Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A hora e a vez dos blogs
>>A quem interessa?

A hora e a vez dos blogs


Como nunca antes na história deste País, esta quarta-feira ficará marcada como o dia da primeira entrevista coletiva de um presidente da República exclusivamente para autores de blogs.


Marcado para iniciar-se às 9h00, e com transmissão ao vivo pelo Blog do Planalto, o evento foi organizado por um grupo de jornalistas independentes que atuam na internet.


Mais de uma dezena deles confirmou presença, mas as perguntas estariam abertas também a outros participantes.


A iniciativa nasceu no 1o. Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em agosto em São Paulo. Na ocasião, tratava-se de marcar a posição de jornalistas desvinculados da imprensa tradicional contra o que consideravam manipulações da campanha eleitoral e distorções no noticiário sobre o governo federal.


No entanto, entre os inscritos encontram-se profissionais que se destacam como críticos do partido governista em seus Estados, como o acreano Altino Machado, cujo Blog da Amazônia está também hospedado no portal Terra.


A chamada grande mídia deu pouca importância ao acontecimento, noticiado apenas em alguns blogs vinculados a jornais.


Mas certamente suas editorias de política estarão atentas para reproduzir as respostas do presidente da República.


A escolha dos entrevistadores contemplou a diversidade regional do País e cria a oportunidade para a observação de como funcionaria em conjunto uma imprensa desvinculada das grandes empresas de comunicação.


Além disso, trata-se também de uma oportunidade para observar se os jornalistas que não fazem oposição sistemática ao governo são necessariamente “chapas-brancas”.


Anunciada pelos organizadores como uma “celebração da diversidade informativa”, a primeira entrevista de um presidente brasileiro exclusivamente para jornalistas da internet pode marcar o início de uma prática que pode vir a ser adotada pelos assessores de comunicação do Planalto.


O evento pode também contribuir para os debates sobre democratização da informação, mas corre o risco de produzir frustrações.


De qualquer modo, espera-se dos leitores algo mais do que a repetição dos bate-boca de sempre que costumam rechear as áreas de comentários dos blogs.


No novo jornalismo interativo, a qualidade da participação dos leitores é fundamental.


A quem interessa?


Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:


O Ministério da Justiça abriu na semana passada uma consulta pública sobre a política de classificação indicativa de conteúdos de televisão, cinema e jogos eletrônicos. O processo de discussão se dará apenas pela internet e deverá durar até o próximo dia 18 de dezembro. A partir daí, o intuito do ministério é consolidar as sugestões recebidas para, com elas, editar, ainda este ano, uma nova portaria para regular a questão.


Não custa recordar que a discussão em torno da portaria ora em vigor, editada em julho de 2007, foi bombardeada pela mídia tradicional, em especial as emissoras de televisão, que à época chegaram a veicular anúncios, estrelados por atores conhecidos, cujo mote era a acusação de que a classificação indicativa significava censura. Ou seja, este filme não é exatamente novo e repete-se agora no debate sobre a regulamentação da mídia no ambiente de convergência digital.


Com a portaria finalmente aprovada, viu-se que o diabo não era tão feio quanto as emissoras pintavam. Mal ou bem, tem-se hoje alguma informação para os pais e responsáveis sobre o conteúdo a ser apresentado na TV, antes de sua exibição para as crianças e jovens da família. Até onde a boa fé alcança, isso não é censura.


Ainda assim, o Ministério da Justiça decidiu rever as diretrizes dessa área.


Especialistas em educação e mídia, como o professor Marcus Tavares, argumentam que os maiores interessados nessa nova discussão dos critérios de classificação são exatamente as emissoras de TV, preocupadas com a readequação dos horários e das faixas etárias para, assim, aumentar suas receitas.


Outro ponto a assinalar é a diferença entre os dois processos de discussão – o de agora e o de três anos atrás. Para se chegar à portaria de 2007, além dos debates pela internet o Ministério da Justiça promoveu audiências públicas em diversos estados. Agora, a discussão se dará apenas pela internet, por trinta dias e estamos conversados. A quem poderá interessar tamanha afobação?