Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Entrevista no Fantástico
causa prisão de Suzane


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 11 de abril de 2006


DO FANTÁSTICO À PRISÃO
André Caramante e Gilmar Penteado


Após 9 meses, Suzane volta para a prisão


‘Ré confessa dos pais, Suzane Louise von Richthofen, 22, voltou para a prisão ontem, depois de nove meses em liberdade provisória. A Justiça determinou o retorno dela para a cadeia a pedido do Ministério Público, que considerou que, além da possibilidade de fuga, Suzane representava um risco para seu irmão, Andreas, testemunha do crime e beneficiário dos bens da família.


A prisão preventiva -até o julgamento, marcado para 5 de junho- foi decretada pelo juiz Richard Francisco Chequini, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, às 17h40 de ontem. Duas horas depois, Suzane se entregou no 89º DP (Portal do Morumbi), zona oeste de São Paulo. Ela foi transferida para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde permanecia até o fechamento desta edição.


Suzane confessou a participação na morte dos pais, Manfred, 49, e Marísia von Richthofen, 50. O casal foi assassinado enquanto dormia, com golpes de cano de ferro, em 2002. O então namorado de Suzane, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, foram os autores dos golpes. Os dois, que chegaram a ficar em liberdade por cerca de três meses, voltaram à prisão em 23 de janeiro deste ano, quando tiveram a prisão decretada em decorrência de uma entrevista à rádio Jovem Pan.


Em junho do ano passado, Suzane conseguiu liberdade provisória, decretada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo esse tribunal, ela não representaria risco à sociedade.


Uma entrevista concedida por Suzane ao programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, no final de semana, mudou esse cenário. O programa flagrou advogados orientando Suzane a chorar durante a entrevista e a culpar seu ex-namorado Daniel e o irmão dele, Cristian, pelo crime.


O promotor Roberto Tardelli usou essa entrevista para justificar o pedido de prisão. ‘A possibilidade de fuga era iminente. Descobriu-se a farsa. O tiro saiu pela culatra e ela poderia fugir porque tem pouco a esperar do julgamento’, afirmou Tardelli. Segundo o promotor, Suzane conseguiu ficar ‘ainda mais antipática para a sociedade’, o que complicou sua situação -ela será julgada por um júri popular.


Tardelli também afirmou à Justiça que Suzane, em liberdade, poderia colocar em risco a vida de seu irmão. ‘A permanência da ré em liberdade coloca em risco a vida de testemunha do feito, no caso, seu irmão, Andreas von Richthofen’, escreveu o juiz Richard Chequini. ‘Tornaram-se públicas as divergências havidas entre Suzane e seu irmão, ora por desacordo na partilha de bens dos falecidos pais, vítimas’, continuou ele.


No final de fevereiro, Suzane, orientada por seu advogado de defesa, Mário Sérgio de Oliveira, por seu tutor legal, o também advogado Denivaldo Barni, que trabalhava com Manfred na Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), e pelo filho dele, Denivaldo Barni Júnior, pediu à Justiça para administrar os bens da família.


Ela afirmou na petição que o irmão, hoje, administra o patrimônio da família ‘com total descaso e desleixo’. Ela também pediu à Justiça o direito de receber parte do seguro de vida por conta das mortes de Manfred e Marísia.


O juiz Chequini também faz referência indireta ainda à entrevista que Suzane concedeu ao programa ‘Fantástico’.


‘Tem-se a necessidade de garantir a perfeita ordem de julgamento da ré e dos demais acusados, uma vez que se nota a clara intenção de criar fatos e situações novas, modificando, indevidamente, o panorama processual. Aos senhores jurados deverá ser assegurado o direito, constitucional, de julgamento pelas provas dos autos’, argumentou o juiz.


Para o Ministério Público, a entrevista flagrou uma armação da defesa para que Suzane parecesse uma vítima dos irmãos Cravinhos. ‘Foi uma encenação de péssima qualidade’, disse.


Suzane passaria a noite no DHPP. Ao contrário do que acontece normalmente com outros presos, ela não foi ao IML (Instituto Médico Legal) para passar por exame de corpo de delito. Um médico foi deslocado especialmente para examiná-la no DHPP. Ela será transferida para uma prisão na manhã de hoje.


A reportagem não conseguiu localizar ontem o advogado de Suzane, Mário Sérgio de Oliveira.’


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OAB vai apurar atuação de advogados


‘A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo instaurará sindicância para avaliar a atuação dos advogados de Suzane von Richthofen. Mário Sérgio de Oliveira e Denivaldo Barni, com quem Suzane mora, foram flagrados instruindo-a a chorar antes de uma entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo, no último domingo.


‘Instauraremos uma sindicância para apurar toda a ocorrência. Estou pedindo cópia integral das fitas à Globo e vamos ouvir os advogados. Somente então vou emitir um juízo de valor’, afirmou Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB em São Paulo. ‘Houve grande repercussão na mídia. Temos que apurar se houve algum problema.’


De acordo com D’Urso, a sindicância é o primeiro passo para um processo disciplinar no Tribunal de Ética e Disciplina da instituição. ‘A sindicância avaliará se é o caso de um processo disciplinar, cujas punições podem chegar até à expulsão dos quadros da ordem’, disse ele.


