiacomo Feltrinelli deixou-se morrer no dia 14 de março de 1972, aos 45 anos, quando colocava explosivos numa torre de alta tensão em localidade próxima a Milão. É o fim da trajetória de uma das personagens mais ricas da história italiana, cuja biografia acaba de ser lançada no Brasil.
‘Feltrinelli: Editor, Aristocrata e Subversivo’ foi escrito pelo filho do homem que criou a editora que leva seu nome de família. Na Itália, Feltrinelli é figura conhecida. Para o leitor brasileiro, preserva o sabor de uma vida mais romanesca do que os livros que publicou.
Seu anti-sectarismo como editor se tornou célebre quando a Feltrinelli lançou dois clássicos contemporâneos: ‘O Gattopardo’, de Tomasi de Lampedusa, e ‘Doutor Jivago’, de Boris Pasternak. O romance de Lampedusa havia sido recusado pelas editoras Mondadori e Einaudi, recebendo parecer negativo de Elio Vittorini -neo-realista que viu nessa obra-prima sobre o ocaso da nobreza siciliana a nostalgia de um mundo estático.
E ‘Doutor Jivago’, libelo contra o totalitarismo soviético, foi publicado contrariando os paranóicos esforços de membros do Partido Comunista Italiano e dos comissários que mantinham Pasternak no ostracismo. Detalhe essencial: Feltrinelli era membro do PCI e financiava com a fortuna familiar os grupos de esquerda de seu país -tendo criado uma biblioteca pública que preserva preciosos documentos sobre a história do movimento operário.
O lançamento mundial de ‘Doutor Jivago’ tem lances rocambolescos. Feltrinelli mantinha com Pasternak uma correspondência oficial (na qual o escritor se dizia arrependido de ter lhe enviado os originais) e uma troca de cartas paralela (em que manifestava suas verdadeiras intenções).
A publicação do livro leva à ruptura com o PCI em 1957 e assinala a radicalização de seu engajamento. Em 1967, ele está na Bolívia, às vésperas do assassinato de Che Guevara. Nesse meio tempo, viaja a Cuba, onde colhe depoimentos de Fidel para a publicação de suas memórias -sendo classificado pela CIA como ‘principal agente castrista na Europa’.
‘Feltrinelli é o todo-poderoso de uma república particular, representada por ele mesmo, por seus livros, por seus autores, por suas idéias, por seu dinheiro’, escreve o filho Carlo, que não hesita em dar voz aos detratores do pai e não poupa críticas a sua delirante adesão a grupos terroristas dos anos 70 (como as Brigadas Vermelhas). O resultado é o retrato intelectual de um continente em convulsão, bem distante da burocrática União Européia.
FELTRINELLI: EDITOR, ARISTOCRATA E SUBVERSIVO
Autor: Carlo Feltrinelli
Tradutor: Romana Ghirotti Prado
Editora: Conrad
Quanto: R$ 53 (392 págs.)’
TELEVISÃO
Arlete Salles ainda procura personagem de Nair
‘A rotina da atriz Arlete Salles teve uma reviravolta digna de folhetim. Em menos de 48 horas, ela teve de deixar o festival de cinema que curtia em Manaus, pegar um avião para o Rio e gravar sua primeira cena numa novela que desconhecia completamente até então.
Arlete foi convocada às pressas, sábado, 11, para substituir Nair Bello no papel de Gioconda Tamburello em ‘Pé na Jaca’, novela que estréia segunda, às 19h. Sua personagem é descrita como ‘uma avó que sempre mentiu para sobreviver’.
‘Não acreditei. Recebi as cenas no sábado à noite, por fax, e na segunda às 8h já estava cortando o cabelo, ao meio-dia experimentando roupa e às 15h, no estúdio, gravando’, conta.
A atriz ainda não incorporou a personagem e não se sente totalmente segura, tanto que se recusou a ver as cenas que gravou. ‘Prefiro não ver porque sou muito crítica’, diz. ‘Estou soçobrando como um náufrago em ondas. Ainda estou procurando a personagem, sua alma, aprendendo no ar, esperando que a Gioconda apareça num canto do estúdio. Mas vou chegar à praia. A personagem vai ficar pronta diante do público’.
Arlete afirma que não teve tempo de dar um toque italiano a Gioconda. ‘A Gioconda da Nair é paulista, tem a marca dela. Agora, comigo, vai ter um pouco de nordestina e de carioca. Meu sonho é que a Nair se recupere e retome a personagem de alguma forma’.
CRISTA VERMELHA 1 Até que enfim a Record encontrou um competidor à altura de ‘Chaves’. Trata-se do também velho ‘Picapau’, que a emissora acaba de tirar do SBT (versão moderna) e da Globo (clássica). O desenho faz parte do pacote da Universal Studios, agora parceira da Record.
CRISTA VERMELHA 2 A Record, desde quarta, exibe ‘Picapau’ na faixa das 18h. Nos dois primeiros dias, o desenho bateu no Ibope o seriado mexicano. Anteontem, o placar foi de sete pontos para ‘Picapau’ contra cinco de ‘Chaves’.
NAMORO NA TV Estão avançando as negociações entre Guilherme Stoliar, executivo do SBT, e a Globo por um eventual compartilhamento do futebol em 2007. Mas ainda falta o aval de Silvio Santos.
SAMBA NO PÉ A Record, quem diria, pode vir a transmitir desfiles de Carnaval. Há duas semanas, a emissora se reuniu com membros da Liga das Escolas de Samba do Rio, que pretende vender para a TV os direitos de transmissão dos desfiles de sexta e sábado _os de domingo e segunda já são da Globo.
MÍDIA ALTERNATIVA A Record colocou em seu site (e já está no Youtube) um clipe de oito minutos com cenas de ‘Vidas Opostas’, que estréia terça. Pelo material apresentado, a novela promete. Não deixa nada a dever para a Globo.
PIMENTINHA A picante ‘Paixões Proibidas’, da Band, ainda não foi descoberta. A novela tem dado três pontos, um a menos do que a reprise de ‘Mandacaru’.’
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