Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Grandes continuam grandes
>>Folha faz auto-exame

Pressão funciona


Críticos dizem que foi simbólico o corte de cargos promovido ontem na Câmara. Pode ser. Mas é evidente que funcionou a pressão da mídia, ao fazer-se porta-voz da indignação da opinião pública diante do anúncio de um aumento de remuneração de quase cem por cento para os parlamentares.


A crise da educação


A tentativa de derrubar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é manchete do jornal Valor, que detalha o debate econômico e a trama política associados ao fato. A Folha dá em manchete a perda de qualidade do ensino brasileiro em dez anos. O colunista Rolf Kuntz, no Estadão, junta os dois assuntos numa só análise. Sugere menos alarido em torno da questão cambial e maior preocupação com a educação. No título, resume: “Educação para Terceiro Mundo”.


Grandes continuam grandes


Jack London foi o criador da BookNet, livraria virtual e física que depois se transformou no site de compras Submarino. Hoje ele dirige no Rio de Janeiro o Armazém Digital, onde produz na hora qualquer livro cujo conteúdo exista em meio digital, na quantidade desejada pelo cliente, de um a dezenas ou centenas de exemplares. London diz que, embora as novas tecnologias mudem radicalmente a natureza dos meios de comunicação, provavelmente as grandes empresas conseguirão ocupar as posições principais no novo mapa da mídia.


London:


– Há um impacto da questão do controle da linguagem e dos sistemas de linguagem. Eu acho que a grande novidade que a tecnologia trouxe para a área de comunicação é o fato de você não ter mais um centro gerador da informação. Os últimos grandes sites a fazerem grande sucesso e a se transformarem em estrelas da internet são o YouTube, o MySpace e o Wikipedia. São três sites que não têm centro gerador da informação. Quem produz a informação é o próprio usuário da informação. Acho que esse é o novo da internet. É o que há de mais moderno de dois, três anos para cá. E acho que isso vai crescer mais ainda. A Wikipedia, por exemplo, é uma coisa que não se podia imaginar nem há cinco anos atrás. No começo o projeto era carregado de ceticismo. E hoje é a maior enciclopédia do mundo. Ela acabou criando fatores de contenção, de correção, de análise de texto, de colocação de textos numa área de dúvidas, e já é o repositório mais utilizado no mundo – muito mais do que qualquer enciclopédia física – quando você procura uma informação enciclopédica.


Agora, no caso do YouTube, onde é que o YouTube foi parar? Foi parar na mão do Google. A Wikipedia e o MySpace, o processo é o mesmo. Eu acho que já há um choque na área da informação, também… A penetração de jornais, a incidência e a influência da leitura de jornais e revistas, o próprio uso da televisão, essa convergência que é cada vez mais clara – ainda o celular foi se misturar nisso.


Eu acho que as tecnologias da informação vão mudar. O que não quer dizer que os grupos hoje estabelecidos no mercado vão ceder seu espaço para novos atores. É possível que apareçam novos atores. Mas isto não acontece como uma regra. A regra é que os grandes grupos acabam percebendo a importância da inovação, investindo mais em pesquisa e tecnologia, e acabam se transformando.



Telefônica anuncia plano para TV


A Telefônica confirma hoje que se prepara para investir pesadamente em operação de televisão por assinatura. O raciocínio é simples: o Brasil tem 100 milhões de celulares, 40 milhões de linhas telefônicas fixas, mas só 4 milhões de assinantes de televisão.



Qualidade da TV


A campanha de emissoras de televisão contra a regulamentação da classificação obrigatória, mais a pressão de intelectuais, artistas e lobistas, noticiada ontem na Folha de S. Paulo, mais o cálculo político do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mais uma votação no Supremo que será decidida por voto da presidente, ministra Elen Gracie, provavelmente derrubarão a imposição de faixas de horários segundo a classificação da programação. Isso, entretanto, não elimina a necessidade de avaliar os conteúdos da mídia de massas. Os problemas que levaram à iniciativa original, em 2000, continuam a existir.


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Globo e SBT fazem campanha oblíqua


e


Central Globo de Comunicação defende modelo brasileiro de TV‘.


Folha faz auto-exame


A Folha inaugura hoje, de modo ainda insuficientemente claro, uma prática salutar: publica resultado da análise de 81 textos de José Messias Xavier em sua passagem pela sucursal carioca do jornal, em 2005. Messias foi demitido da Rede Globo em dezembro após aparecer em escuta telefônica que levou as autoridades a acusá-lo de trabalhar para uma quadrilha de criminosos no Rio. O levantamento da Folha aponta dois erros em textos do repórter que poderiam indicar comportamento inaceitável.