Mário Sérgio de Oliveira faz parte do Tribunal de Ética, porém, de acordo com o presidente da OAB, ele será afastado.


Por meio de nota, Oliveira afirmou que ‘sempre atuou dentro da ética profissional, não forjando nem produzindo qualquer prova em favor de sua cliente’. Ele diz, ainda, que só fará novas declarações na OAB paulista.


O presidente nacional da OAB, Roberto Busato, também criticou o comportamento dos advogados ao afirmar que instruir um cliente a mentir contraria os princípios éticos da profissão.


‘Não se pode admitir nenhum tipo de procedimento que não esteja em conformidade com aqueles dispostos na ética. O advogado deve ser absolutamente leal dentro de suas relações com o processo, com as partes e com seu cliente’, afirmou ele.


Ele afirmou que, no ano passado, a OAB aplicou o Código de Ética da Advocacia para punir 90% dos 500 profissionais que foram acusados de cometer faltas e que tiveram o processo remetido à Segunda Câmara do Conselho Federal da entidade. As punições aplicadas são a censura, uma multa, a suspensão e a exclusão do quadro da entidade.’


TV DIGITAL
Elvira Lobato


Redes já temem que definição de TV digital não saia neste ano


‘Enquanto a comitiva de ministros seguia para o Japão para discutir TV digital com o governo e com empresas daquele país, os dirigentes das grandes redes de televisão reuniram-se, ontem à tarde, em São Paulo, para analisar o nó em que se transformou a discussão da TV digital no Brasil.


Globo, Record, Bandeirantes, SBT e RedeTV!, segundo a Folha apurou, avaliam que o processo está muito mais arrastado do que previam. Existe, na Globo, receio de que não haja mais condição política para um anúncio da decisão neste ano.


A Folha publicou, em março, que o governo já se definiu pela escolha do padrão japonês. Até um mês atrás, era dada como certo o anúncio da escolha do padrão ISDB, do Japão, mas houve ofensiva dos fabricantes europeus que prolongou a disputa.


Os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Celso Amorim (Relações Exteriores) viajaram para Tóquio, onde se juntarão ao ministro Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento. Na agenda, há encontros com fabricantes de equipamentos, com uma operadora de telefonia celular e com uma emissora de televisão, além das reuniões com o governo local.


Dirigentes de duas redes de TV disseram à Folha que os radiodifusores estão sem informação de dentro do governo.


‘Cessou completamente a informação’, disse Antonio Teles, vice-presidente da Rede Bandeirantes. Segundo ele, a reunião (realizada na Globo) não foi conclusiva e os os dirigentes avaliaram que terão de esperar o retorno dos ministros para uma nova avaliação. ‘O consenso é que precisamos ficar atentos’, resumiu.


O diretor do SBT Guilherme Stoliar, um dos participantes da reunião de ontem, disse que a definição da tecnologia da TV digital conseguiu o fato de unir as grandes emissoras em torno de um propósito. Elas sempre tiveram posições divergentes, a ponto de não conseguirem conviver dentro da mesma entidade classista.


A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), por exemplo, representa a Globo e suas afiliadas, mas não a Bandeirantes, a Record e o SBT.


Na avaliação de Guilherme Stoliar, há mais gente no governo opinando sobre a escolha da TV digital do que deveria. Ele diz que as emissoras defendem o sistema japonês porque entendem que é o único que permitiria a transmissão de TV em alta definição e a recepção gratuita dos sinais por aparelhos móveis, como o telefone celular.


O ministro Hélio Costa já se declarou favorável à escolha do sistema japonês, mas, segundo Stoliar, haveria resistência por parte de outros ministros.


As TVs receiam que governo Lula deixe a decisão para a próxima administração, como ocorreu na segunda gestão de FHC. Em 2002, o governo chegou a discutir as contrapartidas comerciais para a escolha da tecnologia de televisão digital, que seriam exigidas dos fornecedores.


Já naquela ocasião, as emissoras de TV defendiam o sistema japonês. A decisão acabou adiada em razão da grande pressão dos fornecedores, que cobravam mais discussão.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Em campanha


‘Dia seguinte à pesquisa Datafolha, foi manchete no portal iG, ‘Alckmin ataca e diz que Lula sabia’. Dele, no Piauí, sobre Francenildo:


– O governo foi violento, contra um nordestino pobre.


Não era de pobre, porém, que tratava o tucano FHC no blog Primeira Leitura:


– A acomodação da votação do Geraldo era esperada. Deu um salto quando foi anunciada, agora se acomoda ao que tinha.


E tome mais FHC:


– Você pode dizer que [a alta de Garotinho] é porque ele teve presença na televisão ou o que seja, mas mostra que ele é um candidato competitivo.


Elogiado ou não, Garotinho soltou o verbo, dois dias depois de não ver a pesquisa no ‘JN’. Dele, à Folha Online:


– Lula virou um presidente midiático. Só aparece menos no ‘Jornal Nacional’ que o William Bonner e a Fátima Bernardes.


Mais dele, no Globo Online, mas não no ‘JN’:


– O Fernando Henrique deve até ter ciúme, porque ele se achava uma pessoa a quem a Globo dava apoio. Mas o Lula conseguiu superar.


Quanto a Lula, foi reciclar suas metáforas, como registrou o blog de Fernando Rodrigues, num evento sem risco.


