Denúncia contra Bastos
Os jornais cumprem com extraordinária persistência a tarefa de publicar denúncias de irregularidades nos centros de poder. Hoje a Folha destaca notícia de que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, recebeu de um cliente, em 1993, remuneração numa conta fora do Brasil, objeto de inquérito aberto em 2003 e arquivado em 2004 pela Polícia Federal.
Na fila do lanche
Os jornais noticiam que a claque da convenção do PSDB em Belo Horizonte foi trazida de ônibus com direito a lanche. Até aí, só a rotina atual da vida partidária brasileira. A Folha ouviu 20 pessoas numa fila para comer feijão tropeiro. Nenhuma sabia quem é Geraldo Alckmin. É um retrato. Não da campanha, que nem começou. Mas da vida partidária brasileira.
Torcer sem distorcer
Alberto Dines mostra que a Copa do Mundo é sobretudo um fenômeno de mídia que invade todos os espaços de preocupação nacional.
Dines:
– Não adianta fingir, o Mundial domina todas as atenções e sobrepõe-se a todos os assuntos. E a tendência é de aquecimento, a menos que a nossa seleção antecipe o seu regresso. Mas falar hoje na Copa do Mundo significa obrigatoriamente falar na cobertura da Copa do Mundo. A Copa é a mídia, sem a mídia a Copa seria uma sucessão de jogos nem sempre os mais animados. O resultado no placar às vezes importa menos do que aquilo que rolou na imprensa antes do jogo ou depois do jogo. O duelo Ronaldo-Lula aconteceu porque o Fenômeno estava engasgado com a insistência da mídia a respeito do seu peso. O presidente Lula absteve-se de dar o troco porque a mídia poderia colocá-lo contra os jogadores e, neste momento, se existe algo intocável neste país, não é a Constituição, é a Seleção. O remédio é torcer e esperar. Torcer mas não distorcer, como recomendou Juca Kfouri ainda na semana passada. O que nos leva novamente à questão do ovo e da galinha: o que é que importa, a Copa ou a cobertura da Copa ?
Paraíso racial
A questão das cotas para negros não foi até agora debatida de modo sistemático na imprensa. Predominam opiniões contrárias à política de ações afirmativas traduzida no projeto de Estatuto da Igualdade Racial.
Hoje, na Folha, o ex-ministro João Sayad elimina um problema multissecular quando escreve: “Se batizarmos os brasileiros de pretos ou brancos vamos usar cores que não existem para solucionar um problema imaginário em um país em que não faltam problemas reais”.
O professor Sayad é contra a política de cotas. Isso dá para depreender de seu texto. Difícil é reconhecer o país em que ele vive.
Estudantes invisíveis
A jornalista Solange Monteiro, que está na capital do Chile, diz que a mídia é insensível às reivindicações estudantis naquele país.
Solange:
– Apesar de reconhecer o momento emblemático vivido pelo movimento estudantil aqui no Chile, os dois principais jornais do país, o El Mercurio e La Tercera, se detêm exatamente quando vão tratar da revisão da Lei Orgânica Constitucional do Ensino (Loce), editada pelo Pinochet às vésperas de sair. Desde 1999 existem projetos de lei para reformar essa lei, e sempre a ala direita da centro-direita do país vem rechaçando a possibilidade de fazer essa modificação. Dentro desse debate, quando chega a hora de falar na revisão da lei eles sempre colocam nos seus editoriais, e antes mesmo da própria presidente Bachelet abrir para o debate, um debate que pode hoje muito mais facilmente resultar numa revisão dessa lei, eles mesmos estão defendendo que não existe a necessidade de fazer a reforma, porque quando se fala de qualidade e da possibilidade de melhorar a educação, não seria necessário mexer na Loce, [como é] chamada aqui.
Clique aqui para ler texto de Solange Monteiro.
Finanças do PCC
Trinta dias depois da ofensiva criminosa em São Paulo, a sociedade não tem informações para debater a política de segurança. Nem se sabe exatamente quem morreu, e como. Mas sabe-se que o PCC dispõe de uma quota dos roubos a banco e dos roubos de carga em diferentes pontos do país, o que é mau presságio.
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