Maluf busca imunidade
Informa-se que 3 milhões e 200 mil pessoas deixaram de ver ontem no estado de São Paulo o chatíssimo horário obrigatório. Perderam a inesquecível oportunidade de ver Paulo Maluf pleitear uma cadeira na Câmara dos Deputados que, caso seja conquistada, lhe dará melhores recursos, como a imunidade parlamentar, para enfrentar os processos que lhe são movidos pelas autoridades.
Coro sem platéia
Alberto Dines diz que o manifesto das entidades de empresas de comunicação caiu no vazio.
Dines:
– Pior do que reação contrária é a ausência absoluta de reação. Cair no vazio é pecado mortal. O manifesto das cinco entidades empresariais de comunicação simplesmente não aconteceu. Ninguém deu bola, inclusive os próprios jornais que o veicularam. Divulgada na terça à noite por todas as tevês, publicada na manhã seguinte na capa dos principais jornais do país a nota não foi lida e se foi lida não foi entendida. E caso tenha sido entendida foi descartada pelos leitores como irrelevante. A novidade era a convocação de um pacto político contra o terror, mas o título além de errado lembrava os dizeres das faixas de passeata em Ipanema. Alguma coisa está errada com uma imprensa que mesmo em uníssono e aos berros não consegue ser ouvida. Este foi o problema mais grave desvendado pela nota conjunta divulgada chá dois dias. Estava tudo pronto para que nossos meios de comunicação se apresentassem à sociedade brasileira como uma força moral capaz de impor-se à classe política, aos governantes e numa hora de emergência estabelecer as prioridades nacionais. Simplesmente não colou. Resta perguntar: e o que é que cola? Qual o ingrediente capaz de emocionar uma sociedade que a própria mídia tornou passiva?
Conselho omisso
Ausência clamorosa em todo o debate sobre o seqüestro do jornalista Portanova e do auxiliar técnico Calado, da TV Globo, foi a do Conselho de Comunicação Social. A primeira onda de ataques contra a polícia paulista começou na madrugada de 12 para 13 de maio. O Conselho, órgão auxiliar do Congresso Nacional, se reuniu no dia 7 de agosto e não tomou conhecimento do assunto.
PCC adora notícia
A repórter do Jornal da Tarde Rita Magalhães está convencida de que a mídia, depois de ter lutado para mostrar que o problema do crime organizado existia, ao contrário do que pretendiam autoridades policiais paulistas, agora passou a ser utilizada pela quadrilha denominada PCC.
Rita:
– Quando nós começamos a falar sobre o PCC, denunciar o que o PCC estava fazendo dentro dos presídios, a intenção era alertar as autoridades de segurança para mostrar que a facção existia e que ela estava partindo para a ação criminosa. Durante muito tempo, pelo menos uns dois anos, até o governo realmente aceitar a existência do PCC, foi essa a nossa luta. De 2001 para cá muita coisa mudou. O que a gente percebe hoje é que o PCC tem orgulho de ver suas ações divulgadas, promovidas. E esse seqüestro ocorrido no sábado mostra isso claramente, para mim. Eles seqüestram um jornalista da Globo para que seja divulgado o que eles querem que seja divulgado. Sinto que a gente é usada pela facção. Hoje para mim talvez fosse a hora de desacelerar e realmente pesar o que deve ser publicado ou não. Porque a gente está promovendo uma facção criminosa, e eles gostam disso. Eles aplaudem, eles fazem festa no presídio quando vêem que as suas ações deram certo. E agora, com certeza, depois do que a Globo fez no sábado, pararam o presídio para fazer uma nova festa.
Ditador paraguaio
É alarmante, mais do que decepcionante, que a reportagem biográfica do New York Times sobre o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, falecido anteontem após longa permanência no Brasil, tenha sido incomparavelmente melhor e mais completa do que qualquer dos registros feitos na imprensa brasileira. Stroessner foi alvo de dezenas de processos sob acusação de ter mandado matar, prender, torturar, e de ganhar muito dinheiro com contrabando. O argentino La Nacion publicou um relato da participação do ditador paraguaio na Operação Condor, que promoveu assassinatos, prisão e tortura de opositores das ditaduras militares do Cone Sul. O New York Times relatou que a Sociedade Inter-Americana de Imprensa, SIP, concedeu ao general Stroessner, em 1961, uma condecoração chamada “Medalha Civil”.
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