Para o combate virulento que vem por aí, segundo se noticia do site da ‘Época’ ao blog da Agência Nordeste, ele deve ir de Ciro Gomes como vice.


OUTRO LADO


A Globo detonou Suzane von Richthofen no final do ‘Fantástico’ e fez, de novo, mover os poderes. A prisão foi manchete do ‘JN’ aos portais. Outros enunciados traziam críticas da OAB nacional ao Ministério Público paulista. Para o presidente da OAB-SP, à Folha Online, ‘houve grande repercussão de mídia, temos que apurar’ -o alvo é, por todo lado, a defesa.


Em outro episódio de câmera oculta, a Globo flagrou há um mês a invasão da Aracruz Celulose por mulheres da Via Campesina. Ontem o presidente da Comissão Pastoral da Terra, d. Tomás Balduíno, reuniu coragem e atacou o canal e a empresa, no site Adital:


– A reação imediata orquestrada pela mídia envolveu muita gente do poder público, da Igreja, imprensa… Tais imprecações podem estar servindo de escova à punição pelo Judiciário… Vejamos, entretanto, o outro lado.


E deu relatos de guaranis a quilombolas sobre a perda de terras por pressão da multinacional.


Mais astronauta


O ‘Guardian’ deu que Marcos Pontes virou ‘super-herói’ pela exposição na Globo -e apesar da ‘controvérsia’ que envolveu de ‘colunistas de jornal’ a Lula. Por outro lado, a home page da ‘New Scientist’ noticiou que o ‘Primeiro astronauta brasileiro retornou à Terra’ e registrou as críticas do presidente da SBPC, Ênio Candotti.


Mais etanol


Meses atrasado, Larry Rohter foi a Piracicaba e virou primeira página no ‘New York Times’, dizendo que o ‘Brasil se volta para o etanol para necessidades de combustível’. E ele não está sozinho. Dias antes, lia-se coisa parecida no ‘Chicago Tribune’ e no ‘Los Angeles Times’, de seus enviados aos canaviais do interior paulista.


GOOGLE ENTRE NÓS


No título do ‘NYT’, domingo, ‘ Este título chato foi escrito para Google’


O ‘NYT’ entregou o jogo. Os títulos nos sites de jornais americanos, a começar do próprio, já levam em conta a leitura a ser feita nos serviços de busca. O jornal listou as fórmulas mais usadas para seduzir os ‘algoritmos’ dos serviços, com enunciados sem ‘ironia, humor ou estilo’, às vezes com dois títulos para o mesmo texto etc. É que agora nos EUA um terço do tráfego que chega aos sites de jornais vem de Google e colegas.


Ainda não é assim, por aqui. Aliás, outra reportagem do ‘NYT’ mostrou como o Orkut, o serviço de relações do Google, desandou ao ser dominado pelos brasileiros -com neonazistas e pornógrafos que o serviço hesita em entregar ao Ministério Público Federal.


Mas o gigante quer o Brasil. Como noticiou o blog de Henrique Martin, um ‘Google Open House’ no hotel Unique anunciou serviços como Google Local e o início da contratação de engenheiros no país.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Internet terá seriado de graça


‘DA BLOOMBERG – A Walt Disney vai oferecer gratuitamente pela internet programas do horário nobre de sua rede de televisão norte-americana ABC, como ‘Lost’ e ‘Desperate Housewives’.


Episódios de ‘Commander in Chief’ e da atual temporada de ‘Alias’ também estarão disponíveis on-line a partir de maio numa experiência de dois meses de duração, disse a Disney. As séries estarão disponíveis para internautas com conexão de banda larga.


A estratégia marca a primeira vez em que uma rede de TV aberta distribuirá gratuitamente on-line versões integrais de seus programas de horário nobre e ilustra a pressão exercida sobre as redes para que aumentem a audiência em meio à concorrência representada pela TV a cabo e pelos serviços de internet.


Os espectadores não poderão ‘pular’ os comerciais, entre os quais estarão peças publicitárias da AT&T e da Ford, ao assistir os programas.


‘A ABC parece estar tentando assumir a liderança do conteúdo apresentado nos canais de mídia de menor dimensão, como os de iPods e os telefones celulares’, disse Geoffrey Robison, do Palisades Media Group. ‘A única maneira de liderar é experimentar coisas novas.’


O principal executivo da Disney, Robert Iger, está incorporando novas possibilidades de transmissão aos programas da ABC e começou, no ano passado, a oferecer esses programas para iPods da Apple. A Disney também vai transmitir on-line episódios integrais de alguns programas infantis do Disney Channel, como ‘That’s So Raven’ (‘As Visões da Raven’).


‘Esta é uma oportunidade de aprendizado, de reconhecer que nenhum de nós é capaz de viver num mundo dominado apenas por um modelo operacional’, disse Anne Sweeney, co-presidente do conselho da divisão de TV da Disney.


O sucesso da ABC vai depender da qualidade dos vídeos nos computadores dos usuários, disse Robison, da Palisades.


