Em certo momento do documentário Super Size Me – A dieta do palhaço – fala-se da sabedoria de um empresário americano, algo como: ‘Cuide de seu cliente quando criança e o manterá para o resto da vida’. É nesse sentido que as grandes multinacionais de alimentação McDonald’s e Coca-Cola trabalham, uma oferecendo brinquedos com seus lanches e a outra criando embalagens infantis para seus produtos. Pode-se criticar os americanos em vários assuntos, exceto em sua capacidade de empreender um negócio.
Nesse ramo, nós brasileiros, ainda estamos engatinhando. Um exemplo claro disso é o descaso com que a imprensa brasileira trata a greve dos professores da rede pública municipal de São Paulo. Em plena semana do início da greve, um jornalista ‘especialista em educação’ da Folha de S. Paulo solta a pérola: ‘Por que São Paulo não seduziu Serra’, ‘rasgando’ elogios ao ex-prefeito e minimizando sua traição aos eleitores – José Serra e seu secretário de Educação, José A. Pinotti, deixaram seus cargos três dias após o início da greve na esperança de conseguirem ocupações mais nobres; o prefeito, nesse caso, deu de ombros ao compromisso público de que cumpriria todo o mandato.
Para o Brasil pensar
Se nossa imprensa fosse um pouco menos míope e mais sábia, zelaria pela educação do brasileiro com mais veemência e trataria o tema com o valor que ele merece; afinal, o ‘negócio’ imprensa ganharia muito com um número maior de leitores: um jornal não pode ser considerado grande estando num país de mais de 180 milhões de pessoas tendo tiragem de 400 mil exemplares num domingo.
Apesar de concordar com o jornalista ‘especialista em educação’ que, duas semanas depois do início da greve, escreve que um professor não pode ganhar menos do que uma doméstica, continuo discordando da posição do jornal. Que trata o tema na editoria Cotidiano – não o prioriza. Educação é tema para o Brasil pensar. Educação é tema da seção Nacional.
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Professor das redes públicas municipal e estadual de São Paulo