Um erro de apuração no jornalismo pode provocar estragos que o jornalista sequer imagina. Erros que o autor da matéria até considera ‘bobos’ ou ‘inofensivos’, mas que serão recebidos pelos leitores de determinada forma que poderão, sim, provocar danos ou contribuir para a desinformação.
O fato é que a apuração jornalística é parte íntima e necessária da técnica jornalística. Jornalista tem que saber apurar corretamente, e ponto. A apuração correta se relaciona a todos os detalhes do texto: ao nome da fonte escrito de forma adequada, aos fatos narrados acertadamente, aos porquês devidamente explicados… E esse preceito está relacionado a qualquer matéria: do buraco de rua à queda do avião, da denúncia contra o governador ao Boletim de Ocorrência de um cidadão desconhecido da periferia.
Como o lixeiro
Erros de apuração estão relacionados também a falhas éticas. Afinal, erros de apuração podem colocar as pessoas citadas na matéria em maus lençóis. O jornalista ‘confunde’ uma informação médica e a fonte da área de medicina será ridicularizada em seu emprego, porque sempre ficará a dúvida: quem errou? O jornalista acredita que roubo e furto são sinônimos e, sem imaginar, calunia alguém. E assim por diante…
Erro de apuração, em síntese, é como o médico que não sabe usar o bisturi ou o engenheiro que não calcula direito a quantidade de tijolos. O jornalista precisa, às vezes, se colocar no lugar de quem é fonte ou alvo de matérias. Trinta linhas, no pé de uma página preto e branco, interna, podem acabar com a reputação de qualquer um.
É como o lixeiro que – correndo atrás do caminhão de lixo – deixa, sem querer, cair um saco com restos de peixe, bem em frente à sua casa. Na correria, ele sequer viu o deslize. Não viu os efeitos do lixo no chão. Não viu o cachorro de estimação de sua casa rolar no lixo e, depois, ser abraçado pelo filho. É como o erro de apuração… O jornalista joga para a sociedade e nem imagina o mal que fez.
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Jornalista e advogado em Cuiabá (www.expressoeshumanas.com.br)