‘Não sei se alguém agüentará assistir a ‘Lost’ na internet’, disse Robinson. ‘Vocês sabem como às vezes o vídeo pula.’’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Jornalismo se rebela, e SBT volta atrás


‘A decisão de Silvio Santos de estrear dois novos telejornais ontem, anunciada na tarde de sexta, caiu como uma bomba na enxuta Redação do SBT. A chiadeira foi geral, quase uma rebelião. Houve até ameaça de demissão.


Na noite de sábado, Silvio Santos, que está em Orlando (EUA), voltou atrás. O dono do SBT, num gesto raro, ouviu seus quatro conselheiros, que o convenceram de que seria impossível estrear dois novos telejornais (um só tinha o apresentador e o nome) de uma sexta para uma segunda-feira.


Na sexta, o SBT anunciou que ontem entraria no ar, às 18h, o telejornal local ‘SBT São Paulo’, com Hermano Henning. O ‘SBT Brasil’, de Ana Paula Padrão, passaria das 20h para as 18h30. E Carlos Nascimento ganharia uma nova edição (menos às quartas) do ‘Jornal do SBT’ às 22h. O ‘Programa do Ratinho’ sairia do ar. Silvio Santos não desistiu das mudanças. Apenas deu um tempo.


Até Carlos Nascimento, prestigiado com as mudanças, ponderou. ‘Nossa reação foi boa. Só ponderamos que precisaríamos contratar pelo menos mais duas pessoas’, disse à Folha.


Ana Paula Padrão, que ancoraria um telejornal vespertino no verão, chegou a ameaçar pedir demissão. Teria argumentado a Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de jornalismo, que o SBT descumprira seu contrato ao não repassar o orçamento combinado. Mineiro nega que ela tenha pedido demissão.


OUTRO CANAL


Pacote 1 ‘Minha Nada Mole Vida’, novo seriado da Globo em que Luiz Fernando Guimarães imita descaradamente Amaury Jr., estreou sexta-feira com 18 pontos, média baixa para o padrão da Globo, contra 16 do SBT. Teve a sintonia de apenas 33% dos televisores ligados no horário (share).


Pacote 2 Já o ‘Estrelas’, com Angélica, tem muito do sofá de Hebe Camargo. Estreou no sábado com 13 pontos e 36% de share. O ‘Caldeirão’, com novos quadros, marcou 17 pontos (43% de share) e entregou com 25 para o ‘Central da Periferia’ (18 de média).


Delegacia O ‘Fantástico’ com a ‘entrevista’ de Suzane Richthofen deu 33 pontos, com 48% de share. E o ‘Domingo Espetacular’ (Record), com a mexicana Gloria Trevi, cravou média de dez pontos, seu recorde de audiência.


Oficial De Amílcare Dallevo Jr., presidente da Rede TV!, sobre os rumores de que parte da emissora estaria à venda: ‘Não existe a menor possibilidade de vendermos nem 1% sequer. O que está acontecendo é muito simples: programa que não dá lucro sai do ar’.


Exportação A Grécia, que serviu de locação para os capítulos iniciais de ‘Belíssima’, é o primeiro país depois de Portugal a comprar a novela das oito da Globo. Na semana passada, em feira em Cannes, a Alpha TV comprou os direitos da trama.’


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Jornal do Brasil


Terça-feira, 11 de abril de 2006


LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva


Quem foi Silvestre Philippi


‘Foi sepultado em Armazém (SC), domingo último, o padre Silvestre Philippi, falecido no dia anterior, aos 73 anos. Para os leitores terem idéia da importância dele na minha e na vida de vocês, basta que diga que, sem a existência dele, eu não estaria aqui escrevendo. Ou então meu estilo seria ainda pior.


Preciso dizer que na vida dos leitores há gente muito importante para este escritor? Apesar de óbvio, digo: a mãe, o pai, os irmãos, professoras e professores de vocês possibilitaram a maravilha deste encontro semanal aqui nas páginas do JB, pois a vida de todos nós é repleta de mistérios e sutis complexidades, que nos tornam diferentes de uma abóbora, de um espinafre ou de um repolho.


Estava relendo um parágrafo de Lima Barreto, aonde fui levado quando relia contos de Jorge Luís Borges sobre o tema de Judas, quando tocou o telefone. Eu procurava uma expressão, ‘pequeno prócer’, em si contraditória, já que prócer tem o sentido de pessoa influente.


Ex-alunos do padre Silvestre Philippi, entre os quais o alto funcionário, hoje aposentado, do Banco do Brasil, o poeta Solange Rech, e o empresário José de Souza Patrício, que em certo momento de sua vida trocou a leitura de parágrafos de Terêncio, que lia no original, em latim, pela fabricação de massas alimentícias, me ligaram ou escreveram para dar a triste notícia.


E minha memória começou a brotar. Das mãos do padre Silvestre Philippi saíram padres, professores, músicos, cantores, empresários, políticos e escritores, como é dito na apresentação do cedê Canções de Deus e dos Homens, lançado em 2005 para comemorar os 50 anos do Seminário Nossa Senhora de Fátima, de Tubarão (SC). Sem padres letrados, nossa educação teria lacunas terríveis.


Uma verdadeira multidão compareceu ao enterro do padre Silvestre Philippi, humilde servo do Senhor a quem tantos de nós devemos tanto. Foi ele quem me inspirou o personagem Divino Mann, em meu romance Teresa, namorada de Jesus: depois de morte trágica, os seminaristas descobrem entre seus papéis o original inédito de um texto para teatro sobre a santa de Ávila.


