Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

>>Cadê os outros?
>>O tom certo da notícia

Cadê os outros?


Os principais jornais brasileiros de circulação nacional oscilam nesta terça-feira entre os sinais de recuperação da economia, a abertura de novo processo criminal contra o banqueiro Daniel Dantas e seus associados e assuntos regionais e internacionais variados.


Apenas o Globo se concentra em manchetes mais chamativas: continua investindo na constatação de que o governo federal mantinha a extinta CPMF nos pagamentos de seus contratos e segue dando repercussão a denúncias de irregularidades contra a Petrobras.


Pela primeira vez em muitas semanas, o presidente do Senado, José Sarney, deixa a incômoda exibição na primeira página dos grandes jornais e vê as manchetes ocupadas com outros temas.


No entanto, a seção de política do Estado de S.Paulo conseguiu uma cópia do relatório final da comissão que analisou os efeitos jurídicos dos 663 atos administrativos secretos que são o verdadeiro inferno astral de Sarney.


Desse total, pelo menos 82 medidas não publicadas serviram para conceder gratificações a servidores efetivos, 38 foram usadas para criar ou prorrogar comissões, que também rendiam gratificações aos nomeados, além de 218 atos de nomeações para cargos de confiança e 115 exonerações.


A notícia sobre o banqueiro Daniel Dantas trata da rotina: o banqueiro, que já foi condenado a dez anos de prisão por tentativa de suborno e espera julgamento de recurso em liberdade, vai ser processado agora por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta de instituição financeira e formação de quadrilha.


Nos detalhes sobre os crimes atribuidos a Dantas, nenhuma novidade nos jornais que já não tenha sido antecipada e destrinchada pela revista Carta Capital.


Sempre dispostos a reproduzir denúncias das revistas Veja e Época, os jornais nunca deram o devido crédito à Carta.


Uma boa olhada na coleção da revista, que certamente está disponível nos arquivos das principais redações, ajudaria os leitores dos jornais a entender melhor os fundamentos do novo processo contra Daniel Dantas.


Outra coisa que o leitor atento deve estar observando é a insistência da imprensa em centralizar as acusações sobre os escândalos no Senado sobre o presidente da Casa.


Pelo que já foi publicado, principalmente pelo Estadão, sobram indídios de irregularidades sobre a cabeça de José Sarney, mas sabe-se que boa parte da responsabilidade pela administração do Senado se concentra no gabinete do primeiro-Secretário.


Por que será que nenhum dos senadores que ocupou a primeira-Secretaria nos dez anos de atos secretos jamais foi escrachado na primeira página dos jornais? 


O tom certo da notícia


Qual é o limite do alarmismo? Como escolher o vocabulário correto para dar notícias graves a cada público específico, a cada faixa etária da população?


Essas questões costumam ser tratadas à exaustão em todas as escolas de jornalismo, assim como temas controversos como a notícia de um suicídio.


A imprensa brasileira já foi acusada de provocar mais alarme do que informação, no caso das revelações de cientistas sobre o aquecimento global, antecipou e obscureceu o noticiário sobre a crise financeira internacional deflagrada no final de 2008, e tem apresentado comportamento dúbio diante das sucessivas ameaças à saúde pública, como nos casos da dengue, da febre amarela e da gripe provocada pelo vírus H1N1.


Alberto Dines:


– Diante da pandemia da gripe suína deve a mídia ser alarmista ou, ao contrário, assumir uma atitude tranqüilizadora? Com base nos acontecimentos na Argentina em que as autoridades procuraram esconder a real situação sanitária, parece que uma população devidamente informada e conscientizada estaria em melhores condições para enfrentar as ameaças do surto. Mas quem pode esclarecer esta questão é o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que será entrevistado na edição de hoje do “Observatório da Imprensa”. Às 22:40, ao vivo em rede nacional. Em S.Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TVA.