O leitor é quem decide
A imprensa recebeu bem o discurso proferido pelo presidente da República diante de 300 executivos brasileiros e estrangeiros de empresas de comunicação, na abertura da Semana da Academia Internacional de Televisão, no Rio de Janeiro.
Até mesmo as queixas do presidente, reclamando daqueles que, na sua opinião, ‘desprezam os fatos’ ou ‘se excedem’, ficaram diluídas na constatação, alardeada pelo presidente, de que o Brasil alcança seus melhores indicadores sociais e econômicos em plena vigência da liberdade de imprensa.
O clima de festa parece ter marcado um momento de convergência entre o presidente e as empresas de mídia, depois de quase seis anos de convivência conflituosa.
Lula admitiu que, sem a imprensa livre, jamais teria chegado à Presidência da República, mas não deixou escapar a oportunidade para registrar que em muitas ocasiões o noticiário se transformou em campanha política contra o seu governo.
Os jornais agasalharam as críticas, mas não deixam de marcar sua posição.
De certa forma, tanto o governo quando a imprensa sabem que, no fim das contas, como disse o presidente da República, os leitores, a audiência, são capazes de separar o joio do trigo, a informação da desinformação, a notícia da campanha, a verdade da eventual manipulação.
Essa a questão essencial, quando se trata de observar a imprensa: acreditar na inteligência do leitor, do ouvinte, do telespectador, do internauta.
No dizer de Lula, quem não os trata com respeito e não demonstra consideração por sua inteligência, termina por perder credibilidade.
Pode-se dizer o mesmo a respeito dos governantes.
O encontro dos executivos da mídia termina hoje, mas a frase que deve marcar o evento é aquela que sintetiza a relação entre os meios de comunicação e o presidente Lula, que passou praticamente metade do seu duplo mandato administrando crises com a imprensa: não há melhor remédio contra eventuais excessos cometidos por qualquer órgão de imprensa do que mais liberdade de imprensa.
Que nenhum dos dois lados jamais esqueça essa verdade, para o bem da nossa democracia.
O futuro é hoje
A surpreendente empresa de tecnologia e mídia Google completou dez anos no domingo passado, 7 de setembro, sem que a imprensa tenha chegado a um consenso sobre o que realmente ela é: uma plataforma de relacionamento e busca, uma ferramenta de classificação de dados ou tudo isso e uma nova forma de comunicação ainda em fase de transição.
Considerada a empresa mais inovadora do mundo, com um valor de mercado calculado em mais de 66 bilhões de dólares, o Google deve estar preparando novas surpresas para o público e os concorrentes: na semana passada, seus executivos receberam a visita do coordenador do sistema global de relatórios de sustentabilidade, Ernst Ligteringen.
É bem possível que a gigante da tecnologia esteja se preparando para crescer também no ramo das comunicações corporativas.
Enquanto isso, o mundo ainda convive com uma enorme variedade de meios de comunicação, cada uma lutando para sobreviver e garantir seu nicho de mercado.
E os especialistas se colocam em posição de meros observadores, evitando especular sobre o que vem por aí.
Mas uma coisa parece certa: o futuro passa pela internet.
Mesmo que a imprensa tradicional e algumas instituições, como os poderes públicos, ainda estejam longe de entender como isso funciona.
Alberto Dines:
– Se o jornalismo do futuro está na Internet por que razão o TSE restringe a cobertura eleitoral dos portais de notícias? Onde está o princípio da isonomia? Para entender o que se passa na esfera virtual veja o ‘Observatório da Imprensa’ hoje, à meia-noite e dez na TV-Cultura e ao vivo, às 22:40 pela TV-Brasil.