Há pouco mais de dois anos, quando o visitei pela última vez, deu-me um livro que eu procurava muito e não o encontrava em sebo nenhum. Quis fazer uma cópia, ele insistiu que não precisava devolver o exemplar, apesar de tão raro. Depois, Jaime Sprícigo e Wilson Volpato, outros de seus ex-alunos, lembraram que a grande marca do caráter de padre Philippi era a extraordinária generosidade.


Ele nos ensinava cantos religiosos e profanos com a mesma dedicação. Era igualmente musical o critério que utilizava para corrigir nossas redações, então chamadas composições, em português ou em latim. Ele ensinava as duas disciplinas, além de canto orfeônico. ‘Não soa bem’, ‘não sente que dói nos ouvidos?’, dizia, paciente. E mandava mudar a redação. Preocupava-se com a melodia do texto, que para ele era indispensável.


Ao concluir este texto apressado, reouço as canções que ele nos ensinou, entre as quais Tirintomba, ‘onde alguém me soube amar’, e o Hino do Seminário, com cujos acordes e cantos ele foi enterrado: ‘ao fitar nosso ideal tão sublime/ vamos todos erguer nossa voz’.


Por imposição da Igreja, foi-lhe proibido o amor das mulheres e viveu convicto de que no Paraíso, onde está, a vida seria melhor também nesse quesito, pois, leitor de Santo Agostinho, viveu certo de que ‘a queda não melhorou nada e portanto também o gozo será melhor na outra vida’.


O Céu deve ser lugar muito aprazível, querido padre Philippi, como podemos imaginar nós, que deixamos o seminário e não aceitamos esta e outras restrições contrárias à vida. Que Teresa d’Ávila lhe seja boa companhia. Não tenho pressa, mas morro de curiosidade! Hereges dos primeiros séculos sentiram saudades do Céu, de onde teriam vindo nossas almas, e para onde um dia haverão de voltar, dizem.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 11 de abril de 2006


DO FANTÁSTICO À PRISÃO
Laura Diniz


Suzane está de volta à prisão


‘Suzane von Richthofen, que confessou ter participado da morte dos pais Manfred e Marísia, foi presa por volta das 20 horas de ontem, no 89º Distrito Policial. Suzane teve a prisão preventiva decretada horas antes, pelo juiz Richard Francisco Chequini, após quase um ano de liberdade. O mandado atende a pedido do promotor Roberto Tardelli e foi feito com base em reportagem publicada com exclusividade pelo Estado sábado, informando que ela quer cuidar do patrimônio da família.


Segundo o promotor, o irmão de Suzane, Andreas, corre risco de morrer. ‘Andreas é inventariante (administrador dos bens dos pais), autor da ação de exclusão de herança e testemunha no processo. Ou seja, ele se tornou um obstáculo vivo para que ela alcance seu objetivo, que é dinheiro’, disse Tardelli.


O Estado revelou que, no fim de fevereiro, Suzane procurou a Justiça pedindo para se tornar a gerente do patrimônio dos pais, assassinados em 2002. Ela confessou ter participado do crime com os irmãos Daniel, seu namorado na época, e Christian Cravinhos. A petição, assinada pelo advogado Denivaldo Barni Júnior, ataca Andreas duramente, dizendo que ele cuida dos bens com ‘total descaso e desleixo’, age ‘com patente má-fé’ e tenta manipular o Judiciário. ‘Os termos da petição são de quem se sente roubado’, diz o promotor.


Depois de se apresentar no 89º DP, foi levada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde faria exames médicos e passaria a noite no sofá de uma das salas de investigação. ‘Ela permanece cabisbaixa, sem ter muito o que falar. Só me disse que concedeu a entrevista orientada por seus advogados. Quando perguntei se ela não tinha visto o que aconteceu aos irmãos Cravinhos, ela apenas sinalizou que sim’, disse um delegado.


ENCENAÇÃO


O pedido do Ministério Público Estadual (MPE), protocolado ontem, também cita reportagem exibida anteontem no Fantástico, da Rede Globo, em que, orientada expressamente pelos advogados, Suzane simulou chorar 11 vezes e tentou parecer uma criança traumatizada. ‘Já que a lona do circo caiu na cabeça do palhaço, o palhaço pode fugir’, advertiu Tardelli.


Na TV, sem saber que estava sendo gravado, o advogado Barni, na casa de quem Suzane está morando, foi flagrado dizendo para ela: ‘Chora.’ Em seguida, exibiu-se a voz do advogado Mário Sérgio de Oliveira mandando-a jogar a culpa do planejamento do crime em Daniel. Suzane aparece, então, seguindo à risca as instruções.


COLABOROU RITA MAGALHÃES’


Natália Zonta


‘Foi um mal-entendido’, diz advogado sobre o ‘Fantástico’


‘O advogado Denivaldo Barni classificou como um ‘mal-entendido’ o flagrante de encenação de Suzane von Richthofen, sob sua orientação, levado ao ar anteontem, pelo Fantástico, da Rede Globo. ‘Era uma conversa que estava acontecendo dentro do carro. Estava querendo dizer a ela que está na hora de ela chorar para o irmão, para ter moradia e alimentação’, disse Barni, que acolheu Suzane em sua família desde que ela participou do assassinato dos pais, em outubro de 2002.


