Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Educação pode ser barganhada
>>Chega o rádio digital

Educação pode ser barganhada


Está marcado para daqui a pouco o primeiro turno da eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados. Toda a mídia descreve a ingerência do governo no processo, com métodos que só fazem perpetuar o atraso de onde saem os Severinos Cavalcanti.


Sem se escandalizar, a imprensa noticia que o Ministério da Educação pode fazer parte das barganhas do governo Lula com o PL. Um dos acertos de Fernando Henrique Cardoso foi ter sustentado uma linha de ação, no Ministério da Educação durante oito anos, com acertos e erros. Lula está no terceiro ministro da Educação. Os dois primeiros, Cristovam Buarque e Tarso Genro, não saíram do lugar. Estrategicamente, o descaso com a educação é talvez o maior escândalo. Mas tem menos apelo midiático.


Dirceu contra a mídia


Em seu depoimento na CPI do Mensalão, ontem, o deputado José Dirceu abriu baterias contra a mídia na linha do complô para dar um golpe branco contra o governo Lula e, acredite, ouvinte, contra ele mesmo, Dirceu. O ex-ministro tem razão em alguns pontos. A mídia gosta de linchamentos e de vez em quando envereda pelo facciosismo. Dirceu sabe do que fala, porque se cansou de usar a favor de seu projeto político comportamentos tendenciosos da mídia. Mas na cobertura da crise do “mensalão” o que tem predominado é a isenção jornalística.


Tarso Genro contra a mídia


Ontem à noite o convidado principal do Observatório da Imprensa na televisão foi o presidente interino do PT, Tarso Genro. Ele reconheceu que o partido usou um tom agressivo em documento da direção nacional no qual se faziam à mídia críticas semelhantes às reiteradas ontem por José Dirceu. A tese do presidente interino é a de que foi necessário um tom duro para tentar desmontar um processo de generalização de culpas que a mídia estaria alimentando.


Se fazer boa política é somar, Tarso Genro vai no mau caminho. O Alberto Dines ponderou que, dado o teor contundente do documento, a mídia reagiu com uma defesa formal, e assim o diálogo não prospera.


Garotinho contra a mídia


O ex-governador e atual secretário de Governo do Estado do Rio, Anthony Garotinho, perdeu na Justiça duas ações contra o jornal O Globo nas quais reivindicava direito de resposta a reportagens que noticiaram a decisão da juíza Denise Apolinária, da cidade de Campos, que torna inelegíveis ele e sua mulher, a governadora Rosinha, até 2007. Garotinho também teve negado direito de resposta a uma coluna assinada por Zuenir Ventura no Globo, sob o título “Um casal abusado”. O Globo, que publica hoje a notícia, não informa se o ex-governador pode recorrer da decisão.


Chega o rádio digital


O Brasil é um país curioso. Tem relativamente poucos jornais e poucos leitores de mídia impressa, mas brilha na televisão e no rádio. Foi o terceiro país do mundo a ter emissões regulares de televisão, em 1950. Agora será o quarto a entrar no sistema de rádio digital. O advento do rádio digital é comentado pelo editor do Observatório da Imprensa online, Luiz Egypto.


Egypto:


– A primeira emissão de rádio no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922, no Rio, nas celebrações do Centenário da Independência. No domingo passado, dia 25, foi comemorado o Dia da Radiodifusão. Em muito tempo, esta é a primeira vez em que há motivos reais para festas: depois vários adiamentos, finalmente chegou ao Brasil o rádio digital. As emissões em caráter experimental já começaram em seis capitais.


Pelo novo sistema é possível ouvir emissoras AM com a qualidade de som de um CD. A tecnologia permite ainda agregar informações no formato de texto, como autor e intérprete de músicas, notícias, previsão do tempo, situação do trânsito e outros serviços.


Os novos aparelhos de rádio digital, que em breve estarão à venda, têm um visor no qual se poderá acompanhar imagens de eventos, tornando o rádio definitivamente multimídia. Rádio, TV e internet – convergência é isso aí. E o radiojornalismo ganhará muito com a novidade.


Este é um dos destaques de nossa edição online. Preparem-se, ouvintes.


Rio desconhecido


Parafraseando o samba de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, o Rio não conhece o Rio. Certamente o Rio oficial e o Rio jornalístico não conhecem direito a cidade. Na quinta-feira passada, o Globo publicou reportagem em que apontava o crescimento vertical irregular da favela da Rocinha. Dizia que os prédios já chegam a sete andares. Hoje, o jornal constata que existe um prédio de onze andares na Rocinha. Fica numa encosta, e a quem passa da rua mais próxima dá a impressão de ter três andares. A Prefeitura também não sabia de nada. E la nave và.