Durante todo o tempo em que esteve no 89º DP (Morumbi), onde a jovem se apresentou, Barni evitou dizer que considerava Suzane inocente, mas todas as suas respostas queriam explicar o quanto ela estava frágil e sem recursos. ‘Ela não recebeu ajuda nenhuma do irmão. Suzane não tem direito a moradia, não tem direito a alimentação. O irmão paga caseiros para o sítio e paga cachorros, ela tem o mínimo direito a moradia.’


Na manhã de ontem, segundo Barni, Suzane passou mal e foi encaminhada a um hospital nas imediações da Vila Mariana. ‘Ela vomitou duas noites seguidas, estava com gastrite nervosa. Ficamos sabendo sobre a prisão dentro do carro, ela chorou muito e ficou muito nervosa. Quem conhece o sistema não quer voltar.’


O advogado confirmou o desejo de Suzane, revelado pelo Estado no sábado, de morar na antiga casa de sua avó paterna, na Vila Catarina, próxima ao Brooklin.’


MEDICINA & IMPRENSA
Adriana Dias Lopes


Jatene lança coletânea de artigos publicados na imprensa


‘O cardiologista Adib Jatene, de 76 anos, acaba de lançar uma coletânea de artigos publicados nos principais veículos de comunicação do País, entre eles o Estado e Veja. O livro Medicina, Saúde e Sociedade (editora Atheneu, 208 págs., R$ 39), o primeiro não-científico de Jatene, é um panorama histórico da saúde brasileira dos últimos 20 anos.


Nem poderia ser diferente para quem já ocupou três importantes cargos políticos na área de saúde – foi ministro de Fernando Collor (1992) e de Fernando Henrique Cardoso (1995) e secretário estadual de Paulo Maluf (1979-1982).


‘Nunca me meti em política. Só um pouco em administração’, comenta. ‘Mas hoje sei que sou muito mais útil ao País no meio da elite.’ De fato, um dos maiores projetos do cardiologista foi concretizado no ano passado – a inauguração do Hospital Local Sapopemba, na zona leste de São Paulo – graças aos ‘amigos da elite’. O empresário Antônio Ermírio de Moraes doou o concreto para a obra do hospital, a Papaiz deu as dobradiças e a Eucatex, as portas, o forro e o telhado.


Além dos projetos sociais, outra bandeira defendida em artigos do livro é a formação do médico. No início da década de 80, quando ainda não se falava muito no assunto, Jatene já condenava o número exagerado de faculdades de Medicina no País. ‘Quando me formei, em 1953, eram 16 faculdades. Em 1986, tínhamos 82 faculdades de Medicina. Na época, graças a Deus conseguimos um decreto interministerial e o Brasil ficou praticamente dez anos sem um novo curso superior. Mas em 1995 eles voltaram a ser autorizados pelo governo e agora temos mais de 140 estabelecimentos. É muita coisa’, analisa Jatene. ‘Só metade dos alunos consegue vaga em residências.’


A distribuição de leitos na capital é outro tema de artigos do livro. ‘A situação está cada vez pior. Na década de 80, São Paulo tinha 3,4 leitos por habitante. Hoje, são 2,8. O número diminuiu só nas regiões carentes.’


Jatene ainda homenageia Eurycledes de Jesus Zerbini, o pioneiro em transplante de coração na América Latina, seu professor. ‘Vim fazer Medicina em São Paulo (Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo) para conseguir voltar um dia para o Acre, onde nasci’, conta. Mas Zerbini acabou me chamando uma vez para acompanhar uma cirurgia. Depois me chamou outra e outra vez. E nunca mais voltei.’’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Silvio faz ziguezague


‘O SBT distribuiu comunicado à imprensa ontem para dizer que tudo continua como antes: Ratinho permanece no ar às 21h30, o SBT Brasil mantém-se às 19h45, Hermano Henning prossegue no Jornal do SBT Edição Manhã e Carlos Nascimento na edição de 0h30. Coisa surreal, mesmo considerando os antecedentes impetuosos de Silvio Santos.


Na sexta-feira, Senor Abravanel, inquieto que estava em seu retiro na Flórida, mandou mudar tudo: queria Ratinho fora do ar imediatamente, até que fosse pensado para ele um novo programa, desta vez semanal. A medida visava a sanar a sangria de audiência para a Record. Assim, Carlos Nascimento faria mais uma edição do Jornal do SBT, às 22 horas, e voltaria à cena também à 0h30. Com isso, Ana Paula iria ao ar às 18h30 e Hermano Henning faria um noticiário regional.


No sábado, Silvio desistiu de tudo. Resolveu manter tudo como está – até segunda ordem. A meta do patrão, no entanto, foi atingida: estão todos de sobreaviso. Uma reforma vem aí, é só questão de minutos. Até o fechamento desta edição, convém informar, Silvio não havia voltado atrás de novo.’


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Gugu tenta se livrar no caso PCC


‘Gugu está querendo se livrar na Justiça da ação penal que o acusa de ‘divulgação falsa na mídia’ por conta da exibição em 2003 de entrevista com supostos membros no PCC no Domingo Legal, do SBT. Os advogados do apresentador entraram com uma liminar no Supremo Tribunal Federal solicitando o trancamento da ação, alegando que a acusação que cai sobre Gugu não está tipificada no Código Penal, por isso não é crime. Alegam ainda falta de provas da participação do apresentador nos fatos. Como é uma liminar, a decisão deve sair nos próximos dias.’


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O Globo


Terça-feira, 11 de abril de 2006


DO FANTÁSTICO À PRISÃO
O Globo


Suzane volta à cadeia depois da farsa na TV


‘Suzane Louise von Richthofen, de 22 anos, acusada de ser a mentora do assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, em outubro de 2002, entregou-se ontem à noite à 89 Delegacia de Polícia do Morumbi, na capital paulista. Ela volta para a cadeia pouco mais de nove meses depois de ser libertada do Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior do estado. Ela chegou de cabeça baixa, coberta, e amparada pelo advogado.


Suzane teve prisão preventiva decretada no fim da tarde pelo juiz da 1 Vara do Tribunal do Júri de São Paulo, Richard Chequini, após pedido feito pelo promotor Roberto Tardelli. A decisão de Tardelli foi motivada pela entrevista que Suzane concedeu ao ‘Fantástico’, veiculada anteontem na Rede Globo.


– Era uma atriz de quinta categoria tentando desempenhar um papel de quinta categoria, com diretores de quinta categoria. Nada mais restou senão a intenção de fazer todos passarmos por verdadeiros idiotas – disse o promotor.


Durante a gravação ela é orientada por seu advogado, Mário de Oliveira Filho, a chorar e dizer que foi induzida por seu então namorado, Daniel Cravinhos, e seu irmão, Christian, a cometer o crime, além de consumir drogas. Christian e Daniel são réus confessos do duplo assassinato.


– Como a lona do circo caiu na cabeça do palhaço, ele agora quer cair fora. Ela vai querer ir embora. A minha função é tentar impedir que isso ocorra e o juiz entendeu a mesma coisa – disse Tardelli.


Para juiz, liberdade de Suzane é ameaça ao irmão


Para o juiz Richard Chequini, a liberdade de Suzane põe em risco a vida de Andréas von Richthofen, irmão da acusada e testemunha do crime. O juiz diz que uma foto anexada ao pedido de prisão, que mostra Suzane, ‘em companhia supostamente, de sua avó, deixa evidente que está ao seu alcance a testemunha Andréas’.


O juiz afirma ainda que as divergências entre Suzane e o irmão, por desacordo na partilha de bens dos pais, já são evidentes. A prisão, para o juiz, era necessária para garantir o julgamento de Suzane e dos demais acusados.


Os irmãos Cravinhos também voltaram à cadeia depois de conceder entrevista a uma rádio de São Paulo em que revelaram novos detalhes do crime e o Ministério Público entendeu que eles faziam apologia ao modo como executaram o casal. Tanto eles como Suzane gozavam de um hábeas-corpus que permitia aguardar o julgamento em liberdade.


O julgamento dos três está marcado inicialmente para o dia 5 de junho. Tanto a defesa quanto o Ministério Público, no entanto, pedem que o julgamento ocorra em separado, primeiro os irmãos Cravinhos e depois Suzane.


Na opinião de criminalistas, a defesa de Suzane von Richthofen pode ser muito mais difícil agora.


– Não há dúvida de que o promotor vai levar a fita com a entrevista de Suzane para os jurados no dia do julgamento. Ele está com a faca e o queijo na mão. Isso, com certeza, vai prejudicá-la. A impressão é que quiseram demonstrar que ela é inocente, pura, e foi corrompida por dois meninos, os irmãos Cravinhos, que eram viciados e conseguiram transformá-la – afirmou Vitória Nogueira, presidente da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp).


Na entrevista, Suzane se veste e fala como criança


Em uma entrevista à Rádio CBN, Mário de Oliveira Filho, advogado de Suzane, negou que o comportamento dela tenha sido forjado. Segundo ele, assim como na entrevista, Suzane mostra várias facetas no cotidiano, alternando momentos em que fica mais descontraída e que chora.


– Se não fosse a segunda parte da entrevista, ainda poderia ficar a dúvida sobre o comportamento de Suzane. Afinal, em um caso como esse sempre fica a incerteza sobre um possível surto que o criminoso possa ter na hora do crime, principalmente se ele usou drogas. Agora, outra coisa é querer mostrar ingenuidade e infantilidade. Suzane teve um comportamento, no mínimo, estranho durante a entrevista – disse Vitória.


Na entrevista, Suzane se veste e fala como criança. Ela chora várias vezes, mas sem que uma lágrima sequer escorra. Depois, mais descontraída em uma cidade do interior, ao lado dos advogados e de amigos, ela sorri e se comporta como uma pessoa normal. E ainda combina com os advogados, sem saber que o microfone está funcionando, como deve agir em frente às câmeras. Na entrevista, Suzane usava uma camiseta com estampa infantil e pantufas.


– Foi uma entrevista muito infeliz para a Suzane. Dificulta muito a defesa dos advogados. Eu diria que foi um dado negativo para o processo de defesa de quem é acusada de duplo homicídio dos pais – disse Ademar Gomes, presidente do conselho da Acrimesp.


Na reconstituição do crime feita em novembro de 2002, a polícia afirmou que Suzane participou do planejamento e da execução do assassinato dos pai, mas não ajudou seu namorado, Daniel, e o irmão dele, Cristian, a agredir o casal a pauladas até a morte. Suzane reafirmou que abriu a porta da casa para os irmãos e que, enquanto eles matavam seus pais, ficou na biblioteca, no andar inferior, revirando gavetas para simular um roubo e desligou o circuito interno de TV.’


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OAB critica conduta de advogado


‘O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, disse ontem que a atitude do advogado Mário Sérgio de Oliveira, que defende Suzane Richthofen, ‘contraria os princípios éticos da advocacia’. Oliveira orientou Suzane a dar declarações fantasiosas durante entrevista ao ‘Fantástico’ que foi ao ar anteontem.


– A advocacia é estribada em rígidas regras éticas e morais e não se pode admitir qualquer tipo de procedimento que não esteja em conformidade com os dispostos na ética. O advogado deve ser absolutamente leal dentro de suas relações com o processo, com as partes e com seu cliente – declarou Busato, ao ser perguntado sobre o episódio envolvendo o advogado de Suzane.


A OAB informou que caberá à seccional da entidade em São Paulo apurar e julgar o comportamento do advogado. O Conselho Federal da OAB só é acionado em caso de recurso.


– Temos na ética o pressuposto para as prerrogativas da advocacia. Não podemos defender as prerrogativas da advocacia, que é um direito do cidadão, quando deixamos de lado a parte ética do profissional. Ética profissional e prerrogativa da advocacia são dois instrumentos que andam um ao lado do outro. Não há condições de a entidade exigir o cumprimento de suas atribuições e prerrogativas, tergiversando sobre conceitos de ética na advocacia.


Busato disse que, no ano passado, cerca de 800 processos por infrações ético-disciplinares contra advogados chegaram ao Conselho Federal, dos quais cerca de 500 foram julgados, com punições em 90% dos casos.


A seção paulista da OAB decidiu pedir à Rede Globo de Televisão uma cópia integral da entrevista dada por Suzane von Richthofen ao ‘Fantástico’. Com base na análise do material, a instituição vai julgar a atuação dos advogados de defesa da ex-universitária. A OAB-SP já determinou a instauração de sindicância para apurar a participação dos advogados no episódio. A entidade vai emitir um parecer dizendo se os advogados agiram ou não dentro dos limites expressos no Código de Ética e Disciplina da OAB.’


ALKCMIN SOB SUSPEITA
Tatiana Farah e Soraya Aggege


MP investigará sociedade do filho de Alckmin


‘O Ministério Público decidiu ontem investigar se há ligação entre a sociedade de Thomaz Alckmin, filho do ex-governador Geraldo Alckmin, com Suelyen Jia, filha do acupunturista do ex-governador, Jou Eel Jia, e os convênios do médico com o governo do estado. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, anexou ao processo de investigação a reportagem publicada pelo GLOBO sobre a sociedade entre Thomaz e Suelyen numa empresa de produtos naturais.


Semana passada, Pinho iniciou investigações para saber se há participação direta de Alckmin nos acordos publicitários entre duas estatais e a revista ‘Ch’an Tao’, da Associação de Medicina Tradicional Chinesa, presidida pelo médico chinês. A CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) pagou R$ 120 mil por dois anúncios na revista. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) também publicou anúncio, mas não divulga o valor gasto. A ‘Ch’an Tao’ publicou entrevista de nove páginas com o então governador.


Jou tem também convênios com o governo do estado, todos para ministrar cursos da técnica de meditação chinesa conhecida como Li’en Chi. Em um projeto, o governo gastou R$ 1,044 milhão. A Secretaria de Educação afirma que a despesa foi com diárias e transporte. O governo e o médico dizem que não há remuneração para Jou.


Muitas oficinas foram realizadas no spa do médico, que leva o mesmo nome da revista. Ano passado, 864 professores e diretores de escolas se hospedaram por três dias no spa, cuja diária é de R$ 165. O médico disse que cobrou diária de R$ 70.


O corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo, Romeu Tuma Júnior (PMDB), teve seu escritório político invadido no fim de semana. Segundo ele, foram levados documentos, muitos deles referentes às investigações sobre supostas irregularidades no governo Geraldo Alckmin. Tuma Júnior é o autor das duas representações que geraram as investigações pelo Ministério Público sobre o ex-governador e a ex-primeira dama Lu Alckmin, e também de um pedido de CPI sobre as propagandas do governo. Tuma Júnior disse que foi avisado de que seus telefones estão grampeados e já pediu uma perícia ao Instituto de Criminalística.


Na rua do escritório, próxima à Assembléia, não há registro de assalto há cinco anos, segundo a polícia. O único outro caso nos arquivos foi de invasão no mesmo escritório, ano passado, após o corregedor ter aberto sindicância para apurar possível venda de votos de deputados nas eleições da Mesa Diretora.


– Não quero ser leviano, mas é muito estranho isso acontecer após eu denunciar a corrupção na Nossa Caixa e apurar a eventual relação promíscua entre o Executivo e o Legislativo. Querem me intimidar, mas não vão conseguir- disse Tuma Júnior, que pediu segurança para vigiar seu escritório.’


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